Nos últimos meses, o Brasil viu aumentar o número de casos de arboviroses como dengue, zika e chikungunya. Saiba a diferença entre elas e o que fazer se houver infecção.
Segundo o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, que monitora os dados das arboviroses até a semana epidemiológica 23 do ano, houve um aumento de 197% nos casos de dengue em comparação com o mesmo período de 2021, com 550 óbitos registrados no país. Os casos de zika aumentaram 188,9%, e os de chikungunya, 94,8%.
Veja também: Dengue e arboviroses
Especialistas apontam que a pandemia de covid-19 interferiu nas ações de controle do mosquito Aedes aegypti, transmissor dessas doenças. Assim, muita gente se questiona se é possível identificar essas infecções apenas pelos sintomas. “É difícil diferenciá-las apenas pela clínica”, afirma o infectologista Bruno Ishigami. No entanto, alguns sintomas são apontados como característicos dessas doenças. Veja abaixo os principais:
Dengue
Existem 4 tipos de vírus da dengue: os sorotipos 1, 2, 3 e 4. Todos podem causar diferentes formas da doença. Algumas pessoas, principalmente crianças e adolescentes, não desenvolvem sintomas. É importante lembrar que quem teve dengue causada por um sorotipo ainda pode contrair os demais.
Há dois tipos de dengue, clássica e hemorrágica. Veja os sintomas mais comuns.
Dengue clássica:
- Febre alta com início súbito (39°C a 40°C);
- Perda de paladar e apetite;
- Dor de cabeça forte;
- Náuseas e vômitos;
- Tontura;
- Dor atrás dos olhos;
- Dor intensa nos ossos, músculos e articulações;
- Manchas avermelhadas (rash) e erupções na pele, em especial no tórax e nos membros superiores, que podem vir acompanhadas de coceira ou não;
- Cansaço extremo.
Dengue hemorrágica:
As complicações da dengue hemorrágica surgem, em geral, entre o 3º e o 7º dia, e os sintomas mais característicos são:
- Dores abdominais intensas e contínuas;
- Manchas vermelhas na pele;
- Palidez;
- Sangramento pelo nariz, boca e gengivas;
- Vômitos persistentes;
- Alterações neurológicas (sonolência excessiva, agitação, irritabilidade, confusão mental, entre outras);
- Dificuldade respiratória;
- Queda da pressão arterial.
Esses casos são graves e exigem atenção médica imediata.
Zika
A zika é uma doença causada pelo Zika virus (ZIKAV), e é assintomática na maioria dos casos. Quando surgem sintomas, eles costumam ser:
- Febre baixa, entre 37,5℃ e 38℃;
- Dor muscular;
- Dor de cabeça;
- Dor atrás dos olhos;
- Aumento dos gânglios linfáticos;
- Dores musculares e nas articulações, em geral nas extremidades;
- Erupção cutânea acompanhada de coceira intensa que pode tomar o rosto, o tronco, os membros e atingir a palma das mãos e a planta dos pés;
- Fotofobia (sensibilidade à claridade intensa);
- Conjuntivite (olhos vermelhos, inflamados, lacrimejantes e sem secreção purulenta);
- Mal-estar e cansaço.
Mais raramente, podem surgir problemas neurológicos, como meningite, encefalite e síndrome de Guillain-Barré.
Mulheres grávidas devem redobrar os cuidados preventivos, pois há relação entre a infecção e malformações congênitas no feto, como microcefalia.
Chikungunya
Os sintomas da chikungunya, doença causada pelo vírus CHIKV, são muito semelhantes aos da dengue clássica. No entanto, na chikungunya a dor articular costuma ser mais intensa. Os principais sintomas são:
- Dor muscular (mialgia);
- Dor de cabeça;
- Febre alta e de início repentino;
- Erupções na pele (exantemas), que podem vir acompanhadas de coceira;
- Conjuntivite;
- Dor intensa nas articulações (poliartrite), que podem surgir acompanhadas de inchaço nas regiões acometidas.
Diagnóstico e prevenção
O diagnóstico das arboviroses depende de uma avaliação clínica cuidadosa e de exames laboratoriais. Em geral, o médico avalia, também, se há casos frequentes na região.
Como essas arboviroses são transmitidas pelo Aedes aegypti, é preciso combater o mosquito por meio de ações que exigem políticas públicas, mas também de forma coletiva e individual. Você pode ajudar eliminando os criadouros do mosquito.
Atenção para locais que juntam água parada:
- Tampe as caixas d’água;
- Não deixe água acumulada na laje;
- Mantenha os lixos fechados;
- Utilize areia nos vasos de plantas;
- Coloque garrafas e outros recipientes de cabeça para baixo;
- Deixe as lonas esticadas;
- Retire a água dos pneus.
Além disso, se você mora em regiões em que há casos de arboviroses, é recomendado:
- Vestir calças e blusas com mangas compridas;
- Dormir sob mosquiteiros, em especial durante o dia, pois o mosquito costuma ser mais ativo durante esse período;
- Dar preferência a locais com ar-condicionado ou que tenham telas nas portas e janelas;
- Usar repelentes (importante: aplique o produto seguindo as instruções da embalagem. Se for usar protetor solar, aplique-o primeiro e só depois passe o repelente).
Em bebês:
- Não use repelentes em crianças menores de 2 meses de idade;
- Vista o bebê com roupas que cubram pernas e braços;
- Cubra o berço, carrinho e “canguru” com mosquiteiro;
- Não aplique repelente nas mãos, olhos e boca do bebê. Não use o produto nas áreas da pele que porventura estejam cortadas ou irritadas;
- Passe o repelente nas suas mãos e então aplique o produto no rosto da criança.
No caso da zika, a OMS recomenda que gestantes que vivem em regiões de alta transmissão do vírus utilizem preservativo nas relações sexuais, pois o ZIKAV pode ser transmitido sexualmente.