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Oncologia

Quem tem ou já teve câncer pode doar órgãos?

Saiba em quais situações é possível o transplante com doador vivo e quais são as regras para o procedimento.
Publicado em 12/09/2024
Revisado em 16/09/2024

Pacientes com câncer, mesmo curados, não podem fazer doação de órgãos porque ainda pode haver resquícios de células tumorais que não foram detectadas em exames de imagem. 

 

A doação de órgãos é um ato nobre que, muitas vezes, pode ser a única esperança de vida para aqueles que necessitam de um recomeço. No Brasil, atualmente, 64 mil pessoas aguardam por um transplante, segundo informações do Ministério da Saúde. 

Ainda de acordo com a Pasta, a lista de espera por um órgão funciona baseada em critérios técnicos, em que a tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados. Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica.

Veja também: Como funciona o transplante de órgãos entre pessoas vivas?

 

Quem pode doar?

Todo indivíduo com mais de 21 anos de idade pode ser doador, desde que não seja portador de doenças infectocontagiosas como HIV, hepatites e doença de Chagas, por exemplo. 

É muito importante comunicar aos familiares sobre o desejo de ser doador, pois as negativas das famílias configuram um dos principais desafios para a doação de órgãos no país. 

Há dois tipos de doadores no Brasil: o doador vivo e o doador morto. O doador vivo pode ser qualquer pessoa que concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde, podendo doar um dos rins, parte do fígado e medula óssea. 

Já o doador morto são aqueles provenientes de morte encefálica, geralmente vítimas de AVC ou de parada cardiorrespiratória, cuja morte foi constatada por critérios cardiorrespiratórios (coração parado).

 

Quem tem câncer pode fazer a doação de órgãos?

Pacientes com câncer, mesmo curados, não podem ser doadores de órgãos porque ainda pode haver células tumorais que foram espalhadas para outros órgãos e não foram detectadas em exames de imagem. 

“O paciente quando recebe um transplante de órgãos sólidos (coração, pulmão, fígado, rim, intestino ou pâncreas), precisa receber medicações imunossupressoras por toda a vida. Ao receber um órgão com células tumorais, a imunossupressão que é utilizada para que não haja rejeição [ao órgão doado] também baixa a imunidade do receptor, reduzindo a capacidade do sistema imunológico de impedir a multiplicação das células tumorais”, explica José Eduardo Jr, coordenador do Programa de Transplantes de Órgãos do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

A exceção é para pacientes com câncer de pele basocelular com baixo risco de metástase e que foram tratados somente com cirurgia. 

 

Doação de córnea

A boa notícia é que pacientes com câncer (exceto linfoma, leucemias e tumores no globo ocular) podem ser doadores de córnea. Isso porque a córnea é um tecido e, por isso, não recebe vascularização. Como as células de metástase se espalham pela corrente sanguínea, elas não chegam à córnea, por isso esse tecido não apresenta células de câncer. 

Vale lembrar que, além da doação de órgãos, há outras maneiras de se mobilizar para incentivar a população a doar como: trabalho voluntário, participação em campanhas de incentivo e divulgação de informações. 

Para saber mais sobre como ser um doador acesse: https://site.abto.org.br/como-ser-um-doador/

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