O priapismo pode ter diversas causas, e exige tratamento médico. Saiba mais.
Você já ouviu falar em priapismo? Trata-se de uma ereção involuntária e persistente, frequentemente associada à dor e que não necessariamente é desencadeada por um estímulo sexual.
Segundo o dr. Fernando Nestor Facio, urologista da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo (SBU-SP), existem algumas causas para esse problema, como o uso de medicações para induzir ereção que, quando utilizadas em doses elevadas ou por pacientes que tenham alguma sensibilidade às drogas, podem levar ao priapismo; consumo de maconha e álcool; e doença falciforme (pessoas com a doença têm maior risco de ter priapismo).
O especialista explica que, em alguns casos, o priapismo provoca uma perda da elasticidade do corpo cavernoso do pênis e processos que podem levar à fibrose. E uma vez que se forma a fibrose no tecido elástico – que é o tecido que se distende e provoca a ereção –, ele passa a ficar rígido e o paciente começa a desenvolver disfunção erétil. “Hoje, comumente, em jovens que têm um priapismo que ultrapasse 36 horas de isquemia (presença de um fluxo de sangue e oxigénio inadequado a uma parte específica do organismo), ou mesmo 24 horas de isquemia, há grande chance de desenvolver disfunção erétil”, afirma.
Tipos e características do priapismo
Segundo o médico, existem alguns tipos de priapismo:
- Priapismo isquêmico: caracterizado por uma baixa oxigenação no pênis e uma ereção muito dolorosa. É o pior tipo de todos, porque pode alterar as estruturas do corpo cavernoso – o que, no futuro, pode levar à disfunção erétil. Esse tipo precisa de atendimento de urgência;
- Priapismo não isquêmico: neste caso, há um alto fluxo sanguíneo. Uma causa comum são os traumas, como uma pancada no pênis, por exemplo. O trauma pode causar uma fístula que alimenta o corpo cavernoso com muito sangue arterial. Esse tipo de priapismo não é tão dolorosa e o pênis não fica rígido como no isquêmico;
- Priapismo isquêmico intermitente: semelhante ao isquêmico, porém, muito mais frequente em pessoas jovens e ocorre sempre durante à noite, causando ereções noturnas prolongadas acompanhadas de muita dor.
Mesmo que o tipo não isquêmico seja menos grave do que o isquêmico, a recomendação do urologista é que a pessoa busque atendimento médico em qualquer situação. “O paciente não vai entender o que é priapismo isquêmico e o que é priapismo não isquêmico. Toda vez que tem uma ereção ao terminar o ato sexual, ou sem estar ligado a um estímulo sexual, deve-se procurar a emergência médica o quanto antes. Se o paciente procura com o menor prazo possível, até 6 horas, os resultados são melhores”, afirma.
Como funciona o tratamento
Para tratar o priapismo, é feita uma punção com uma agulha no pênis para captar o sangue e verificar se esse sangue é rico em oxigênio ou não. Dessa forma, será possível identificar o tipo (isquêmico ou não isquêmico) e seguir com a melhor conduta de tratamento, que é diferente para cada caso.
No priapismo isquêmico, é preciso fazer uma drenagem de sangue do pênis – em algumas situações, de forma cirúrgica. Os procedimentos são feitos com anestesia local. Também pode ser necessário o uso de adrenalina ou substâncias semelhantes para causar uma vasoconstrição do pênis. Em casos de priapismo isquêmico intermitente, podem ser utilizadas ainda medicações para evitar ereções frequentes.
No caso do priapismo não isquêmico, em que o pênis está muito oxigenado, é realizada uma embolização da artéria que está levando muito fluxo sanguíneo para o corpo cavernoso. “E com isso, você bloqueando esta artéria, você faz com que o pênis tenha detumescência, ou seja, o pênis volta para a condição flácida”, explica o médico.
Veja também: Principal causa da disfunção erétil é emocional