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Atividade física

Veja em que casos entrar na água depois de comer pode ser um problema

Publicado em 30/09/2012
Revisado em 11/08/2020

Cair na piscina depois de uma feijoada por si só não oferece perigo, mas de fato há casos em que entrar na água depois de comer faz mal.

 

Quem não tinha uma piscina sempre à disposição quando criança deve se lembrar de como aproveitar cada instante dentro da água era fundamental. Tanto que muitos teimavam para sair na hora do almoço, temendo o tempo que muitas mães impunham antes que se pudesse mergulhar de novo. Uma hora, uma hora e meia, diz-se que algumas chegavam a barrar o retorno à água por duas horas. Há quem ache que essa história não passa de uma lenda e há quem acredite fielmente que entrar na água com o estômago cheio pode trazer complicações.

 

Veja também: O que é má digestão? 

 

Estão certos os que acreditam na legitimidade da ordem materna. Mas o fisiologista Turíbio Leite, coordenador do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte (Cemafe) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que o problema não é somente nadar, e sim qualquer tipo de atividade física após as refeições. “Quando há alimento para ser digerido, o estômago precisa receber fluxo sanguíneo, mas ao fazer exercícios, o organismo passa a priorizar a distribuição do sangue para os músculos, deixando o estômago de lado”.

A nutricionista Madalena Vallinoti, diretora do Sindicato de Nutricionistas (Sinesp), esclarece que ao realizar exercícios físicos, o sistema nervoso simpático (parte do sistema autônomo formado pelo tronco do cérebro e pela medula espinhal) produz estímulos nervosos que fazem artérias e veias se contraírem, movimento conhecido como vasoconstrição. “Essa vasoconstrição aumenta a resistência dos vasos sanguíneos e reduz o fluxo de sangue. Os músculos que estão sendo trabalhados também passariam a ser menos irrigados, mas os subprodutos metabólicos (adenosina, íons de hidrogênio e dióxido de carbono) produzidos após a queima de energia cancelam esse comando e causam vasodilatação, o que facilita a passagem de sangue”, explica Vallinoti.

Assim, se a maior parte do corpo está recebendo mensagem para cortar o fluxo de sangue e os músculos estão obtendo o comando para aumentar a demanda sanguínea, tem-se um desequilíbrio. “O corpo está tirando de uma parte e dando a outra. Caso o estômago não esteja em um momento de digestão, não há problema algum em receber menos sangue por certo período”, completa Leite.

Agora, se você acabou de se alimentar e foi fazer exercício físico, o sistema digestório e o trabalho muscular estarão competindo pelo maior fornecimento de sangue. Como resultado, algumas pessoas podem ter desconforto gástrico, refluxo e até vomitar. “Além disso, podem ocorrer câimbras. Dependendo da intensidade e se o indivíduo estiver na água, há risco de afogamento”, afirma Vallinoti.

 

Alimentação ideal

 

Não é por causa dessas consequências que a alimentação antes da atividade física deve ser proibida. É fato que existem muitos mitos e controvérsias a respeito do tema, mas de qualquer maneira é importante ressaltar que uma refeição feita em uma churrascaria ou uma feijoada são totalmente diferentes de uma alimentação à base de grelhado, salada e arroz.

Recomenda-se comer pouco e com frequência a fim de fornecer energia sem sobrecarregar as funções orgânicas. “O ideal é comer um alimento leve com pouca gordura e proteína, de preferência líquido (suco de fruta ou shakes). Dessa forma você terá energia, mas nada que possa comprometer suas atividades. Se a refeição for leve, é recomendado comer 40 minutos antes de práticas esportivas”, afirma Leite.

 

Choque térmico

 

Então, entrar em uma piscina mas não realizar grande esforço não traz problemas? Não necessariamente. Outra questão muito discutida é a suscetibilidade do corpo em sofrer choque térmico após a refeição.

Depois de comer, é natural que ocorra maior fluxo sanguíneo para o centro do corpo, onde está o sistema digestório. “Se o indivíduo mergulhar em água fria, pode ocorrer choque térmico, o que ocasiona maior requisição de fluxo de sangue para a pele, a fim de corrigir o choque. Assim, deixa de existir sangue suficiente para as duas necessidades, a de digestão e a de aumentar a temperatura da pele”, explica a nutricionista.

O coração não consegue bombear o sangue em velocidade suficiente para atender às demandas, e como consequência o indivíduo pode até morrer de choque hipovolêmico (situação em que o órgãos vitais deixam de receber a quantidade de sangue mínima para seu funcionamento). “Esta é uma consequência grave. Em alguns casos pode haver apenas um ligeiro mal-estar, como uma indigestão ou ‘paragem’ digestiva, que pode resultar em vômitos e uma consequente melhora do desconforto”, completa. O ideal é não se expor à mudança brusca de temperatura.

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