Os genes BRCA1 e BRCA2 são bastante “conhecidos” por sua relação com o câncer de mama e de ovário, mas também são considerados fatores de risco para o câncer de pâncreas.
O câncer de pâncreas é um dos tumores mais temidos devido a alta taxa de mortalidade, que ocorre principalmente por conta do diagnóstico tardio, das altas taxas de metástase e do comportamento agressivo do tumor.
Além dos conhecidos fatores de risco, como tabagismo, obesidade e abuso de álcool, os fatores hereditários também estão relacionados ao surgimento de cerca de 10% dos casos dos tumores no pâncreas.
Veja também: Câncer de pâncreas – Por que ele é tão agressivo?
“É importante explicar que todo câncer é baseado em alterações genéticas nas células. Mas nem sempre ele é hereditário. Hereditário quer dizer que aquela alteração genética foi passada de geração em geração. Alguns casos de câncer de pâncreas têm essa característica, que pode comprometer não só um indivíduo, mas várias pessoas da mesma família”, explica Lucas Vieira dos Santos, médico oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Genes BRCA e câncer de pâncreas
Os genes BRCA1 e BRCA2 são bastante “conhecidos” por estarem relacionados ao câncer de mama e de ovário, mas alterações nesses genes também podem ser consideradas fatores de risco para o câncer de pâncreas.
Todos os genes existem no organismo aos pares – o que significa que você herda uma cópia (ou versão) do pai e outra da mãe. Assim, as pessoas podem nascer com uma versão saudável e outra com mutação do BRCA, levando a um risco aumentado (mas não certo) de câncer ao longo da vida. O câncer só poderá desenvolver-se se a segunda cópia saudável do gene BRCA1 ou BRCA2 sofrer mutação ou alteração, o que pode acontecer devido a fatores ambientais (fumo e álcool, porn exemplo) ou a um erro na genética celular.
Dessa maneira, dependendo do histórico do paciente, o médico especialista pode indicar um teste genético que vai identificar alterações que podem aumentar o risco de câncer.
“A gente faz esse exame de teste genético familiar em algumas situações: histórico clínico do paciente, [paciente] com um ou dois familiares próximos com câncer de pâncreas ou câncer correlatos, como de mama, próstata, gastrointestinal. Também testamos pacientes que não possuem histórico clínico evidente, pois ainda assim, a gente precisa encontrar alguma pista de herança familiar, porque isso muda bastante os rumos do tratamento”, diz o oncologista.
Essa conduta é importante, porque segundo a Associação Americana de Câncer Pancreático, cada tumor no pâncreas é diferente, e os pacientes que recebem tratamento com base na biologia do tumor podem viver mais.
Hoje se sabe que as células cancerosas com mutações BRCA podem responder melhor a um determinados tipos de quimioterapia, bem como a uma terapia-alvo com inibidores de PARP (proteínas que bloqueiam o crescimento celular).
Vigilância
Como o tumor de pâncreas é um câncer difícil de ser detectado no início, se você tem uma mutação BRCA e um parente próximo com câncer de pâncreas, seu médico pode recomendar que você considere o rastreamento (exames de imagem periódicos) a partir dos 50 anos de idade ou dez anos antes do primeiro câncer de pâncreas conhecido em sua família.