Torniquetes e cortes na região não ajudam em nada. Veja o passo a passo do que fazer e o que não fazer em casos de picada de serpente.
O Brasil registra, em média, mais de 26 mil casos de picada de serpente todos os anos. Nem toda picada leva ao envenenamento, pois existem serpentes não venenosas e outras que não conseguem inocular seu veneno na mordida. Ainda assim, mais de 100 pessoas morrem por ano em decorrência desse tipo de acidente.
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Sintomas das picadas de serpentes mais comuns no Brasil
As jararacas são o tipo que mais causa acidentes com serpentes no Brasil, pois habitam locais muito variados, desde regiões úmidas (como beiras de rios) até cerrados, áreas rurais e nas margens de grandes cidades. O local da picada apresenta dor, inchaço, sangramento e pode ter manchas arroxeadas. Sem atendimento, há risco de hemorragia grave que pode levar à morte.
A pico-de-jaca habita regiões amazônicas e de Mata Atlântica e provoca quadro semelhante ao da jararaca, mas também pode haver diarreia, vômito e pressão baixa.
Outro grupo importante é o da cascavel, conhecida pelo chocalho no final da cauda. Elas habitam preferencialmente áreas abertas de cerrados e de regiões áridas e semiáridas. O local da picada por vezes não apresenta dor, somente um formigamento. Os sintomas principais são sonolência, visão turva, dor muscular, náuseas e dor de cabeça.
A picada da coral-verdadeira tem quadro semelhante ao da cascavel, mas o maior risco de óbito é por paralisia dos músculos da respiração.
O que fazer em caso de picada de serpente
A conduta é bastante simples:
- Lave o local da picada com água e sabão. Não use nenhum outro tipo de substância, como folhas ou pó de café, por mais que você tenha ouvido dizer que irá ajudar;
- Chame socorro imediatamente ou, se não houver serviço de resgate no local, leve a pessoa até o atendimento médico o mais rápido possível;
- Nesse meio tempo, mantenha o paciente deitado e hidratado;
- Se for possível, leve a serpente para agilizar a identificação do soro específico.
Saiba também o que NÃO fazer
- Torniquetes não impedem a circulação do veneno e ainda aumentam o risco de necrose na região;
- Fazer cortes ou furos no local da picada para drenar o veneno também não tem nenhum efeito, assim como tentar sugar o veneno.
Essas medidas somente atrasam o início do socorro que irá de fato ajudar o paciente.
Como evitar acidentes com serpentes
- A maioria dos acidentes pode ser evitada usando calçados de cano alto, principalmente em áreas de matas e beiras de rios;
- Use luvas de couro ao manusear lenha, folhas secas etc.;
- Nunca coloque as mãos dentro de tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros ou entre espaços em montes de lenha, pedras e palhadas de milho, feijão etc.;
- Controle o número de roedores existentes na sua área para evitar a aproximação de serpentes que se alimentam deles. Pelo mesmo motivo, evite acumular lixo, entulho e não deixe o mato alto demais para que não se formem abrigos para ratos e outros animais que podem atrair serpentes;
- Evite aproximar-se de vegetação rasteira, gramados ou até mesmo de jardins ao amanhecer e ao entardecer, pois é nesses períodos que a maior parte das serpentes está mais ativa.