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Varizes: mulheres são mais suscetíveis a terem o problema

Close da parte de trás dos joelhos de uma mulher com varizes.
Publicado em 23/08/2022
Revisado em 24/08/2022

Embora possam ocorrer em ambos os sexos, as varizes são mais comuns em mulheres. Entenda o porquê.

 

Muitas pessoas se sentem constrangidas diante do surgimento de veias calibrosas, de tom azulado, que atravessam as pernas. Em geral, o incômodo é estético, mas as varizes, nome correto das veias dilatadas, podem causar sintomas como cansaço, dor, coceira e inchaço.

Muitas pessoas têm varizes calibrosas e não sentem absolutamente nada. Outras com varizes menores apresentam diversos sintomas”, explica o cirurgião vascular Calógero Presti, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), 38% da população brasileira tem varizes. Embora mais comuns em pessoas mais velhas, jovens também podem apresentar o problema. 

“Tenho muita vergonha de usar saia, pois minhas pernas parecem desenhadas. No fim do dia, sinto um cansaço nas pernas, como se eu carregasse peso. Queria me livrar das varizes, mas tenho medo de operar”, relata Lúcia*, 46 anos. 

 

Leia também: Quando operar varizes?

 

O que são varizes?

 

As veias são responsáveis por reconduzir o sangue dos tecidos ao coração. A circulação venosa dos membros inferiores ocorre por dois sistemas que se comunicam: o sistema profundo, que passa por dentro dos músculos e, portanto, é invisível. E o sistema superficial, que é visível e possui dois troncos principais: a safena interna, utilizada em cirurgias cardíacas, e a externa.

As veias das pernas conseguem expulsar o sangue para cima, apesar da gravidade, porque têm válvulas, estruturas que se fecham depois que o sangue passa por elas, impedindo seu retorno. Quando as válvulas têm um defeito ou sofrem um desgaste natural com o tempo, elas perdem a elasticidade, e o peso do sangue que está em cima faz força para baixo, aumentando a pressão.

Sem conseguir conter o sangue, as válvulas permitem que o sangue escape para baixo, 

dilatando as veias e formando as varizes. Elas podem ocorrer em qualquer parte do corpo, mas pela ação da gravidade, são mais frequentes nas pernas.

 

Quem são os mais atingidos?

 

Embora qualquer pessoa possa desenvolver varizes, o problema atinge o sexo feminino e o masculino em proporção diferente: 45% das mulheres apresentam varizes, diante de 30% dos homens, considerando todas as faixas etárias.

“É íntima a relação entre o desenvolvimento das varizes e fatores hormonais. Outra característica interessante da evolução da doença é que ela ocorre mais em mulheres multigestas, isto é, que tiveram muitas gestações. Assim, quanto maior o número de gestações, maior a possibilidade de desenvolver varizes”, esclareceu o dr. Presti.

Além disso, pessoas que trabalham muitas horas de pé também têm predisposição para desenvolver o problema, pois permanecer em posição ereta, sem se movimentar, faz com que a musculatura não contraia para ajudar no retorno venoso.

“Quando a pessoa fica parada em pé, as válvulas não ficam fechadas e a coluna de sangue que vai do o coração até o tornozelo faz pressão em todo o sistema. Quando a pessoa anda, a pressão das veias baixa e há alívio em suas paredes. Por isso, se ficar em pé, sem se mexer, sem contrair a musculatura durante muito tempo, a pressão nas válvulas ficará anormalmente alta durante o dia inteiro”, afirmou o dr. Presti.

Com o envelhecimento, as válvulas sofrem um desgaste natural e deixam de conter o sangue com eficiência, facilitando a formação de varizes. Além disso, há um fator genético que pode predispor às varizes. “Em certas pessoas, há tendência familiar para o desenvolvimento de varizes. O tecido que constitui a válvula é geneticamente mais frágil, perde a elasticidade e a veia dilata mais facilmente”, explica o médico.

 

Tratamento das varizes

 

Independentemente da existência de sintomas, o tratamento das varizes deve começar logo, porque elas podem causar complicações. Em entrevista a este Portal, Gustavo Telles, cirurgião vascular do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, explicou que existem três indicações para o procedimento: 

 

1) estética; 

2) funcional, quando as veias estão muito dilatadas e o paciente apresenta sintomas; e 

3) nos casos de urgência, caracterizados quando o paciente apresenta flebite (inflamação) da safena magna na coxa e com progressão para a crossa da safena (região da virilha), levando ao risco de embolia pulmonar.

 

Além da cirurgia, há tratamentos menos invasivos, como a escleroterapia, indicado para casos menos graves, como as microvarizes e as aranhas vasculares, aquelas veias fininhas que recebem o nome de telangiectasias. O procedimento consiste na injeção de uma solução com glicose ou uma solução esclerosante conhecida como polidocanol. O laser transdérmico também pode ser utilizado em casos menos complexos.

 

*O nome da entrevistada foi ocultado para preservar sua identidade.

 

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