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Cardiovascular

Embolia gasosa arterial é rara, mas extremamente perigosa

desenho de bolha de ar obstruindo fluxo em artéria, ilustrando embolia pulmonar gasosa
Publicado em 05/01/2024
Revisado em 20/09/2024

A embolia pulmonar gasosa é um tipo de obstrução da artéria e é provocada pela presença de bolhas de ar nos vasos sanguíneos.

 

As artérias são vasos que levam o sangue do coração até órgãos e tecidos. Quando ocorre alguma situação que provoca a entrada de ar nesses vasos, gera algo chamado embolia gasosa arterial, que embora seja raro de acontecer, é potencialmente fatal. 

Embolia é o nome que se dá para algum tipo de obstrução da artéria. No caso da embolia gasosa, esse bloqueio é provocado pela presença de bolhas de ar. “A embolia gasosa arterial cardíaca é uma entidade rara e potencialmente fatal, que requer reconhecimento imediato e intervenção precoce”, alerta o dr. André Casarsa Marques, coordenador médico da cardiologia do Hospital Quinta D`Or, no Rio de Janeiro.

O dr. Marques chama a atenção para as complicações em decorrência da embolia gasosa arterial, que, de acordo com ele, podem ser “devastadoras”. “A demora ou falha diagnóstica pode levar à morte. Sequelas neurológicas e cardíacas podem ocorrer em casos graves”, afirma. 

 

Causas da embolia gasosa arterial

Segundo o dr. Marques, esse tipo de embolia pode ter várias causas. Ele explica que é mais comum acontecer na fase de subida do mergulho. “No mergulho autônomo, a incidência de embolia gasosa aérea pode ser de sete por 100 mil mergulhos”, cita. Estudos indicam que a embolia gasosa arterial é a principal causa de morte entre mergulhadores.  

Esse tipo de obstrução arterial também pode ocorrer após traumas na região do tórax, tanto em casos de pancadas ou quando há perfuração. Outra situação que pode gerar embolia gasosa é em procedimentos cirúrgicos, como os que usam máquina de circulação extracorpórea, que substitui a função de bombeamento do coração e respiratória dos pulmões; craniotomia (cirurgia que envolve a abertura do crânio); infusoterapia, para a administração de medicamentos usando agulha, seja endovenosa (direto na veia) ou subcutânea (no tecido abaixo da pele). 

 

Sintomas

O dr. Marques explica que os sintomas da embolia gasosa arterial podem variar de acordo com a causa e o órgão afetado inicialmente. “Frequentemente, a apresentação da embolia gasosa arterial é catastrófica, com colapso súbito, sintomas neurológicos que mimetizam [se parecem com] acidente vascular cerebral, apneia e até colapso cardiovascular”, enumera.

“A apresentação pode ser semelhante às características de uma embolia pulmonar, com queixa de falta de ar e dor torácica. Pode-se observar também insuficiência cardíaca e arritmia. Caso haja embolia arterial cerebral, sintomas neurológicos como desmaio e convulsões podem ser observadas”, complementa o dr.

        Veja também: Trombose e embolia pulmonar | Cyrillo Cavalheiro

 

Diagnóstico da embolia gasosa arterial

De acordo com o cardiologista, não existe nenhum teste de laboratório específico que possa ajudar no diagnóstico da embolia gasosa arterial. No entanto, exames de imagem, como a tomografia computadorizada, por exemplo, podem ser úteis.

“Identificar e abordar os sinais e sintomas da embolia gasosa arterial requer um alto índice clínico de suspeita e intervenção precoce. Para prevenir causas iatrogênicas [efeitos adversos] de embolias gasosas, todos os médicos devem estar cientes do risco e das causas de embolia gasosa arterial nos casos realizados”, alerta o especialista.

Na opinião do cardiologista, outros profissionais de saúde, incluindo enfermeiros que lidam com equipamentos médicos usados em procedimentos intervencionistas, devem receber formação sobre os cuidados adequados desses dispositivos para prevenir o risco de embolia gasosa arterial.

 

Tratamento

Quando esse tipo de obstrução arterial é detectada, é essencial manter o pulso e a pressão sanguínea estáveis, eliminar a fonte de ar e diminuir o tamanho da bolha de ar na artéria. “A prioridade para qualquer paciente instável com embolia gasosa arterial deve ser a estabilização das vias aéreas, da respiração e da circulação”, explica. 

“A próxima meta deve se concentrar na redução do tamanho e na reabsorção dos êmbolos gasosos [bolhas de ar]. Em alguns casos, o médico pode conseguir isso por meio de intervenção precoce com oxigenoterapia hiperbárica, que é o método de tratamento preferido para pacientes, quando disponível e viável. A terapia hiperbárica ajuda a reduzir o tamanho dos êmbolos aéreos, facilitando a difusão do nitrogênio dos êmbolos de volta à corrente sanguínea”, detalha o dr.

Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica (SBMH), na oxigenoterapia hiperbárica, o paciente é colocado em um equipamento fechado, tipo uma câmara, onde respira oxigênio puro e é submetido a uma pressão diferente da pressão atmosférica ao nível do mar. “Ela provoca um espetacular aumento na quantidade de oxigênio transportado pelo sangue, na ordem de 20 vezes o volume que circula em indivíduos que estão respirando ar ao nível do mar”, de acordo com a SBMH.

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