O monitoramento contínuo das funções vitais e a intubação para garantir a ventilação são fundamentais em algumas cirurgias que requerem anestesia geral.
É comum que qualquer procedimento cirúrgico gere preocupações. Em cirurgias que exigem anestesia geral, as dúvidas e receios podem aumentar devido à ausência temporária de consciência necessária para bloquear a dor.
“O ato anestésico faz parte do cuidado perioperatório, que vai desde a preparação prévia até a alta do paciente. O monitoramento contínuo das funções vitais e da dor durante a anestesia geral é fundamental para diagnosticar e corrigir quaisquer intercorrências à medida que surgem,” explica Luis Antonio dos Santos Diego, presidente da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA).
Veja abaixo os procedimentos realizados durante a anestesia geral e os motivos pelos quais eles são realizados.
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Avaliação pré-anestésica
Em primeiro lugar, antes da cirurgia, o anestesiologista revisa detalhadamente o histórico médico do paciente e avalia as condições de saúde atuais e quaisquer reações anteriores a anestésicos. Esse passo é fundamental para ajustar a anestesia às necessidades e ao perfil de risco específicos do indivíduo.
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Intubação (ou intubação traqueal)
A intubação é um procedimento médico em que se insere um tubo na traqueia do paciente para garantir as vias aéreas abertas e permitir uma ventilação adequada. Durante a anestesia geral, ela é necessária porque o paciente não possui condições de respirar por conta própria, uma vez que são usados medicamentos que interferem na respiração.
Além disso, oferece proteção às vias aéreas, minimizando o risco de broncoaspiração, ou seja, a entrada de substâncias estranhas, como líquidos, nas vias respiratórias e pulmões.
A intubação pode ser realizada, principalmente, por via oral e nasal, podendo ser feita com o paciente sedado, anestesiado ou até mesmo acordado.
“Em casos de via aérea difícil, são usados dispositivos específicos. Portanto, a estratégia para a abordagem deve ser traçada antes do início da anestesia. Isso porque a falha da intubação traqueal ainda é uma importante complicação”, explica Frederico Monteiro, anestesiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
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Monitoramento dos sinais vitais durante a anestesia geral
Assim, todo paciente submetido a qualquer técnica anestésica precisa que monitorem seus sinais vitais.
Durante a anestesia geral, o monitoramento cardíaco garante a segurança do paciente. O eletrocardiograma acompanha a atividade elétrica do coração e detecta arritmias e isquemias (interrupção do fluxo sanguíneo).
A pressão arterial é monitorada continuamente, podendo ser feita de forma não invasiva com um manguito ou de forma invasiva com um cateter arterial.
A oximetria de pulso, por sua vez, mede a saturação de oxigênio no sangue e a frequência cardíaca, enquanto a capnografia, utilizada para pacientes intubados, avalia a ventilação ao monitorar o dióxido de carbono no ar exalado.
Além disso, a temperatura corporal é monitorada para identificar alterações que possam indicar problemas como hipotermia ou febre.
“A anestesia geral diminui a capacidade do paciente de autorregular a sua temperatura. A variação para ambos os extremos, alto ou baixo, pode ser prejudicial ao funcionamento cardíaco, cerebral e outras funções do corpo humano. Por esse motivo, a temperatura corporal deve ser acompanhada e controlada durante todo o ato anestésico”, explica o dr. Diego.
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Colírio em pasta
Durante a anestesia geral, principalmente nas cirurgias de longa duração, os olhos devem estar protegidos por conta do fechamento das pálpebras, pois a imobilidade pela anestesia impede a lubrificação contínua dos olhos, que normalmente ocorre com o piscar dos olhos.
A utilização de colírios ou pomadas oculares visam, assim, minimizar o risco de lesões, principalmente de córnea. Além da lubrificação também é realizada a oclusão ocular com películas protetoras.
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Administração de líquidos intravenosos durante a anestesia geral
O jejum pré-anestésico é importante para prevenir a regurgitação do conteúdo do estômago e sua aspiração para os pulmões durante a anestesia.
Para evitar a desidratação e repor o volume de líquidos do corpo, são administrados líquidos intravenosos. Isso porque, durante a cirurgia, o corpo perde líquidos por meio de sangramentos, evaporação e urina.
Para compensar essas perdas, é necessário infundir líquidos diretamente na veia. A reposição deve, portanto, ser ajustada pelo anestesiologista para evitar tanto o excesso quanto a deficiência de líquidos no corpo.
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Monitoramento pós-operatório
Por fim, todo paciente que passa por uma cirurgia deve ser monitorado no período pós-operatório para garantir que suas funções vitais se estabilizem de acordo com suas condições específicas.
Esse acompanhamento pode ocorrer na sala de recuperação pós-anestésica, na própria sala de cirurgia (se o paciente estiver em isolamento de contato, por exemplo) e em uma unidade de cuidados intermediários, como a Unidade Semi-Intensiva.
Caso haja necessidade de um acompanhamento mais próximo ou sinais de instabilidade clínica, o paciente pode ser transferido para uma unidade de tratamento intensivo (UTI) no pós-operatório.
“A escolha do local de monitoramento e a duração dependem dos fatores clínicos individuais do paciente, do porte e do tipo da cirurgia. Esse monitoramento é fundamental para identificar e tratar rapidamente quaisquer complicações clínicas e cirúrgicas”, finaliza o dr. Monteiro.
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