A indústria do tabaco se vale das mesmas estratégias mentirosas usadas há décadas para vender a ideia de que seus produtos não fazem mal à saúde. Desta vez, os produtos inofensivos seriam os cigarros eletrônicos. Leia no artigo do dr. Drauzio.
Pasmem senhoras e senhores, a indústria do tabaco está preocupadíssima com a saúde pública. Depois de décadas ganhando fortunas com a venda de um produto cuja fumaça causa sofrimento e milhões de mortes, agora está interessada em vender cigarros eletrônicos como estratégia de redução de danos. Dá para acreditar?
Em entrevista à Folha, o CEO da Philip Morris, fabricante do Marlboro, teve a desfaçatez de afirmar sobre os eletrônicos: “Esses produtos precisam ser adotados por fumantes adultos, e essas pessoas precisam migrar para eles a fim de criar a equação de redução de danos do tabaco. Então, agora temos a ciência, temos o produto, temos a vontade”.
Veja também: Pesquisa encontra níveis alarmantes de nicotina em cigarros eletrônicos
É preciso muito cinismo para dizer que os fumantes adultos precisam migrar para os eletrônicos quando ele está cansado de saber que os eletrônicos se disseminam entre crianças e adolescentes, muitos dos quais jamais fumariam cigarros comuns.
Que ciência é essa à qual ele se refere? A uma pesquisa sobre tabaco aquecido patrocinada pela própria Philip Morris, que há décadas se empenha em arregimentar multidões de dependentes de nicotina. Não foi à toa que o Comitê Europeu de Controle do Tabaco concluiu: “Pesquisas independentes mostram que os produtos de tabaco aquecido emitem níveis substanciais de nitrosaminas cancerígenas específicas do tabaco, bem como substâncias tóxicas e irritantes e potenciais carcinogênicos”.