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PrEP e PEP: como funcionam os medicamentos que protegem da infecção por HIV?

Publicado em 16/09/2024
Revisado em 18/09/2024

Qual a diferença entre PrEP e PEP? Elas protegem contra outras doenças? Quais outros métodos podem ser utilizados? Entenda esses e outros pontos sobre esses medicamentos.

 

PrEP e PEP são duas estratégias medicamentosas de prevenção da infecção pelo HIV, que atuam em momentos diferentes da cadeia de transmissão: antes ou após a exposição ao vírus”, explica o dr. André Bon, infectologista do Hospital Brasília, Head de Infectologia da Rede Dasa de Hospitais e membro do Comitê Técnico Assessor para Terapia Antirretroviral em Adultos do Ministério da Saúde.

A PrEP é utilizada de maneira preventiva por pessoas em risco contínuo de exposição ao HIV, enquanto a PEP é indicada após uma possível exposição ao vírus, sendo uma opção de emergência que deve ser iniciada em até 72 horas. Ambos são medicamentos antirretrovirais, ou seja, remédios usados para tratar infecções por retrovírus, que suprimem a replicação do vírus no organismo e ajudam a controlar a progressão da doença. 

O dr. Bon esclarece que “a PrEP é uma estratégia medicamentosa em que o indivíduo com alto risco de infecção pelo HIV usa o remédio de forma contínua ou episódica para evitar a transmissão do vírus em caso de exposição de risco”. Ele destaca que, embora no Brasil a PrEP seja oferecida apenas em comprimidos, “já existem outras estratégias com medicações injetáveis implementadas em outros países ou em fase de estudos clínicos”.

Já a PEP atua de forma diferente: “[A medicação] precisa ser iniciada o quanto antes, no máximo em até 72 horas, sendo mais eficaz quanto mais precocemente for iniciada”, explica o dr. Bon. Ela deve ser tomada de forma ininterrupta por 28 dias.

No entanto, é importante ressaltar que nem a PrEP nem a PEP oferecem proteção contra outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como sífilis, gonorreia e clamídia

 

Prevenção combinada

O conceito de prevenção combinada se baseia na integração de diferentes medidas de proteção, adaptáveis a cada situação de risco e a diferentes populações. Essa abordagem é representada graficamente pela mandala da prevenção, que reúne diversas ferramentas, como explica Alexandre Schwarzbold, médico infectologista, professor de Medicina da UFSM e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), “A mandala reúne profilaxia pós-exposição, profilaxia pré-exposição, vacinas para HPV e hepatite B, diagnóstico de outras ISTs, uso de preservativos, tratamento das pessoas que vivem com o vírus, incentivo à autotestagem e prevenção da transmissão de mãe para bebê. Tudo isso compõe a prevenção combinada”. 

        Veja também: Qual a melhor maneira de prevenir ISTs?

 

Máquinas de PrEP no metrô de São Paulo

Em uma ação pioneira, a cidade de São Paulo instalou máquinas automáticas de distribuição de PrEP e PEP em algumas estações do metrô, como parte de uma iniciativa da Secretaria Municipal da Saúde. A primeira dessas máquinas foi inaugurada na estação Vila Sônia, na Linha 4-Amarela, com planos de expansão para outras estações estratégicas, baseadas em dados epidemiológicos.

O projeto visa facilitar o acesso a esses medicamentos para populações vulneráveis, como a comunidade LGBTQIA+, de forma rápida e discreta. O processo de retirada é simples: o interessado passa por uma teleconsulta via o aplicativo e-saúdeSP, obtém a prescrição médica e, com o QR code gerado, retira a PrEP ou PEP diretamente na máquina, juntamente com um kit de autoteste de HIV.

O Dr. Schwarzbold vê com bons olhos essa inovação: “Sou favorável a essa ideia de facilitar o acesso, com o controle adequado via consulta online e registro”, afirma. Ele destaca a importância do acompanhamento médico para garantir o uso adequado dos medicamentos e como essa iniciativa pode ajudar a “controlar a transmissão e a epidemia”.

Conscientização

Apesar dos avanços na prevenção do HIV, é crucial lembrar que o uso de preservativos ainda é uma das principais formas de evitar a transmissão de outras ISTs. “Não existe um só método de prevenção de todas as ISTs”, enfatiza o dr. Bon.

A adesão à PrEP também requer conscientização sobre os limites dessa ferramenta. “É fundamental que a pessoa entenda o que significa essa estratégia e como gerenciar seu próprio risco”, ressalta Schwarzbold. “Uma questão importante é avaliar o entendimento e a motivação das pessoas para o uso da PrEP. Ou seja, quem é candidato ao uso de PrEP deve compreender o que significa essa estratégia e como ela impactará sua vida, para que possa gerenciar seu risco de infecção. Além disso, é necessário motivar o indivíduo para o uso. Essa análise de elegibilidade deve ser feita com um forte vínculo de confiança entre o paciente e o profissional de saúde”, conclui.

        Veja também: Prevenção de ISTs: camisinha não é a única alternativa 

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