Alimentação saudável e atividade física são medidas importantes para manter o colesterol sob controle. Em alguns casos, medicamentos também podem ser necessários.
Muito se fala sobre colesterol alto e os riscos que ele pode acarretar à saúde, mas poucas pessoas entendem de fato qual a função do colesterol no organismo. O colesterol atua na produção de alguns hormônios, vitaminas e ácidos biliares, que são substâncias que auxiliam a digestão de gorduras.
No exame de sangue, geralmente vemos dois tipos de colesterol: o HDL, chamado de “colesterol bom”, e o LDL, o “colesterol ruim”. O HDL é uma lipoproteína de alta densidade que tem função protetora, pois ajuda a evitar a obstrução das artérias. Já o LDL é uma lipoproteína de baixa densidade, que em excesso pode se acumular nas paredes das artérias e aumentar o risco de problemas cardiovasculares.
“O colesterol ruim a longo prazo pode aumentar risco de doenças cardiovasculares ateroscleróticas – como infarto e AVC –, principalmente quando associado a outros fatores de risco”, explica Marcio Miname, cardiologista do Instituto do Coração (InCor/HCFMUSP).
O colesterol alto normalmente não provoca sintomas. Por isso, na maioria das vezes, apenas ao fazer um exame de sangue se descobre se os níveis estão dentro do esperado ou não.
De maneira geral, os níveis de colesterol total devem ficar abaixo de 190 mg/dL e de HDL, acima de 40 mg/dL. Os níveis adequados de LDL são definidos conforme o risco cardiovascular de cada paciente. Em pacientes com baixo risco, a recomendação é que o LDL fique abaixo de 130mg/dL. Em pacientes com maior risco, a meta pode ser menor que 100 mg/dL ou 70 mg/dL.
Fatores de risco
“O colesterol ruim pode se elevar por fatores chamados secundários – como estilo de vida, doença ou medicação – e também por causas ditas primárias ou genéticas”, afirma Cinthia Elim Jannes, cardiologista do programa Hipercol Brasil, do InCor.
Segundo o Ministério da Saúde, os fatores que podem aumentar o colesterol ruim incluem histórico familiar, alimentação inadequada, sedentarismo, tabagismo e comorbidades como diabetes, hipertensão e obesidade (que quando não tratadas podem impactar o colesterol).
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Medidas para controlar os níveis de colesterol
Em casos de alteração nos níveis de colesterol, é muito importante procurar um médico para receber uma orientação individualizada. No entanto, é sabido que um estilo de vida saudável – com alimentação equilibrada, prática de atividade física e controle de peso – contribui para o controle do colesterol.
O ideal é sempre manter uma alimentação saudável, baseada em alimentos in natura e minimamente processados – como orienta o Guia Alimentar para a População Brasileira.
Para reduzir o colesterol ruim, recomenda-se uma diminuição no consumo de gorduras saturadas (presentes em alimentos de origem animal, como carnes, vísceras, pele de frango, leite, manteiga e requeijão) e gorduras trans (presentes em alimentos industrializados, como margarinas, sorvetes, biscoitos e salgadinhos). Também é importante dar preferência a gorduras poliinsaturadas (encontradas em alimentos como peixes e óleos vegetais).
“A alimentação certamente influencia [nos níveis de colesterol]. Porém, existem outros fatores que também influenciam, e o peso de cada fator pode variar de indivíduo para indivíduo. Em relação à alimentação, o paciente deve procurar sempre seu médico e nutricionista para uma orientação individualizada”, afirma a dra. Cinthia.
O exercício físico praticado de forma regular também é uma medida importante na redução do colesterol ruim e no aumento do colesterol bom. “O impacto é variável e depende de outros fatores, como nível basal de colesterol, idade, peso, entre outros. Independentemente do impacto sobre o perfil lipídico, a atividade física deve sempre ser estimulada pelo benefício em vários outros aspectos”, completa o dr. Marcio.
Medicamentos
Em alguns casos, podem ser utilizadas medicações para controle do colesterol, como as estatinas, que atuam diminuindo a produção de colesterol pelo fígado.
“Existem medicações para redução do colesterol ruim e isso deve ser recomendado pelo médico a cada paciente. Mas, como regra geral, indivíduos com maior risco de evento cardiovascular e aqueles com elevação genética de colesterol teriam maior benefício do tratamento medicamentoso”, explica o cardiologista.
A hipercolesterolemia familiar (HF) é uma condição genética que causa o aumento do colesterol e eleva o risco de infarto e AVC antes dos 50 anos. Nesses casos, por exemplo, pode ser necessário o uso de medicamentos aliados à manutenção de hábitos saudáveis.
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