Nova vacina contra a dengue

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Publicado em: 29 de junho de 2023

Revisado em: 30 de janeiro de 2024

A nova vacina contra a dengue, a Qdenga, é a primeira a ser lançada para ser aplicada tanto em quem já teve dengue quanto em quem nunca tenha manifestado a doença. Leia na coluna de Mariana Varella. 

 

A partir de julho, a nova vacina contra a dengue, que foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março, passará a ser aplicada no Brasil. O imunizante é o primeiro a ser recomendado para quem nunca teve a doença.*

De acordo com a agência reguladora, a vacina, que se chama Qdenga e é produzida com vírus atenuado, é indicada para pessoas de 4 a 60 anos de idade, e pode ser aplicada tanto em quem já teve dengue quanto em quem nunca tenha manifestado a doença. 

Veja também: Como a dengue foi de doença erradicada para endêmica no Brasil

Ela protege contra os quatro sorotipos diferentes da dengue, mas o imunizante é composto apenas do sorotipo 2 do vírus. A tecnologia usada é a do DNA recombinante. No caso, são usados os sorotipos 1, 3 e 4 para modificar o sorotipo 2 geneticamente, assim a vacina protege contra todos os sorotipos.

 A vacina estará disponível em duas doses, que devem ser tomadas com intervalo de três meses entre as aplicações. Cada dose da Qdenga, que é produzida pelo laboratório japonês Takeda Pharma, deve custar em torno de 300 a 400 reais na rede privada de saúde.

Por enquanto, a vacina estará disponível apenas nas clínicas privadas. Ainda não se sabe quando ela será oferecida no SUS. Essa liberação depende da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), que assessora o Ministério da Saúde e aprova os medicamentos que são incorporados na rede pública.

 

Eficácia da Qdenga, a nova vacina contra a dengue

Os resultados de eficácia da vacina contra todos os sorotipos de dengue são animadores: nos estudos clínicos, a vacina preveniu 80,2% dos casos sintomáticos causada por qualquer sorotipo após 12 meses da segunda dose e reduziu as hospitalizações em 90%.

A outra vacina ofertada no país, a Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi, só pode ser aplicada em pessoas de 9 a 45 anos que já tenham entrado em contato com um dos sorotipos do vírus. Ela é oferecida em um esquema de três injeções subcutâneas que devem ser tomadas com intervalo de 6 meses.

Essa vacina também só está disponível na rede privada de saúde.

A notícia da aprovação da Qdenga vem em um momento em que o Brasil apresenta altas taxas de dengue, em especial nos períodos chuvosos do ano. Apenas em 2022, o país registrou 1016 mortes. Até maio deste ano, houve mais de 1 milhão de casos confirmados, com mais de 500 mortes.

Sabemos que boa parte da população não tem dinheiro para custear a vacina. De toda forma, é importante que ela comece a ser aplicada na população brasileira e que seja incorporada ao SUS.

O Instituto Butantan, em São Paulo, também trabalha no desenvolvimento de uma vacina contra a doença. “A vacina do Butantan está finalizando a fase 3 de ensaios clínicos. Como esta fase atinge uma população bastante grande, é uma fase um pouco demorada porque ela vai praticamente finalizar o estudo, determinando o número de doses, se precisa de reforço ou não precisa, porque analisa principalmente a eficácia, que a gente chama, ou seja, essa vacina é capaz de proteger contra todos os tipos de vírus dengue?”, explicou a dra. Neuza Frazzati Gallina, gerente de desenvolvimento de processos do Centro de Inovação do Instituto Butantan, em entrevista ao Portal.

 

Enfrentamento da dengue

O vírus da dengue é transmitido pela picada da fêmea do Aedes aegypti, um mosquito diurno que se multiplica em depósitos de água parada acumulada nos terrenos, quintais e dentro das casas. Existem quatro tipos diferentes desse vírus: os sorotipos 1, 2, 3 e 4. Todos podem causar as diferentes formas da doença.

É importante lembrar como se prevenir da dengue: não jogue lixo em terrenos baldios e evite deixar água parada em locais como caixas d’água e piscinas, que devem ser cobertas, e em objetos menores, como vasos de plantas, pneus e garrafas.

De nada adiantam, contudo, essas medidas individuais se autoridades não cuidam dos espaços públicos das cidades. A falta de manutenção de terrenos públicos, de coleta adequada de lixo, de saneamento básico, entre outras, colaboram para a proliferação do mosquito.

Os sintomas da dengue incluem febre alta (acima de 38,5°C), de início repentino; mal-estar; dor no corpo e articulações; dor atrás dos olhos; dor de cabeça; e manchas vermelhas no corpo. Procure um serviço de saúde na presença de sintomas da doença.

Atualização em 30/1/24: A partir de fevereiro de 2024, a Qdenga passará a ser ofertada gratuitamente pelo SUS para crianças e adolescentes de 10 a 14, moradores de áreas endêmicas.

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