Disfunção nos nervos, infecções e tipo específico de dor de cabeça: entenda quais tipos de dores podem acontecer no momento do orgasmo.
Uma série de problemas podem estar por trás das dores que muitas pessoas sentem durante ou após um orgasmo. O assunto, apesar de relevante para uma vida sexual saudável, ainda é cercado por tabus, o que dificulta a busca por ajuda médica.
A dra. Helga Marquesini, ginecologista e obstetra do Hospital Sírio-Libanês, explica que as dores podem estar relacionadas a problemas em diversas partes do corpo. “Elas podem ocorrer por questões relacionadas à bexiga, intestino, vagina, ânus, próstata, ductos ejaculadores, por infecções genitais e urinárias, prostatite, cálculos no trajeto ejaculatório, dor relacionada a músculos e fáscias do assoalho pélvico (contrações dolorosas, ativação de pontos gatilho de dor), pinçamento”, elucida a especialista.
Ela também cita que é possível que estímulos não dolorosos relacionados ao orgasmo possam ser manifestados como dor por conta de disfunções nos nervos.
A dra. Ana Beck, ginecologista e obstetra do Hospital Albert Einstein explica que essas causas neurogênicas (que afetam os nervos ou o sistema nervoso), alterações uterinas e ovarianas, endometriose, infecções pélvicas e uso de contraceptivos estão entre as as principais causas de dor.
Quando a dor é um alerta
Sentir dor durante ou após um orgasmo não é normal e, em muitos casos, sinaliza que há algo de errado. É preciso buscar uma avaliação médica “sempre que [a dor] estiver se repetindo e causando impacto na sua saúde sexual e emocional”, indica a dra. Beck.
A busca por auxílio médico é fundamental para evitar que a dor se torne uma barreira à sexualidade e, em alguns casos, seja o motivo da perda do desejo sexual.
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Cefaleias e orgasmo
Além das dores genitais e pélvicas, há um outro tipo de dor peculiar que pode surgir no momento do orgasmo ou logo após: a cefaleia primária associada à atividade sexual.
“Existe um tipo específico de dor de cabeça associada à atividade sexual chamada primary headache associated with sexual activity (PHASA) (cefaleia primária associada à atividade sexual, em tradução livre). Ela é definida por dois ou mais episódios de dor na cabeça e/ou no pescoço desencadeados pela atividade sexual. A dor pode aumentar gradualmente durante a excitação sexual ou surgir repentinamente logo antes ou durante o orgasmo”, diz.
Esse tipo de cefaleia pode atingir tanto homens quanto mulheres.
A dra. Beck, por sua vez, comenta que não se sabe exatamente o porquê de algumas pessoas desenvolverem esse tipo de cefaleia, mas reforça que é uma situação que pode gerar bastante desconforto e preocupação.
Tratamentos e prevenção
Embora as causas sejam variadas, existem diversas formas de manejo para aliviar as dores durante o orgasmo. A dra. Beck afirma que o tratamento é, muitas vezes, multidisciplinar, envolvendo não apenas médicos, mas também fisioterapia e psicoterapia. Exames como ultrassonografia, ressonância magnética e histeroscopia podem ser usados para diagnosticar as causas das dores, ajudando a direcionar o tratamento adequado.
A dra. Marquesini também enfatiza a importância de uma avaliação médica detalhada: “Para as dores, é necessária uma avaliação médica com histórico clínico detalhado, exame físico e exames complementares direcionados às hipóteses diagnósticas”.
Prevenir a dor, por outro lado, pode ser mais complicado. A dra. Beck afirma que, apesar de exames de rotina serem essenciais, não há uma conduta preventiva específica para todos os casos: “O ideal é fazer sempre os exames de rotina”, destaca.
Ambas as especialistas são categóricas ao afirmar que qualquer dor repetitiva ou que impacte a saúde sexual e emocional deve ser avaliada por um médico e tratada com seriedade, para evitar que ela se torne crônica.
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