Segundo relatório da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISaps), divulgado em junho, o Brasil lidera o ranking mundial de cirurgias plásticas, com mais de 2 milhões de procedimentos realizados em 2024. Entre eles, a lipoaspiração se mantém como uma das técnicas mais procuradas, mas ainda cercada de dúvidas sobre indicações, riscos e cuidados necessários.
De maneira geral, trata-se de um procedimento que remodela o contorno corporal ao retirar depósitos de gordura localizada. Mas, como reforçam os especialistas, a lipoaspiração não deve ser confundida com um método de emagrecimento.
“A lipoaspiração é uma cirurgia plástica que remove o excesso de gordura localizada em áreas como abdômen, culote, coxas, braços e papada. Não é um tratamento para emagrecimento ou obesidade, mas sim para melhorar o contorno corporal. O procedimento é indicado para pessoas que estão próximas ou já estão no peso ideal, mas que têm depósitos de gordura resistentes à dieta e exercícios”, explica Maria Madureira Murta, cirurgiã plástica do Hospital Alvorada Moema, da Rede Américas, em São Paulo (SP).
Como escolher o médico e a clínica
Ao considerar a cirurgia, a escolha do profissional e da estrutura hospitalar é o primeiro passo para garantir a segurança. “O principal cuidado é verificar se o cirurgião é especialista em cirurgia plástica registrado no Conselho Federal de Medicina (para consultar, visite o site www.cirurgiaplastica.org.br). Também é essencial garantir que o procedimento seja realizado em hospital com estrutura adequada, equipe treinada, suporte de emergência se necessário para oferecer cuidados antes, durante e após o procedimento. O paciente deve conversar abertamente com o médico sobre expectativas, possibilidades, entender os limites da cirurgia”, orienta a dra. Maria.
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Exames e preparos necessários
Antes de entrar no centro cirúrgico, há uma etapa indispensável: a avaliação pré-operatória. “Nesse momento, o paciente deve passar por uma avaliação clínica completa. São solicitados exames de sangue, avaliação cardiológica e, quando indicado, outros exames específicos. Além disso, é fundamental suspender o cigarro pelo menos um mês antes e depois da cirurgia, já que ele aumenta o risco de complicações. Alguns medicamentos também podem precisar ser interrompidos, mas sempre sob orientação médica”, alerta a especialista.
Wandler de Pádua, cirurgião plástico no Hospital Sírio-Libanês em Brasília (DF), detalha ainda que a avaliação pré-operatória inclui:
- Exames laboratoriais completos (sangue e urina);
- Radiografia de tórax;
- Ultrassonografia da parede abdominal (para descartar hérnias);
- Avaliação cardiológica com risco cirúrgico.
Dependendo do histórico clínico, outros exames e pareceres podem ser solicitados para reduzir riscos e personalizar o preparo.
Riscos e complicações
Apesar de popular e segura quando realizada em condições adequadas, a lipoaspiração não é isenta de riscos. “Entre eles, estão sangramentos, infecções, irregularidades no contorno da pele e alterações temporárias de sensibilidade. Em casos mais graves, pode ocorrer trombose ou embolia pulmonar. Esses riscos diminuem muito quando o procedimento é feito por um cirurgião plástico e equipe qualificados, em ambiente adequado e com todos os cuidados de segurança”, afirma a dra. Maria.
O dr. Wandler complementa: “Para minimizar complicações, seguem-se protocolos rigorosos: evitar retirar mais que 5% do peso corporal em gordura, uso de meias de compressão, dispositivos massageadores de panturrilha durante a cirurgia e, em alguns casos, anticoagulantes. Essas medidas aumentam significativamente a segurança do procedimento.”
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Recuperação e pós-operatório
Após a cirurgia, alguns cuidados são fundamentais para alcançar o resultado esperado, como o uso de malha compressiva por algumas semanas para ajudar na adaptação da pele e na redução do inchaço. “Muitas vezes, é indicada a drenagem linfática manual para melhorar a recuperação. É preciso evitar esforços físicos intensos e exposição ao sol até liberação médica. Os primeiros resultados aparecem em algumas semanas, mas o resultado definitivo só pode ser avaliado após alguns meses, quando o inchaço desaparece por completo”, orienta a médica.
Segundo o dr. Wandler, o tempo de recuperação pode variar: “Os primeiros 5 a 7 dias podem ser mais desconfortáveis, mas o retorno às atividades cotidianas costuma ocorrer em curto prazo. O uso de cinta modeladora, associado à drenagem linfática, é essencial para reduzir inchaço, acelerar a cicatrização e garantir melhores resultados estéticos.