O coma induzido é uma maneira de garantir o bem-estar do paciente enquanto ele se recupera de uma condição grave de saúde. Saiba como funciona.
O coma induzido é diferente daquele provocado por uma doença, quando não se sabe o momento em que a pessoa vai acordar. Nesse tipo de sedação, estimulada por medicamentos, o paciente entra em um estado temporário de inconsciência profunda a fim de poupar energia para a sua recuperação.
Para que serve o coma induzido?
O coma induzido pode ser uma opção após um AVC, um trauma cerebral, um infarto ou uma pneumonia grave, por exemplo. Quadros de epilepsia, hemorragias, paradas cardíacas, politraumatismo ou cirurgias mais delicadas também entram na lista.
“O procedimento é realizado com o objetivo de reduzir a atividade cerebral. Ou seja, colocar o neurônio na menor função possível para que situações como traumas, convulsões e cirurgias complexas possam dar um ‘descanso’ à célula enquanto ela se recupera”, explica o dr. Jedson dos Santos Nascimento, diretor da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA).
Na prática, isso facilita a reabilitação do cérebro e do corpo, além de evitar que o paciente sinta as dores relacionadas à própria condição.
Possíveis complicações
Todo esse processo é feito nas dependências de uma UTI, pois o paciente precisa ser monitorado 24 horas por dia por uma equipe médica e de enfermagem. Os aparelhos que avaliam seus dados vitais e o ajudam a respirar são fundamentais para evitar as possíveis complicações da sedação, como reações alérgicas a medicações, queda da pressão arterial e parada cardíaca.
“Se o coma induzido for muito longo, há o risco de pneumonia, lesões por imobilidade e trombose. E também possíveis danos neurológicos e disfunções orgânicas, como disfunção renal e hepática, por exemplo. Mas é importante destacar que não é a medicação que causa esses problemas, e sim a situação clínica do paciente”, afirma o anestesiologista.
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Quando e como é o despertar?
O coma induzido pode durar horas, dias ou semanas. O que vai determinar a duração é a melhora do quadro ou a orientação do médico. Assim que as medicações vão sendo retiradas, algumas pessoas já começam a recuperar a consciência; outras não. A gravidade da doença, a idade e as condições de saúde do paciente são fatores que influenciam o despertar do coma induzido.
“Esse processo vai depender muito do tempo de duração do coma, porque não é só o fato de o indivíduo estar dormindo. A inatividade muscular pode levar a um quadro de fraqueza, por exemplo; a depender da situação, pode requerer fisioterapia. Até a fala do paciente pode ficar alterada”, alerta o dr. Jedson.
O que a pessoa sente durante o coma induzido?
Enquanto está sedado, o paciente não sente nada. Ele não se mexe, não ouve, não fala, não sente dor e não tem desconforto. Esse grau de inconsciência é uma maneira de garantir seu bem-estar, facilitando a realização de procedimentos e diminuindo os traumas psicológicos relacionados à internação.
Ainda que o paciente não seja capaz de interagir, o anestesiologista recomenda que os acompanhantes não deixem de visitá-lo. A dica é identificar-se, segurar a mão do ente querido e falar sobre assuntos do dia a dia ou sobre como ele é importante para amigos e familiares.
“Estudos científicos propõem que esse contato afetuoso, o som da voz, um carinho, contribuem para um melhor desfecho e deve ser uma prática. Tanto é que se estimula a visita na UTI”, destaca o especialista.
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