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Hematologia

Níveis de ferritina: quando são preocupantes e por que você deve monitorá-los?

frasco de sangue cheio, com etiqueta em que se lê ferritina, responsável pelo transporte do ferro
Publicado em 27/06/2023
Revisado em 25/10/2024

A ferritina é uma proteína especializada no transporte do ferro, um mineral essencial para a vida.

 

Sintetizada pela primeira vez na década de 1930 pelo cientista tcheco Vilém Laufberger, a ferritina é uma proteína de armazenamento essencial para a vida. Produzida pelo fígado, considerado a maior glândula do corpo humano, essa pequena molécula tem uma estrutura especial que permite o transporte do ferro, um mineral vital para diversos processos fisiológicos.

O ferro, por sua vez, é um mineral necessário para a produção da hemoglobina e da mioglobina, duas proteínas presentes nas hemácias, células vermelhas responsáveis pela condução do oxigênio no sangue e nos músculos, respectivamente. Ou seja, sem ele os organismos não conseguiriam usar o O2 disponível. Além disso, o ferro também está envolvido na síntese do DNA e na produção de energia.

Níveis baixos de ferritina podem indicar falta do mineral no organismo. A alta, por outro lado, nem sempre está relacionada com o excesso de ferro, mas sim com inflamações.

“Uma alimentação inadequada, pobre em fontes de ferro, é uma das possíveis razões para a deficiência dele no organismo. Além disso, algumas doenças podem afetar a absorção de ferro, como a doença celíaca (uma enfermidade autoimune causada pela intolerância ao glúten)”, explica Fabiola Pabst Bremer, médica hematologista e professora da disciplina de hematologia e hemoterapia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (Fempar)

Outra causa comum de deficiência de ferro, de acordo com a dra. Fabiola, é o sangramento crônico, que pode ocorrer em mulheres jovens devido a fluxos menstruais intensos. Além disso, o déficit também é visto em pacientes mais idosos, que podem ter sangramentos no trato gastrointestinal sem que sejam percebidos.

A redução dos níveis de ferro interfere nas funções celulares e pode levar o indivíduo a desenvolver anemia, condição caracterizada pela baixa concentração de hemoglobina ou produção das hemácias. 

No caso do aumento de ferro, a maioria dos casos está associada a processos inflamatórios ou infecciosos, gerados por doenças como covid-19, síndrome metabólica (associação de fatores de risco para as doenças cardiovasculares) e lúpus. Ou ainda a condições genéticas, como a hemocromatose hereditária, distúrbio caracterizado justamente pelo aumento do mineral.

“O excesso de ferro livre no corpo pode ser tóxico para as células e levar ao depósito dele em diversos órgãos, como fígado e coração. Isso pode resultar na disfunção desses órgãos, podendo evoluir para cirrose hepática e outros problemas cardíacos. Além disso, o depósito de ferro em articulações e na pele pode causar dor articular e alterações na coloração da pele”, explica Cristiane de Oliveira Henriques, hematologista membro da Academia Paranaense de Hematologia (APH) e médica hematologista na Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba.

A faixa normal de ferritina varia de acordo com o sexo, sendo de 30 ng/mL a 300 ng/mL para mulheres e de 30 ng/mL a 350 ng/mL para homens, segundo a dra. Cristiane. “É importante frisar, no entanto, que a ferritina sozinha não dá o diagnóstico de nada. É necessário fazer a avaliação médica, do estado de saúde do paciente e outros exames de perfil de ferro completo. É importante que tanto médicos como pacientes saibam disso”, diz ela.

Além da dosagem da ferritina, outros exames para verificar a quantidade de ferro no indivíduo são a dosagem do ferro sérico, a capacidade total de ligação do ferro (TIBC) e o índice de saturação da transferrina (IST). 

 

Tratamentos para níveis de ferritina alterados

No caso da ferritina baixa, o tratamento consiste na reposição de ferro. Isso pode ser feito por via oral, com a administração de suplementos, ou por meio de infusões endovenosas. De acordo com as especialistas, é importante também identificar e tratar a causa da deficiência do mineral, como sangramentos excessivos ou problemas de absorção intestinal. Em alguns casos, como na doença celíaca, é necessário adotar uma dieta livre de glúten para melhorar a absorção de ferro.

Já o tratamento para o aumento da ferritina depende da doença associada à condição. Em alguns casos, os médicos indicam a sangria terapêutica, que consiste na retirada de cerca de 400 a 500 ml de sangue do paciente, segundo o Ministério da Saúde, como em uma doação. Esse sangue retirado, em vez de ser encaminhado para outra pessoa, é coletado e descartado. 

A frequência das sangrias é determinada pelos parâmetros clínicos do paciente, podendo variar de semanal a mensal. Em casos de contraindicação para a sangria, como em pessoas com a hemocromatose hereditária, é possível utilizar medicamentos quelantes de ferro. Um quelante é uma substância que se liga ao mineral e facilita sua excreção pelo organismo. 

 

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