Embora sejam casos mais raros, a doença também atinge adultos jovens. Conheça os sintomas e o tratamento da doença de Parkinson em jovens.
A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico que atinge o sistema nervoso central e afeta os movimentos. Sua incidência aumenta com a idade, ou seja, trata-se de uma condição muito mais frequente na população idosa (acima dos 60 anos). Porém, a doença também pode atingir os mais jovens.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que entre 10% e 15% dos pacientes diagnosticados tenham menos de 50 anos e cerca de 2% tenham menos de 40.
Segundo o dr. Diogo Haddad, neurologista e coordenador do Núcleo de Memória do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, podem ocorrer casos até mesmo na casa dos 20 e dos 30 anos. “Essa forma da doença é rara na nossa população e conhecida como doença de Parkinson de início jovem, enquanto dos 40 aos 55 anos consideramos doença de Parkinson de início precoce”, explica.
O Parkinson é causado pela degeneração de células no cérebro que produzem um neurotransmissor chamado dopamina. A dopamina conduz estímulos nervosos para todo o organismo e atua no controle dos movimentos, e sua redução pode causar sintomas como tremores, desequilíbrio e rigidez muscular, por exemplo.
Veja também: 5 sinais de alerta da doença de Parkinson
Quando buscar avaliação médica
O tremor nas mãos é o sintoma mais associado à doença de Parkinson, mas, de acordo com o especialista, não é o principal nos casos precoces. O principal sintoma é a lentidão de movimentos (chamada de bradicinesia), que pode aparecer durante tarefas simples, como andar, pegar objetos, sentar ou se levantar.
Além disso, também podem ocorrer sintomas como rigidez muscular, instabilidade postural, movimentos involuntários de mãos, braços e pernas, contrações involuntárias de qualquer parte do corpo (com câimbras e quadros de rigidez aguda de músculos e membros), alterações de humor, ansiedade e depressão.
Em caso de sintomas, a orientação é buscar uma avaliação médica, independentemente da idade. É importante descartar o pseudoparkinsonismo (associação de outras condições – geralmente drogas ou medicações – que tenham como efeito colateral sintomas de Parkinson) e até mesmo outras doenças que cursem com sintomas de Parkinson.
A forma precoce da doença pode ter origem genética, e isso também deve ser investigado. “Sua progressão é mais lenta, e é possível ter qualidade de vida com o tratamento individualizado e medicação adequada”, diz o médico.
Veja também: Neuromodulação ajusta desequilíbrios no cérebro para tratar de Parkinson a depressão
Tratamentos medicamentoso e cirúrgico
A levodopa, medicação que age como uma precursora imediata de dopamina no sistema nervoso central, é o padrão ouro no tratamento de Parkinson, segundo o neurologista. Mas ele destaca que hoje existe um grande arsenal de medicações que ajudam no controle da doença e tendem a ter uma boa resposta em pacientes jovens.
Outra opção é a estimulação cerebral profunda (ou DBS, do inglês deep brain stimulation), que consiste em um tratamento cirúrgico no qual o neurocirurgião coloca fios finos – chamados de eletrodos – em um ou ambos os lados do cérebro, em áreas específicas que controlam o movimento. Normalmente, o paciente fica acordado durante o procedimento respondendo a perguntas e realizando tarefas para garantir que os eletrodos sejam posicionados corretamente.
Uma vez no lugar, os eletrodos são conectados a um neuroestimulador (dispositivo operado por bateria semelhante a um marca-passo cardíaco) que é colocado sob a pele abaixo da clavícula. O neuroestimulador fornece impulsos elétricos contínuos através de eletrodos.
“Embora muito importante para alguns, o DBS não é para todos; existem critérios para sua colocação. Normalmente, funciona melhor para diminuir os sintomas motores de rigidez, lentidão e tremores. Não funciona tão bem para desequilíbrio, congelamento da marcha (incapacidade súbita de se mover ao caminhar) ou sintomas não motores”, explica o médico.
Ainda segundo ele, apesar de ser um método invasivo, a estimulação apresenta ótimos resultados e tem sido usada cada vez mais precocemente – sempre avaliando cada caso de forma individualizada.
Prognóstico da doença de Parkinson em jovens
O especialista afirma que pessoas jovens tendem a ter uma doença com sintomas de progressão lenta. “Apesar de ser uma doença neurodegenerativa e da necessidade de cuidados, o que causa um impacto grande principalmente quando pensamos que este paciente está no auge de sua vida profissional e pessoal, hoje o manejo garante qualidade de vida e muitas vezes manutenção de suas funções organizacionais, laborais e pessoais”, finaliza.
Veja também: Parkinson: Pequenos tremores em idades mais avançadas devem ser investigados