Ejaculação tem relação com câncer de próstata?

Câncer de próstata e ejaculação

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Publicado em: 06/06/2024

Revisado em: 11/06/2024

Isso poderia ocorrer porque o processo de ejaculação diminuiria a concentração de toxinas que podem se acumular na próstata e potencialmente causar o câncer de próstata. 

 

No Brasil, um homem morre a cada 38 minutos devido ao câncer de próstata, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional do Câncer (Inca). É um dos tumores mais frequentes no público masculino, depois do câncer de pele. 

A próstata é uma glândula minúscula do sistema reprodutor masculino, que pesa cerca de 20 gramas e se assemelha a uma castanha. Ela está localizada logo abaixo da bexiga e sua principal função, juntamente com as vesículas seminais, é produzir o sêmen, fluido que transporta os espermatozoides na ejaculação. 

Veja também: Rastreamento do câncer de próstata – O que dizem as entidades médicas?

Devido a essa relação, foram realizados estudos na tentativa de descobrir se a frequência ejaculatória, de alguma maneira, poderia prevenir o surgimento do câncer de próstata. 

Um estudo da Escola de Saúde de Harvard, publicado em 2022, é um deles.

Os pesquisadores coletaram informações sobre a rotina de ejaculação de um grande grupo de voluntários desde 1986. Os dados não revelaram nenhuma evidência de que as ejaculações frequentes representassem um risco aumentado de câncer de próstata. Ao contrário: a alta frequência de ejaculação estava associada a uma possível diminuição do risco de câncer. 

Em comparação com os homens que relataram 4 a 7 ejaculações por mês ao longo da vida, os homens que ejaculavam 21 ou mais vezes por mês tiveram um risco 31% menor de desenvolver um tumor na próstata. E os resultados resistiram a uma avaliação estatística rigorosa, mesmo depois de outros fatores de estilo de vida e a frequência dos exames de PSA terem sido levados em consideração.

 

Qual a relação entre ejaculação e câncer de próstata?

A possível explicação biológica, segundo Denis Jardim, médico oncologista líder nacional de tumores urológicos do Grupo Oncoclínicas, seria que, como a próstata é uma glândula que produz sêmen, a frequência de ejaculação poderia reduzir a concentração de toxinas e as formações de cristais que, quando acumulados, podem causar o câncer de próstata. A ejaculação ainda poderia ter um possível benefício de modular o sistema imune. 

“De 11 estudos reportados, sete deles mostraram alguma relação em um efeito benéfico. É relevante dizer que ninguém sabe como a ejaculação influencia, a depender da fase da vida. Então, alguns estudos sugerem que uma frequência maior seria protetiva, principalmente em homens de idade mais jovem, entre os 20 e 30 anos, ou entre 30 e 40 anos, que é uma época, talvez, de desenvolvimento e maturação da glândula prostática”, explica o dr. Jardim. 

 

Frequência ideal

A partir da publicação desses estudos, inúmeros portais de notícia cravaram um número ideal de ejaculações, como se isso significasse a prevenção definitiva para o câncer de próstata. Mas conforme relata o dr. Jardim, ainda não há recomendações precisas quanto a isso, somente hipóteses, já que não há nada definido nos manuais de oncologia, nem em nenhum outro tipo de diretrizes

“A gente tem esse estudo de Harvard que menciona o número de 21 ou mais ejaculações por mês, proporcionando uma possível redução do risco de câncer de próstata, e alguns dados de estudos australianos que seriam de cinco a sete ejaculações por semana. São números relativamente altos, mas lembrando que não são estudos que, em definitivo, explicam essa relação, mas sim geram hipóteses para que seja melhor estudada e compreendida essa relação”, pondera o dr. Jardim. 

Embora seja um dado interessante, é importante lembrar que o que se tem comprovado até o momento é que manter hábitos saudáveis, não fumar e praticar atividades físicas são essenciais para a prevenção de diversas doenças, incluindo o câncer de próstata.

Além disso, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) preconiza a ida a um urologista para avaliação da próstata a partir dos 50 anos. Caso algum parente de primeiro grau (pai, irmão, tio) tenha tido a doença, a consulta deve ocorrer a partir dos 45 anos, visto que o risco de desenvolver a doença é maior nesse grupo.

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