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Como funciona a vacina quadrivalente contra a gripe?

A vacina quadrivalente é oferecida na rede privada e pode ser tomada por todas as pessoas a partir dos 6 meses de idade. Saiba mais. 
Publicado em 26/03/2025
Revisado em 26/03/2025

A vacina quadrivalente é oferecida na rede privada e pode ser tomada por todas as pessoas a partir dos 6 meses de idade. Saiba mais. 

A gripe, infecção causada pelo vírus influenza, geralmente provoca sintomas como febre, dor de cabeça, dores no corpo, dor de garganta, tosse, congestão nasal e mal-estar. Embora seja muitas vezes confundida com o resfriado, é uma doença mais grave, que pode comprometer a saúde como um todo. 

As complicações associadas à infecção incluem quadros de pneumonia, sinusite, otite (infecção de ouvido), desidratação, piora de doenças crônicas, sepse e até óbito. Pessoas idosas, crianças pequenas, gestantes, pacientes imunossuprimidos ou com doenças crônicas são alguns dos grupos mais vulneráveis à gripe e com maior risco de desenvolver esses problemas.

Para se prevenir, a melhor estratégia é vacinar-se. Atualmente, existem dois tipos de vacina contra o vírus influenza: a trivalente e a quadrivalente. 

“Uma vacina ‘quadrivalente’ é aquela que possui quatro tipos de cepas de vírus influenza, diferentemente da trivalente, que possui três cepas. Enquanto a trivalente inclui duas cepas de influenza A (uma H1N1 e outra H3N2) mais uma B (de uma das duas variantes, Yamagata ou Victoria), a quadrivalente apresenta, além das duas cepas A, as duas variantes de B (tanto Yamagata quanto Victoria, juntas)”, explica o dr. Natanael Adiwardana, infectologista do Hospital São Luiz Itaim, da Rede D’Or, em São Paulo. 

O vírus influenza possui quatro tipos: A, B, C e D. Os vírus influenza A e B são os responsáveis pelas epidemias sazonais, sendo o A causador das grandes pandemias. O vírus C, que infecta humanos e suínos, é identificado com uma frequência bem menor e geralmente provoca infecções leves. Já o tipo D foi detectado em suínos e bovinos e não é conhecido por infectar humanos. 

Como a vacina quadrivalente é produzida

As vacinas são feitas a partir de compostos de vírus inativado. “Após o vírus ser incubado em células (mais comumente em ovos), ele é processado em métodos químicos ou físicos (como altas temperaturas ou irradiação), o que o torna incapaz de se multiplicar ou causar infecções em quem recebê-lo – por isso, frequentemente os especialistas chamam essas cepas de ‘vírus morto’”, esclarece. 

Para escolher quais cepas devem ser incluídas nas vacinas, especialistas em epidemiologia entendem quais delas estão em maior circulação (mundialmente e nos últimos 12 meses), através de pesquisas em diversos hospitais e centros de vigilância pelo mundo – as chamadas “unidades sentinela”, conforme explica o médico. “As cepas mais circulantes passam então pelo processo de inativação e são inseridas no composto da vacina.”

Como a vacina quadrivalente age no organismo

A presença de estruturas do “corpo” do vírus morto desencadeia um estado de alerta no sistema imunológico, que é o sistema de defesa do organismo. Dessa forma, segundo o especialista, as células identificam a presença desse vírus, analisam-no e sinalizam os linfócitos (células de defesa especializadas em memorizar a estrutura do vírus). 

O processo é semelhante à ideia de um cartaz de “procurado pela polícia”, em casos de criminosos foragidos. Ou seja, quando a pessoa entrar em contato com o vírus, o seu sistema de defesa estará “avisado” e pronto para combatê-lo. 

“Assim, quando este vírus for novamente encontrado no organismo, as células de memória rapidamente sinalizam e mobilizam células que encontram, digerem, isolam e destroem o vírus vivo, reduzindo a chance do vírus causar infecção”, esclarece o dr. Natanael. 

