Principais dúvidas sobre herpes labial, genital e zóster

Herpes labial, genital, zóster… quais as semelhanças e diferenças entre os principais tipos de herpes? Leia na coluna de Mariana Varella.

O herpes é uma das infecções virais mais comuns no mundo. Mesmo assim, muita gente tem dúvidas acerca das formas de transmissão do vírus e de suas manifestações.

Vejamos algumas das perguntas mais frequentes sobre o tema.

Herpes labial e genital

1. O que causa o herpes?

As lesões do herpes labial e genital são causadas pelo vírus Herpes simplex virus (HSV). A infecção viral é uma das mais frequentes no mundo.

2. O vírus que causa herpes labial é o mesmo que provoca o herpes genital?

Em geral, não. Existem dois tipos de HSV, a saber:

HSV-1: É responsável por causar lesões dolorosas dentro ou ao redor da boca e nos lábios. O vírus também pode provocar lesões na pele, no olho em outros locais, como na região genital, embora com menos frequência.

HSV-2: Responsável pela maioria dos casos de herpes genital.

3. Como se pega o HSV-1?

A transmissão do HSV-1 se dá por via oral, por meio do contato com as lesões ou com a saliva da pessoa com o vírus.

A OMS estima que cerca de 67% da população mundial abaixo dos 50 anos tenha o vírus.

Menos comumente, o HSV-1 pode ser transmitido pelo sexo oral, através do contato da saliva da pessoa com o vírus com a área genital do indivíduo sem o vírus.

Veja também: Estomatite herpética

4. Como se contrai o HSV-2?

O HSV-2 é responsável por provocar lesões na área genital e sua via de transmissão é sexual.Assim, o herpes genital é considerado uma infecção sexualmente transmissível (IST).

O vírus pode ser transmitido mesmo na ausência de lesões, portanto é importante usar preservativo, que não impede totalmente a transmissão, já que a camisinha não evita o contato entre a pele dos parceiros e parceiras, mas reduz muito o risco.

As lesões genitais provocadas pelo HSV-2 costumam causar bastante dor e incômodo nos pacientes, além de ser uma infecção cercada de estigma e preconceito.

 A OMS estima que 13% das pessoas entre 15 e 49 anos no mundo tenham o vírus.

5. O herpes tem cura?

Não. O vírus se aloja nas células nervosas e pode permanecer inativo por muito tempo. Geralmente, alguns fatores desencadeiam a manifestação do vírus, como infecções causadas por outros agentes, febre, exposição ao sol, ferimentos, entre outros.

6. Se eu peguei herpes, vou ter o vírus para sempre?

Sim. O vírus fica latente e pode causar manifestações de tempos em tempos. É importante lembrar que quem tem o HSV-1 não fica protegido contra o HSV-2 e vice-versa.

7. Já tive lesões de herpes, isso significa que terei outras?

Não necessariamente. Algumas pessoas não manifestam sintomas ou apresentam sintomas apenas uma vez. No entanto, outras pessoas têm manifestações recorrentes, que em geral costumam ser menos intensas e mais curtas que a primeira manifestação.

8. Quais os sintomas do herpes?

A maioria das pessoas com ambos os tipos de vírus não desenvolve sintomas ou apresenta apenas sintomas leves, o que torna a transmissão mais frequente, pois as pessoas podem não saber que têm o vírus. Em outras, as lesões podem surgir de tempos em tempos em forma de bolhas ou úlceras dolorosas, com secreção e crostas, às vezes acompanhadas de febre e aumento dos linfonodos (gânglios). 

Antes do surgimento das lesões, é comum que os pacientes relatem formigamento, coceira ou queimação no local onde as feridas aparecerão.

9. Se eu tenho o HSV-1 posso pegar o HSV-2 e vice-versa?

Sim. A infecção por um dos tipos do Herpes simples virus não confere imunidade contra o outro tipo. 

10. Existe tratamento para o herpes?

Sim. Os medicamentos disponíveis não curam a infecção, mas tornam os sintomas menos intensos e o tempo de infecção mais curto.

Os remédios mais usados são os antivirais aciclovir, famciclovir e valaciclovir, e em geral são receitados para pessoas que têm sintomas intensos ou prolongados e episódios recorrentes de manifestações das lesões.

11. Existe relação entre herpes genital e HIV?

A infecção pelo HSV-2 triplica o risco de HIV, e também é uma das infecções mais comuns em pessoas que vivem com HIV. Isso, no entanto, não significa afirmar que todas as pessoas com herpes genital tenham HIV.

Pessoas com aids, que não estejam em tratamento para o vírus, podem desenvolver quadros de herpes mais graves.

12. Como prevenir a infecção pelo HSV-1 e pelo HSV-2?

Evite compartilhar objetos que contenham saliva, como canudos, copos e talheres, mesmo que as pessoas não tenham lesões.

Se apresentar lesão oral, não deixe outras pessoas tocarem as feridas e não compartilhe objetos que contenham saliva.

No caso do herpes genital, não tenha relação sexual se apresentar lesões e use sempre preservativo. Converse com seu parceiro ou parceira, caso já tenha recebido o diagnóstico de herpes.

Se estiver grávida e tiver herpes, converse com seu médico, pois lesões ativas contêm grandes quantidades de vírus que podem ser transmitidos para o bebê na hora do parto.

Herpes-zóster

13. O herpes-zóster é causado pelos mesmos vírus que provocam lesões orais e genitais?

Não. O herpes-zóster é causado pelo vírus varicela-zóster, o mesmo que provoca a varicela (catapora). Depois de causar catapora, o vírus fica “adormecido” durante toda a vida da pessoa, podendo ser reativado na fase adulta ou em pessoas com baixa imunidade.

14. Posso pegar herpes-zóster?

Embora seja causado pelo mesmo vírus que a varicela, o herpes-zóster não é transmitido de pessoa para pessoa por via respiratória. Como no herpes-zóster a lesão é localizada, não há transmissão respiratória, mas a doença pode ser transmitida através do contato, porque o vírus está ativo dentro das lesões vesiculares.

15. As lesões são iguais as do herpes genital e labial?

Como o vírus segue a raiz nervosa, as lesões podem aparecer em qualquer lugar do corpo, mas sempre em apenas um dos lado, ou seja, sem ultrapassar a linha média que divide o corpo em duas partes: o lado direito e a lado esquerdo.

16. Quais os principais sintomas do herpes-zóster?

Os primeiros sintomas são um pouco de formigamento e dor no lugar onde vão aparecer as lesões e, em alguns casos, febre baixa no primeiro dia. Depois, começa a aparecer vermelhidão no local afetado e só então eclodem as bolinhas com água, ou seja, as vesículas contendo o vírus.

Veja também: Principais sequelas do herpes-zóster

17. Há tratamento para o herpes-zóster?

O tratamento pode ser feito com os mesmos antivirais usados para tratar o HSV-1 e o HSV-2.  Como o herpes-zóster caminha por um nervo responsável pelas sensações da região onde se situa, sua inflamação pode provocar uma dor intensa chamada nevralgia exatamente no local em que a lesão apareceu.

18. Há vacina?

Sim. A vacina é recomendada para adultos acima dos 50 anos e pessoas imunocomprometidas com mais de 18 anos. Deve ser aplicada em duas doses. A vacina não está disponível no SUS e sai em torno de R$ 800 cada dose na rede privada.

A vacina contra a varicela é oferecida pelo SUS em duas doses, aos 15 meses e aos 4 anos.