Mpox e o aumento das doenças infecciosas - Portal Drauzio Varella
Página Inicial
Vídeos

Mpox e o aumento das doenças infecciosas

O dr. Drauzio fala sobre o aumento de casos da mpox, como é a transmissão da doença e por que ela tem se espalhado pelo mundo.
Publicado em 01/08/2022
Revisado em 19/08/2024

O dr. Drauzio fala sobre o aumento de casos da mpox, como é a transmissão da doença e por que ela tem se espalhado pelo mundo.

 

No dia 26 de julho, a Organização Mundial da Saúde chamou a atenção das autoridades brasileiras para o avanço da mpox, que já tem mais de 700 casos no país. A transmissão se dá pelo contato com secreções ao falar, tossir ou espirrar e também com as lesões que surgem na pele de indivíduos contaminados. Assista a explicação do dr. Drauzio e entenda por que as doenças infecciosas estão cada vez mais comuns.

Não pode ouvir agora? Acompanhe a transcrição a seguir:

Olá, hoje é dia 26 de julho de 2022.

No dia de hoje, a Organização Mundial da Saúde chamou a atenção das autoridades sanitárias brasileiras para a varíola dos macacos, monkeypox. O Ministério da Saúde prefere falar varíola, chamar essa varíola de monkeypox, pra evitar que alguns malucos, aí, achem que precisam matar os macacos, né, porque eles passariam a doença.

Vamos lembrar que esse tipo de vírus vem de roedores, o macaco é uma das espécies infectadas pelo vírus. Nós temos no Brasil, hoje, cerca de 700 casos desse tipo de infecção. É possível até que esses números sejam mais altos porque pode haver subnotificação, como é uma doença que provoca lesões na pele, aquelas bolhinhas que parecem da varíola mesmo, em geral, é mais fácil
de reconhecer.

Essa varíola, como a gente sabe, os primeiros casos surgiram na África. E, na África, tem dois tipos de variantes do vírus: uma que pega mais nos países da África Central, como a República Centro-Africana ou a República Democrática do Congo, e outros na parte mais oeste da África, que é especialmente a Nigéria. Esse vírus que corre na parte central do continente africano, em geral, é um vírus um pouco mais agressivo, tem uma mortalidade significativa, cerca de 10% dos casos que não recebem nenhum tratamento especial acabam indo a óbito. Já o vírus do oeste, o vírus da Nigéria, é um vírus que tem uma mortalidade muito baixa, abaixo de 1%.

Os vírus que têm sido sequenciados aqui agora e fora da África têm sido esses menos virulentos do oeste africano. Nós não tivemos nenhum óbito e tomara que eles não venham a acontecer aqui no Brasil. De qualquer forma, nós temos que estar espertos e tomar esses cuidados. O vírus se transmite nos primeiros dias através das secreções nasais e orais, que a gente elimina enquanto fala, tosse, espirra etc., como da covid, mas, depois, como ele fica, ele dura duas, três semanas, o quadro clínico, aquelas bolhinhas, aquelas lesões de pele que aparecem são contagiosas. Então, aqueles que têm um contato de pele têm um risco grande de adquirir o vírus.

Por que que tem acontecido isso, não é? A gente tá saindo da Covid, ainda vendo o vírus criando variantes, ainda um número de casos grande, estamos tendo ainda cerca de 240, 250 mortes diárias pela Covid em média. Por que esses vírus todos? Por várias razões. Primeiro, porque nós invadimos o habitat onde eles vivem, o habitat deles, né. Eles tão ali infectando animais silvestres, e a gente derruba as árvores, entra em contato com esses animais, alguns caçam esses animais, outros pegam esses animais silvestres e ficam com eles como bichinhos de estimação. Esse contato todo leva o vírus dos pequenos povoados, leva o vírus pras cidades maiores, e as cidades maiores do mundo hoje são cidades que existe um grande número de habitantes.

Mesmo nos países pobres, nos países mais pobres do mundo, você tem grandes concentrações humanas. E, aí, você tem as condições necessárias pro aparecimento de novas epidemias. É a invasão do ambiente, o contato com os animais e voltar, depois, pros centros pequenos e, mais tarde, pros centros maiores, com milhões de habitantes, onde o vírus vai se disseminar. Nós vamos ter que aprender a conviver com essas epidemias, com essas pandemias, e achar uma forma sempre de evitar a transmissão desses vírus. Nós não vamos ter mais sossego porque o estilo de vida moderno facilita o aparecimento dessas infecções e, infelizmente, dessas pandemias.

Veja também: Mpox – DrauzioCast #184

Compartilhe