Além disso, ele explica que mesmo que o vírus entre em quantidade maior, causando a doença, a pronta resposta do sistema imunológico permite uma atenuação da infecção, gerando quadros mais leves em vez de formas graves da doença. 

Veja também: Confusão entre gripe e resfriado ajuda a explicar taxa baixa de vacinação contra gripe

Vacinação é a melhor forma de prevenção

A vacinação é o principal método de prevenção contra a gripe. É claro que outras medidas preventivas são importantes no dia a dia, como lavar as mãos com frequência, cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar e evitar contato próximo com pessoas doentes. Mas a vacina é, sem dúvidas, a melhor maneira de se proteger, especialmente para quem faz parte de algum grupo de risco.

“Vacinar-se contra influenza ajuda tanto a reduzir a chance de transmitir quanto de se contaminar com o vírus. Não apenas isso, mas mesmo que você acabe exposto e fique doente, você terá menores riscos de evoluir com a forma grave da doença. É uma proteção coletiva e individual”, destaca o infectologista. 

A proteção média da vacina de influenza é de seis meses após a aplicação, devido à dinâmica de circulação das cepas virais que muda constantemente. “Por isso, elas costumam ser atualizadas anualmente e aplicadas em períodos específicos do ano, pouco antes dos períodos de maior incidência de gripe. Assim, é importante manter sua carteira de vacina atualizada com as últimas cepas atualizadas”, completa.

Segurança e eficácia 

A vacina quadrivalente, assim como a trivalente, é eficaz e segura para todos os grupos, incluindo aqueles com maior risco de desenvolver complicações associadas à doença. O especialista diz que a vacina da gripe é conhecida há muito tempo e é raro observar eventos adversos graves ou limitantes. 

“Por outro lado, o potencial de proteção individual e coletiva são muito interessantes, ainda mais entre pessoas vulneráveis como crianças, gestantes e idosos. A eficácia pode variar conforme o perfil da pessoa – alguns possuem graus de maturidade imunológica diferentes, o que exige doses adicionais de reforço, como nas primeiras doses da criança antes de completar um ano de idade. Contudo, pensando em dimensões coletivas, a proteção é certamente relevante”, destaca. 

O imunizante pode provocar algumas reações leves – como dor, vermelhidão e endurecimento no local da aplicação – em aproximadamente uma em cada cinco ou seis pessoas. Esses sintomas costumam desaparecer em até três dias e não devem gerar preocupação. 

“Efeitos sistêmicos como febre, mal-estar e dor muscular generalizada também podem acontecer em até uma em cada dez pessoas. Para amenizar esses sintomas, analgésicos simples, repouso e hidratação costumam ser suficientes. Reações alérgicas são extremamente raras e quando acontecem exigem uma avaliação médica”, orienta o dr. Natanael.

Quem deve se vacinar? 

A vacinação contra a gripe é recomendada para toda a população a partir dos 6 meses de idade, especialmente para pessoas que são mais vulneráveis às infecções respiratórias, como crianças, idosos, gestantes e pacientes com doenças cardíacas, respiratórias ou que comprometam a imunidade. 

“E ainda que você não tenha uma doença sabida, também é recomendado que se vacine, tanto pelo efeito de proteção individual, mas também para proteger aqueles com os quais preza e convive coletivamente”, conclui o médico.

A vacina quadrivalente pode ser encontrada nos serviços privados de vacinação, como farmácias, clínicas e laboratórios. O SUS disponibiliza a vacina trivalente, que protege contra três cepas do vírus. Geralmente, a campanha de vacinação do governo é voltada para os grupos prioritários, que incluem crianças, idosos, gestantes, pessoas com deficiência, povos indígenas, professores, profissionais de saúde, entre outros.

Conteúdo produzido em parceria com RD Saúde. 

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