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Coluna da Mariana Varella

Por que a ducha vaginal não é recomendada por médicos?

close em pernas de mulher de pé na banheira, com ducha vaginal no chão
Publicado em 29/05/2025
Revisado em 29/05/2025

O uso de ducha vaginal não é recomendado por especialistas, e pode ser nocivo para a saúde íntima. Veja como manter a limpeza da vagina e da vulva na coluna de Mariana Varella.

 

O odor vaginal ainda é um problema para muitas mulheres. Não porque o cheiro natural da vulva e da vagina seja desagradável, mas porque, ao contrário dos homens, as mulheres foram ensinadas a envergonhar-se de tudo que seja relacionado à região íntima.

Para disfarçar o odor vaginal, a indústria de beleza lançou uma série de produtos, como cremes, desodorantes e perfumes íntimos, sempre com a desculpa de que o cheiro natural é algo relacionado à má-higiene e que, portanto, deve ser combatido.

Veja também: Ardência e irritação na vulva e na vagina: o que fazer?

Outra solução apresentada como aliada da higiene íntima é a ducha vaginal, também chamada de ducha higiênica ginecológica, uma solução que deve ser introduzida no canal vaginal através de uma cânula acoplada a uma bomba de sucção. Em geral, a solução é preparada em casa, com água ou água e sabão, mas também há produtos antissépticos vendidos com este fim.

A maioria das mulheres que utiliza esses produtos acredita estar colaborando com a higiene íntima e com a prevenção de infecções, em especial durante o período menstrual ou depois das relações sexuais. No entanto, o uso da ducha íntima pode ser nocivo à saúde.

 

Os riscos da ducha vaginal

De acordo com o Colégio de Obstetras e Ginecologistas dos Estados Unidos (ACOG, sigla em inglês), as duchas íntimas não são recomendadas, pois alteram o microbioma vaginal, formado por microrganismos como bactérias e fungos que são benéficos à saúde íntima.

Ao remover artificialmente parte do microbioma vaginal, pode ocorrer a proliferação nociva de bactérias que já existem na vagina, mas cujo crescimento excessivo é controlado pela presença de outros microrganismos. Nesse caso, há risco de desenvolver vaginose bacteriana, que provoca corrimento e odor fétido.

A mesma situação pode acontecer com fungos como a Candida albicans: eles estão naturalmente presentes no organismo, mas em quantidade moderada, que não causa problemas à saúde. Ao realizar a ducha íntima, o desequilíbrio no microbioma pode tornar o ambiente vaginal propício à sua proliferação, causando uma infecção – a candidíase.

 

E a água?

Algumas mulheres utilizam água para realizar a ducha vaginal, mas isso tampouco é recomendado, pois também pode alterar o microbioma e o pH vaginais, favorecendo o surgimento de infecções.

Veja também: Quando o corrimento vaginal pode indicar alguma doença

Os ginecologistas explicam que o canal vaginal é autolimpante, por isso não há a necessidade de utilizar nenhum produto em seu interior.

 

Mas nem depois da relação sexual?

Depois do sexo, a principal recomendação para as mulheres é urinar. “A mulher tem uma uretra menor, e durante o ato sexual as bactérias da região anal, que são muito próximas, podem entrar na bexiga. Só que para causar uma infecção urinária, ela precisa aderir às paredes da bexiga, então, se a mulher urina logo após a relação, isso não permite que as bactérias se fixem na parede, e assim evita a infecção urinária”, explicou a ginecologista e obstetra Carolina Ambrogini, em entrevista ao Portal.

E lembre que ao contrário do que muita gente pensa, lavar o canal vaginal não impede a gravidez.

Se você sentir a necessidade de limpar a parte externa da região íntima para remover secreções após a relação sexual, utilize água e sabão, apenas.

 

Limpeza da vulva sem ducha vaginal

Se limpar o canal vaginal não é recomendado, por outro lado é importante manter a higiene da vulva, a parte externa da região íntima.

Para isso, bastam água e sabão, de preferência neutro e sem perfume, para evitar reações alérgicas na região, que é sensível. Para lavar a área, use as mãos para manipular com delicadeza os grandes e pequenos lábios, o clitóris e a uretra. Depois, enxugue com uma toalha limpa e macia.

Evite utilizar produtos na região íntima, como talcos, perfumes e lenços umedecidos para disfarçar o cheiro da região. O odor natural, quando não há a presença de infecções, não é desagradável, portanto não há necessidade de disfarçá-lo com produtos que podem provocar irritação.

Na vagina, a parte interna da região íntima, você já sabe: não é necessário nem recomendado inserir água ou outras soluções em seu interior.

 

Recomendações

Diana Vanni, ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, listou uma série de recomendações para uma boa higiene íntima, em entrevista ao Portal:

 

  • Evite duchas vaginais;
  • Não utilize perfumes na vulva, a parte externa visível da vagina;
  • Evite roupas justas e de material sintético;
  • Procure não usar calcinhas estilo fio dental, pois elas promovem um contato quase direto entre a região anal e genital, facilitando a proliferação de bactérias;
  • Acostume-se a dormir sem calcinha, pois a vagina precisa “respirar”;
  • Não utilize sabonetes comuns, que têm pH diferente, para limpar a região genital. Opte por sabonetes íntimos;
  • Mulheres que usam algum dispositivo intrauterino, como DIU, têm mais risco de apresentar vaginose, fique atenta.

 

*Com informações do Portal Drauzio, ACOG e Cleveland Clinic.

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