Em 13 anos, a prevalência da obesidade aumentou 67,8%, enquanto consumo adequado de hortaliças cresceu 15,5%.
O Brasil está mais pesado. O Ministério da Saúde divulgou mais dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2018, feita com 52.395 pessoas de todas as capitais e o Distrito Federal. O tema desta vez foi obesidade (indivíduos com índice de massa corpórea, IMC, igual ou maior que 30).
Pelo menos nesse quesito estamos mesmo seguindo o caminho dos Estados Unidos. A prevalência de obesidade saltou de 11,8% em 2006 para 19,8% em 2018, um aumento de 67,8%. O aumento maior se deu nas faixas de 25 a 34 anos e 35 a 44 anos (84,2% e 81,1%, respectivamente). A concentração nessa população é bastante preocupante, pois ficar obeso ainda jovem torna mais difícil recuperar o peso saudável. Além disso, quanto mais cedo uma pessoa entra nesse grupo, mais tempo haverá para que se desenvolvam complicações.
Em 2018, a obesidade foi a quarta maior causa de internações por causas endócrinas, metabólicas e nutricionais no SUS. Foram 12.438, que geraram custo de R$ 64,3 milhões. Pode-se depreender, porém, que ela tem impacto muito maior no sistema, já que constitui fator de risco extremamente relevante para uma série de doenças graves que pressionam o sistema público, como hipertensão, diabetes e infarto.
A desigualdade, como de costume, se faz presente: a obesidade é mais prevalente na população de baixa escolaridade. Chega a 24,5% entre os que têm no máximo o nível fundamental. Na população com ensino médio, a prevalência é de 19,4%, e naqueles com ensino superior, 15,8%.
O excesso de peso (IMC igual ou maior que 25 e menor que 30), fase de alerta que precede a obesidade, também aumentou desde 2006, e agora mais da metade dos brasileiros (55,7%) estão nessa condição.
Uma leve melhoria nos hábitos alimentares também foi registrada. Em 2008, 20% dos brasileiros consumiam 5 porções diárias de frutas e hortaliças pelo menos 5 vezes por semana, quantidade recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2018, chegamos a 23,1%, aumento de 15,5%.
É uma mudança muito menor que a registrada pelos índices de obesidade. O governo estabeleceu como meta somente estabilizar a prevalência do problema em 17,9%. Ou seja, iremos considerar satisfatório que quase 1 em cada 5 brasileiros ainda esteja obeso e vulnerável a todos as doenças que essa condição implica.