Minimizar a situação, chamar o novo coronavírus de “gripezinha” ou “fantasia”, é uma irresponsabilidade. Precisamos nos unir e agir com consciência.
O coronavírus chegou ao Brasil e agora está na fase que nós chamamos de disseminação comunitária, que quer dizer o quê? Que você pode adquirir o vírus nos contatos da comunidade. Antes era quando chegava alguém infectado de fora. Agora não precisa mais. Onde está o vírus? A gente não sabe mais. Porque perdemos o controle, como todos os países.
Quem minimiza esta situação — “não, isso vai passar logo” — é irresponsável, porque não vai ser assim. Essa epidemia se dissemina. Olha o que está acontecendo com outros países. Dá pra ter uma ideia do que vai acontecer conosco. Pode não ser igualzinho, mas olha o que vai acontecer. Como é que você pode dizer que isso é uma coisa que não tem muita importância? Uma epidemia em que muita gente morre e tem problemas de saúde graves. Tem que levar isso com a maior seriedade.
Veja também: Nosso “perguntas e respostas” sobre a pandemia do novo coronavírus
Não é hora de polarizar politicamente esta situação. Você não pode colher as informações e adotar condutas baseadas exclusivamente no que as pessoas te disseram. Dizer “ah, eu votei nesse candidato, então o que ele disser pra mim eu vou acreditar”, “aquele ali eu não votei, eu não gosto daquele cara, então não levo nada a sério o que ele diz”. Aí olha pra mim e diz “ah, eu acho o dr. Drauzio Varella legal, se ele tá falando, ele estudou…”. O outro fala “eu não gosto dele”. Não pode ser desse jeito.
Nós temos que nos basear em quê? Nós temos que nos basear nos argumentos científicos. É a ciência que tem que apontar os caminhos. Onde é que são os pontos em que a infecção se transmite mais depressa? De que maneira? Lavar a mão ajuda? Nós temos que separar as pessoas? Isso é a ciência que tem que dizer. É a epidemiologia que vai definir. E nós temos que ter a ciência como norte. É ela que vai dizer que direção nós vamos seguir. Os detalhes podem ser discutidos com os gestores locais, mas as linhas gerais têm que ser dadas pela ciência.
Aquelas pessoas que no dia de hoje ainda dizem que não passa de uma “gripezinha”… Isso é uma alienação total em relação a tudo o que está acontecendo no mundo. Muita gente tem perdido a vida. Em geral pessoas mais velhas, adoecidas, mas gente mais jovem, com outros problemas de saúde. Uma gripezinha não mata as pessoas como esse vírus tem matado em todos os países do mundo.
Nós pensamos o seguinte: Com o que nós estamos contando agora. Quem é que tem tido um papel exemplar nesse momento, em toda essa história? A mídia. É a imprensa que tem falado, disseminado o conhecimento. Hoje você não encontra um brasileiro que não saiba o que é o coronavírus. Que não saiba que tem que lavar a mão. Que não saiba os cuidados que tem que tomar com os mais velhos, com as pessoas mais frágeis. Quem foi que disseminou esse conhecimento para 210 milhões de brasileiros? Foi o governo, por acaso? Foi o prefeito da cidade? Não! Quem disseminou esse conhecimento foi a mídia. Foram os telejornais, foram as matérias de televisão, matérias no rádio, matérias nos meios de comunicação de massa. Dizer que a mídia está enganando o povo? Tenha dó, né… Não é hora de fazer uma coisa dessas. É muita irresponsabilidade. Nós temos que prestigiar o trabalho da mídia, é ela que está divulgando todos esses conhecimentos.
Nós não podemos esquecer que vocês têm que seguir as recomendações que são gerais, de ficar em casa. Ficar em casa. Vai ser para a vida inteira? Não, vai ser por um período. O mínimo de tempo necessário. Fique em casa, especialmente se você tem mais idade e se você tem doenças associadas. Essas são as pessoas que têm que ser protegidas. E você, que é jovem, tem que protegê-las. De que maneira? Fazendo de tudo para não deixar o vírus entrar em contato com elas.