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Câncer

Proteção solar ideal não é possível apenas com bloqueadores

Imagem de horizonte com sol forte e linha do mar.
Publicado em 16/01/2014
Revisado em 11/08/2020

A radiação ultravioleta é aquela de maior efeito biológico e a causadora da maior parte dos danos decorrentes do sol, como queimaduras, envelhecimento da pele e até câncer de pele. Por isso a importância da proteção solar ideal.

 

Com os índices de radiação ultravioleta (UV) chegando a níveis altos neste verão, dermatologistas alertam a população em relação aos cuidados com o sol. Desde o início de janeiro, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o índice ultravioleta em São Paulo está atingindo picos de 13 a 15, numa escala que vai até 18. A radiação ultravioleta é aquela de maior efeito biológico e a causadora da maior parte dos danos decorrentes do sol, como queimaduras, envelhecimento da pele e até câncer de pele.

 

Veja também: Por que o câncer de pele é tão comum no Brasil?

 

De acordo com o último Consenso de Fotoproteção da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), quando o índice UV atinge níveis elevados, há necessidade de proteção intensa, com auxílio de chapéu, óculos escuros e roupa que proteja os braços, além do bloqueador solar fator 30.

O dermatologista Marcus Maia, Coordenador do Programa Nacional de Combate ao Câncer da Pele e professor de Dermatologia da Santa Casa de SP, ressalta que não se pode jogar toda responsabilidade de fotoproteção somente nos bloqueadores solares. “Infelizmente, as pessoas não passam de maneira correta e não reaplicam a cada duas horas. Proteção solar é um conjunto de atitudes”.

Para depender somente da ação dos protetores, o indivíduo teria que passar 40 ml (um terço do frasco) no corpo inteiro 15 minutos antes de se expor ao sol. “Ninguém faz isso, claro. Porque aí você passa nos filhos, maridos e o frasco acaba em um dia. A solução, portanto, é que o indivíduo entenda que é preciso aliar bloqueador, roupas, óculos e chapéu se quiser realmente se proteger”, explica Maia.

 

Qual a quantidade ideal de protetor solar?

 

Para ficar mais simples, a SBD criou a regra da colher de chá:

  • Uma colher de chá no rosto e pescoço;
  • Uma colher de chá na parte da frente do tronco e a mesma medida na parte de trás;
  • Uma colher de chá em cada braço;
  • Uma colher de chá na parte da frente das coxas e pernas e a mesma medida na parte de trás.

Lembre-se de espalhar o protetor uniformemente, sem deixar áreas descobertas e sem acúmulos.

 

Acúmulo de radiação

 

É importante começar a se cuidar desde cedo, principalmente aqueles que possuem pele e olhos claros, além de sardas no rosto, pois a radiação solar tem um efeito cumulativo na pele. Portanto, aquele sol sem proteção que você tomou desde a infância pode começar a dar problema na faixa dos 40 anos, causando envelhecimento precoce da pele e até câncer. Perceba como debaixo das axilas, que não ficam expostas diariamente ao sol, a pele é muito mais macia do que no restante do corpo.

“A radiação solar tem capacidade de deslocar elétrons, então ela mexe com as propriedades celulares. No momento em que o sol bate no DNA da célula, ela forma um chamado DNA ultravioleta (UV), que não é bom. O corpo possui uma enzima que anula esse DNA UV fazendo com que ele volte ao normal. Acontece que quando há muito radiação solar, nem sempre eles são recuperados. Sempre sobra algum DNA alterado. Esse acúmulo de DNA alterado gera células modificadas, o que aumenta a possibilidade de surgir câncer na pele”, explica o médico.

 

Diferenças entre UVA e UVB

 

O raio UVA consegue ultrapassar a camada de ozônio durante todo dia e penetrar profundamente na pele, sendo o principal responsável pelo bronzeamento, mas também pelo seu envelhecimento. Além disso, predispõe, com o passar do tempo, ao surgimento de câncer.

Já os raios UVB só passam quando estão perpendiculares à camada de ozônio, o que acontece por volta das 10 horas. São esses os raios responsáveis pelas queimaduras solares e, assim como o UVA, por alterações celulares que predispõem ao câncer da pele.

 

Como escolher o protetor solar correto

 

Diferentemente dos outros tipos de cânceres, é possível fazer prevenção primária do câncer da pele. O fator de proteção solar (FPS) é a principal medida de eficácia de um protetor, pois ele quantifica o quanto o produto é capaz de ampliar a proteção. Um protetor de FPS 30, por exemplo, permite que o usuário se exponha ao sol por um tempo 30 vezes maior antes de começar a sofrer os efeitos nocivos do sol.

Diante da grande oferta de cosméticos, a dermatologista Flávia Ravelli explica o que os protetores devem obrigatoriamente oferecer. “Quando for comprar, analise se o produto oferece proteção UVA e UVB. Se for entrar na água ou na piscina, deve ser resistente à água. No mínimo, o fator de proteção deve ser 30. Para pele oleosa e com tendência a ter acne, procure protetores formulados à base de gel, gel creme ou fluido”.

É preciso cuidado em relação aos sprays, pois com eles não é possível quantificar a regra da colher de chá. “Por isso, aplique de maneira generosa e espalhe bem. No rosto, procure passar uma solução em creme, não spray”, orienta a médica.

Crianças com menos de seis meses de idade não devem usar protetor. Se precisar sair com o bebê em dias quentes, proteja-o com um guarda-chuva e pano de algodão. “A partir do primeiro ano de vida a criança já pode usar uma versão específica de bloqueador, sem química, para não causar reações alérgicas”, explica Flávia.

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