Retirada de silicone: quando o explante é indicado?

Complicações como a doença do silicone e a contratura capsular podem exigir a retirada da prótese. Aprenda a identificar os sintomas.

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Publicado em: 31 de outubro de 2022

Revisado em: 3 de novembro de 2022

Complicações como a doença do silicone e a contratura capsular podem exigir a retirada da prótese. Aprenda a identificar os sintomas.

 

O implante de silicone é a cirurgia plástica mais realizada no mundo. São quase 50 milhões de mulheres com próteses mamárias ao redor do globo. Nos últimos anos, porém, uma tendência na direção contrária tem chamado a atenção: a dos explantes.

De acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica, em 2018, 14,6 mil mulheres retiraram o silicone. Em 2019, o número passou para 19,4 mil. Em 2020, atingiu a marca de 25 mil explantes. No Brasil, o país mais adepto de intervenções estéticas no ranking mundial, a moda também pegou.

Boa parte da procura vem de uma maior aceitação do próprio corpo. “Algumas pacientes são motivadas por questões estéticas, por não desejarem o volume mamário atual e buscarem mais naturalidade”, conta o dr. Leonardo Rodrigues, cirurgião plástico em Minas Gerais. 

Por outro lado, há também aquelas que recebem a indicação da retirada da prótese por conta de complicações após o implante.

 

Doença do silicone

A doença do silicone é uma delas. Descrita pela primeira vez em 2011, é uma condição que exige mais estudos para entendê-la completamente. “É uma patologia muito rara, autoimune, provocada pelo contato da paciente com a prótese mamária. Frente a esse corpo estranho, o organismo cria uma reação imunológica em que passa a atacar as próprias células saudáveis”, explica o dr. Leonardo.

Ela é associada à síndrome ASIA, a qual desencadeia o mesmo mecanismo de proteção quando em contato com substâncias “estranhas” ao organismo, como hormônios, antígenos, esteroides anabolizantes, toxina botulínica, preenchedores, entre outras.

A doença do silicone pode aparecer meses ou até anos depois do implante, sendo os seus principais sintomas:

  • Cansaço excessivo;
  • Dor nas articulações;
  • Confusão mental;
  • Queda cabelo;
  • Depressão;
  • Insônia;
  • Perda de memória;
  • E dificuldade de concentração.

Por serem sintomas bastante amplos, é difícil cravar o diagnóstico. “É pela exclusão. A gente procura outras causas. Se não tiver, retiramos o silicone. Em aproximadamente 60% dos casos, o quadro melhora”, destaca o cirurgião plástico. 

Por ser uma descoberta tão recente, a prevenção ainda é uma incógnita. Se a paciente já apresentar doenças autoimunes ou tiver casos da doença do silicone na família, a recomendação do especialista é não colocar a prótese.

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Contratura capsular

A rejeição à prótese, também chamada de contratura capsular, já é mais conhecida pela ciência. Ela atinge cerca de 5% das mulheres com implante há menos de 5 anos e o risco aumenta conforme o tempo com a prótese, sendo a complicação mais frequente no pós-cirúrgico.

“Toda vez que a gente coloca o silicone, forma-se uma cápsula em volta da prótese para isolar o corpo estranho do restante do organismo. Na maioria das vezes, essa cápsula é fina e maleável. Na contratura capsular, porém, a reação é exagerada e a cápsula fica dura, enrijecida, podendo causar dor na região”, detalha o dr. Leonardo.

Os sintomas vão desde dores e inchaço nas mamas até assimetria ou ondulações nos seios, podendo atingir uma ou as duas mamas. No entanto, devido aos avanços na tecnologia das próteses, elas não necessariamente precisam ser retiradas.

“A gente pode tentar uma troca de implante ou a troca do plano em que foi colocado. Se foi no plano subglandular, por exemplo, nós passamos para a submuscular”, ilustra o cirurgião plástico. Quando a paciente opta por fazer o explante da prótese, a cápsula também é retirada. 

Para evitar o quadro de contratura e possíveis infecções, é importante seguir as recomendações do pós-operatório, como:

  • Tomar os medicamentos prescritos pelo médico;
  • Utilizar o sutiã cirúrgico no tempo estipulado pelo cirurgião;
  • Respeitar o repouso indicado;
  • Evitar o uso de cigarro e a ingestão de bebidas alcoólicas no período aconselhado pelo médico.

 

Como funciona a cirurgia de explante

Se necessário, o procedimento utiliza a mesma incisão feita na colocação do implante para a remoção da prótese. A paciente recebe anestesia geral e a operação não dura mais do que 30 minutos. Quando é feita a mastopexia, cirurgia de correção da flacidez das mamas, o processo pode se estender por 3 horas. Mas, no geral, a recuperação é simples: depois de um repouso de 15 a 30 dias, a paciente pode voltar às atividades normalmente.

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