A cólica em bebês, em especial os recém-nascidos, incomoda e preocupa mães e pais é muito comum, mas não indica nenhum problema grave de saúde. Saiba mais.
Uma queixa muito comum nos consultórios dos pediatras e que atormenta mães e pais de bebês recém-nascidos são as temidas cólicas. Apesar de benignas, elas podem ser muito incômodas e seu principal sinal é o choro inconsolável do bebê.
O choro faz parte do desenvolvimento normal do recém-nascido e pode indicar uma série de outras queixas, como fome, sono, ou necessidade de trocar a fralda, por exemplo. Geralmente, desconfia-se que o choro é sinal de cólica quando as outras demandas já foram atendidas e o bebê continua chorando. Se a situação permanecer, o ideal é consultar o pediatra para descartar outras causas.
O que está por trás das cólicas
Segundo o dr. Tadeu Fernandes, pediatra e presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), as cólicas geralmente começam a aparecer na terceira semana de vida do bebê, e podem durar até os quatro meses, em média. Mas ele destaca que a condição não indica nenhum problema grave. “A cólica do lactente é totalmente benigna. Ela é fisiológica, normal, porque reflete uma imaturidade do sistema digestório do bebê”, afirma.
O médico explica que as cólicas estão relacionadas à flora intestinal do bebê. Quando existe um quadro de disbiose, que é uma disfunção da flora intestinal, informações errôneas são passadas para o cérebro, que responde aumentando o cortisol, hormônio do estresse, que pode causar irritação, choro e cólicas fortes.
Além disso, existem alguns fatores que podem aumentar a incidência das cólicas. “Nós já sabemos que as crianças que nascem de parto vaginal têm cólicas com menor incidência do que aqueles que nascem de cesariana; e crianças que tomam o leite materno têm uma incidência menor de cólica do que aqueles que tomam a fórmula infantil”, explica.
“Esses bebês têm uma flora intestinal muito mais rica, e eles têm uma proteção maior porque essas bactérias da flora bacteriana interagem com o intestino, produzindo substâncias que auxiliam na motilidade do intestino. E o mais importante: elas produzem substâncias que, através do intestino, enviam informações para o cérebro dizendo: ‘olha, no intestino está tudo bem’. É o chamado eixo intestino-cérebro”, completa o pediatra.
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Como aliviar as cólicas
Existem algumas medidas que podem auxiliar no alívio das cólicas. As recomendações são do Departamento Científico de Gastroenterologia Pediátrica da SBP:
- Pegar o bebê no colo (uma dica é o contato direto entre a barriga do bebê e da mãe);
- Enrolar o bebê em uma manta ou cobertor;
- Flexionar as coxas do bebê sobre a barriga;
- Dar um banho morno e relaxante, ou aplicar compressas na barriga;
- Reduzir estímulos para o bebê (como evitar locais com muito barulho ou muitas pessoas);
- Ficar em um ambiente tranquilo (pode-se colocar uma música ambiente suave para tocar);
- Tentar estabelecer uma rotina para banho, sono, passeio e outras atividades;
- Não usar chás, trocar marcas de leite ou dar medicamentos sem orientação do pediatra;
“Massagens, medidas para relaxar o bebê, dar aquele banho de banheira bem tranquilizante ajudam bastante”, completa o dr. Tadeu.
Medicamentos ajudam?
De acordo com o médico, quando o bebê tem um grande desequilíbrio da flora intestinal, é possível introduzir probióticos específicos para a cólica, sempre com orientação do pediatra.
“São probióticos que têm estudos clínicos em cólica do lactente, probióticos específicos que podem ajudar esse neném. Não é qualquer um. Mas é preciso ter muita tranquilidade e saber que a cólica do lactente tem começo, tem meio e tem fim”, afirma.
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