Viagens requerem cuidados com a saúde em lugares quentes, principalmente para evitar insolação e desidratação. Saiba como se prevenir e tratar.
As viagens nos tiram de casa. A trabalho ou lazer, deixamos o ambiente a que estamos acostumados. Há lugares em que a temperatura, altitude e umidade são muito diferentes daquelas que nos são familiares. No mar ou na montanha, nos desertos, florestas ou na neve, ficamos expostos a estímulos e riscos que, muitas vezes, desconhecemos ou subestimamos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que mais de 900 milhões de viagens internacionais são realizadas todos os anos. Em países continentais como o Brasil, mesmo as viagens internas podem nos levar a ambientes muito diferentes. Em todas elas, o viajante pode se deparar com condições que põem em risco sua saúde.
Veja algumas medidas que podem ser tomadas antes da viagem para prevenir esses riscos e formas de lidar com os problemas mais comuns que podem ocorrer durante esse período. São informações úteis para pessoas sem problemas de saúde, mas que podem interessar também aos portadores de doenças crônicas. Diabéticos, hipertensos, cardiopatas, dependentes de oxigênio e até pacientes com insuficiência renal crônica que necessitam de hemodiálise podem viajar, basta cercar-se dos cuidados necessários.
Desidratação
No calor e sob atividade física, transpiramos mais para manter a temperatura corporal estável. A desidratação se instala quando a quantidade relativa de água no corpo se torna insuficiente para manter nossas funções.
A perda de água corporal ocorre tanto pelo suor como pela simples expiração. Esse efeito é maior em situações de grande gasto energético, como ao fazer uma trilha, por exemplo. A redução relativa da água corporal dificulta o funcionamento normal do organismo, porque algumas reações enzimáticas são alteradas. A frequência cardíaca fica mais elevada e, em casos mais graves, a pressão arterial pode cair bastante. Como consequência, os tecidos deixam de receber o aporte adequado de sangue.
Os sintomas iniciais de desidratação são cansaço e dor de cabeça. À medida que a desidratação progride, sentimos sede. Depois podem aparecer tonturas, náuseas e sudorese excessiva.
Insolação
Insolação é consequência da desidratação extrema. A pessoa perde a capacidade de resfriar o corpo, a temperatura aumenta e ela para de suar (sinal de alerta). Simultaneamente, ocorre a alteração da consciência (a pessoa pode ficar sonolenta) e do comportamento (confusão). Nessa situação, todos os órgãos podem entrar em sofrimento, especialmente o cérebro, os rins e o coração.
A insolação é resultado do aumento de temperatura e não necessariamente da exposição ao sol; portanto, o uso de protetor solar não impede seu aparecimento.
Prevenção da desidratação e da insolação
Sempre que estivermos expostos ao calor e ao sol, devemos nos hidratar com regularidade e frequência. Crianças, idosos ou pessoas com dificuldade de comunicação merecem atenção especial, porque podem não expressar adequadamente a sensação de sede ou calor. Se não houver contraindicação, ofereça líquidos regularmente às pessoas mais vulneráveis.
Além disso, proteger-se sob uma sombra natural, guarda-sol ou tendas com abertura para ventilação pode ser outra medida útil. Se possível, deve-se evitar exposição ao sol nos horários de maior temperatura (entre 10 e 16 horas). Recomenda-se também não realizar atividades físicas extenuantes, principalmente nesse período.
Tratamento da desidratação e da insolação
O tratamento da desidratação é, obviamente, hidratar-se. Não é preciso oferecer grandes volumes de líquido de uma vez — pequenas quantidades em intervalos pequenos de tempo podem ser mais fáceis de administrar. Não há preferência quanto ao tipo de bebida, desde que não contenha álcool. Água potável e fresca é o mais indicado.
Nos episódios de insolação, o importante é resfriar o corpo. Tire a pessoa do sol e calor e ofereça-lhe líquidos frescos em abundância (evite, novamente, bebidas alcoólicas). Faça-a descansar e providencie uma banheira com água fria (não gelada) para ajudar no resfriamento. Em casos graves, pode ser necessário encaminhar a pessoa para atendimento hospitalar.