Alguns veículos de mídia noticiaram que um estudo mostrou a presença de metais pesados em comida de bebê nos EUA. Mas será que esses alimentos estão mesmo contaminados?
Muitos pais, mães e cuidadores utilizam alimentos industrializados específicos para bebês, também conhecidos como papinhas. No entanto, um estudo apontou a presença de metais pesados nesse tipo de produto nos Estados Unidos.
Será que é verdade? A DROPS checou.
QUEM DISSE? G11
QUANDO DISSE? 17/10/2019
O QUE DISSE? “Estudo aponta presença de metais pesados em comida de bebê nos EUA”
CHECAGEM: Verdadeiro, mas…
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CONTEXTO
“Estudo aponta presença de metais pesados em comida de bebê nos EUA” foi o título da matéria veiculada pelo G1 em 17/10/19. “Novo relatório mostra que os alimentos voltados para o público infantil podem ter substâncias como chumbo e mercúrio”, trouxe a reportagem da Revista Veja2 no dia 21 do mesmo mês. E ainda, “95% das comidas para bebês contém toxinas, diz estudo”, publicou a Revista Crescer3 no dia 25/10.
Pode-se imaginar o quanto são assustadoras essas notícias aos olhos de pais e mães que seguramente querem oferecer a melhor nutrição possível para seus filhos pequenos e, é claro, não têm a intenção de expor sua saúde a riscos.
Será, então, que existem metais pesados em comidas infantis? E se existem, eles podem fazer mal à saúde das crianças? DROPS checou.
CHECAGEM
O estudo que deu origem às notícias citadas, incluindo a publicada no G1, foi conduzido pela organização sem fins lucrativos norte-americana Healthy Babies Bright Future (HBBF),4 descrita em seu site como uma “aliança entre ongs, cientistas e doadores que desenvolve e implementa programas para redução da exposição de bebês a produtos químicos (…)”.
Para realizar sua pesquisa, a HBBF comprou 168 amostras de comida para bebês em diferentes supermercados americanos e as testou, avaliando a quantidade de arsênico, chumbo, cádmio e mercúrio presente.
Os resultados divulgados em sua análise⁵ apontam para a presença de ao menos um desses metais pesados em 95% das amostras testadas. A organização traz em seu trabalho, ainda, a seguinte afirmação: “a HBBF insta todas as empresas de alimentos para bebês a estabelecer a meta de não ter quantidades mensuráveis de cádmio, chumbo, mercúrio e arsênico inorgânico em seus produtos em reconhecimento à ausência de nível de exposição seguro (…)”.
Apesar de ainda não ter se pronunciado oficialmente a respeito do estudo em questão, a agência americana de controle de drogas e medicamentos, FDA⁶, afirma em seu site que alguns dos metais mais presentes em alimentos são o arsênico inorgânico, o chumbo, o cádmio e o mercúrio. Em níveis muito altos esses metais podem ser tóxicos ao organismo humano, porém eliminá-los totalmente da cadeia alimentar não é possível, uma vez que eles são encontrados no ar, na água e no solo e absorvidos pelas plantas durante seu cultivo.
O FDA afirma também que como parte de seu processo constante de avaliação dos alimentos infantis, testes que analisam a combinação de metais nesses produtos são feitos regularmente e apontam para presença de metais em níveis que não oferecem risco à saúde humana.
Por sua vez, a agência europeia EFSA acrescenta⁷ que, além de sua presença natural no meio ambiente, a ocorrência de resíduos de metais pesados em alimentos pode ocorrer como resultado de atividades humanas, como a agricultura, indústria, poluição ou contaminação durante processamento ou armazenamento de alimentos. Isso, porém, não necessariamente coloca a saúde das pessoas em risco.
De qualquer forma, as duas agências reguladoras confirmam que não existe a possibilidade de eliminação total desses compostos químicos nos alimentos consumidos mundialmente.
DROPS confirmou que evidências científicas realmente apontam para a presença de metais pesados em alimentos para bebês. Dessa forma, o título da matéria é VERDADEIRO, MAS pode-se dizer que carece de contextualização que deixe claro ao leitor que a presença de metais pesados em alimentos não necessariamente significa um risco à saúde, uma vez que há um limiar seguro para tal. Além disso, seria importante ressaltar que a eliminação de 100% dos metais pesados em alimentos é inviável, dada sua presença natural no meio ambiente.
Referências
Acesso em 08/11/2019:
² https://veja.abril.com.br/saude/como-proteger-os-bebes-de-alimentos-toxicos/
⁴ https://www.hbbf.org/solutions
⁶ https://www.fda.gov/food/chemicals-metals-pesticides-food/metals
⁷ https://www.efsa.europa.eu/en/topics/topic/metals-contaminants-food