Saúde na pandemia: Covid-19 reduz atendimentos e diagnósticos de outras doenças

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Queda no número de atendimentos médicos e diagnósticos terá reflexo na saúde pública nos próximos anos.

 

A pandemia do novo coronavírus mudou a realidade das pessoas ao redor do mundo e uma das áreas mais afetadas foi a da saúde. Por medo de serem infectadas pela covid-19, muitos indivíduos deixaram de fazer exames e consultas de rotina ou até mesmo procurar atendimento quando acreditavam não se tratar de algo grave.

Uma pesquisa feita pela Johnson & Johnson Medical Devices em parceria com o Instituto Ipsos, entre setembro e outubro de 2020, com 2.200 pessoas em cinco países da América Latina (Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e México) revelou que 70% dos participantes cancelaram ou adiaram serviços de atenção médica – como consultas preventivas e cirurgias eletivas – devido à pandemia. Além disso, 39% dos brasileiros responderam que sua saúde piorou neste período, sendo que 25% disseram ter piorado pouco e 14% relataram que piorou muito.

 

Impacto da pandemia no sistema de saúde

 

Os impactos da pandemia de coronavírus na saúde da população provavelmente serão sentidos por muito tempo, segundo o dr. Gustavo Scapini, cirurgião geral e gerente médico da Johnson & Johnson Medical Devices Brasil. “No país, o diagnóstico de novos casos de câncer reduziu em cerca de 70% desde o começo da pandemia”. No caso das doenças cardiovasculares e doenças crônicas, também houve queda no número de diagnósticos e nas consultas de acompanhamento.

Ainda segundo Scapini, o impacto do atraso no diagnóstico e tratamento dos pacientes terá reflexos importantes no sistema de saúde.

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“Quanto mais tarde diagnosticarmos uma doença, maior a probabilidade do paciente ter uma doença grave e maior o risco de desenvolver complicações sérias. Em termos de investimento em saúde, um paciente com maior gravidade consome mais recursos humanos e insumos, tem um pior prognóstico e menor expectativa de vida. Usando um velho bordão, é melhor prevenir do que remediar. Infelizmente, os anos de 2021 e 2022 serão anos de remediações e não sabemos ao certo quando conseguiremos reorganizar o sistema”, afirma o médico.

 

Teleatendimento em evidência na pandemia

 

A telemedicina ganhou destaque neste ano diante da necessidade do distanciamento social, já que o atendimento à distância permite que o paciente tenha acesso a um médico sem precisar sair de casa.

“O atendimento à distância é uma ferramenta já incorporada na medicina. O nosso esforço e obrigação daqui para frente é utilizá-la da melhor maneira possível para oferecer um serviço de qualidade para a população. A telemedicina não vem para substituir o atendimento presencial e pessoal. Ela traz ferramentas que serão complementares ao atendimento convencional”, explica dr. Scapini. No Brasil, 59% dos participantes da pesquisa declararam se sentir confortáveis em usar os serviços de telemedicina para gerenciar suas consultas médicas.

Como complemento ao atendimento convencional, o teleatendimento é muito útil para fazer uma espécie de triagem dos pacientes.

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“Isso significa que, por meio de atendimento à distância, podemos explicar ao doente se ele deve procurar um serviço de emergência ou agendar uma consulta com um médico generalista ou especialista nas próximas semanas”, explica. Mas não é só isso: “No período pós-operatório, por exemplo, o cirurgião pode evitar o deslocamento do paciente e reduzir a sua exposição. Ao combinar uma técnica cirúrgica que emprega fios absorvíveis, que não precisam ser retirados, e cola cirúrgica, por exemplo, o cirurgião consegue visualizar e acompanhar o processo de cicatrização, mesmo à distância utilizando um atendimento por vídeo, e visualizar sinais de infecção”.

Quando falamos de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, muitas informações e orientações sobre mudança de hábitos e adesão ao tratamento, por exemplo, também podem ser conduzidas por teleatendimento. “As possibilidades são muitas. A tecnologia vem para ampliar a nossa forma de atuação. Desde que utilizadas com foco em segurança, podemos explorar ainda melhor essas ferramentas”, completa o médico.

 

Cuidados com a saúde não devem ser deixados de lado

 

Quase metade dos participantes da pesquisa responderam que se sentiriam seguros para fazer alguma cirurgia ou procedimento médico opcional durante a pandemia se o hospital ou centro médico tivesse uma área livre de coronavírus. Muitos hospitais e unidades de atendimento já têm medidas estabelecidas para diminuir o risco de transmissão, incluindo áreas separadas para atender pacientes com suspeita de covid-19. “Outra ação importante é organizar os serviços para reduzir o tempo de permanência nas unidades, levando em conta que o risco é proporcional ao tempo de exposição e a quantidade de vírus circulante”, reforça dr. Scapini.

As medidas que cada um deve tomar individualmente ao sair de casa são aquelas que já estamos falando há meses: usar máscara cobrindo a boca e o nariz, evitar levar as mãos ao rosto e fazer higiene frequente das mãos com água e sabão ou com álcool gel. E claro, manter o distanciamento físico das outras pessoas.

Por mais que a situação do coronavírus no país ainda seja bastante desafiadora, é fundamental buscar atendimento médico em casos de sintomas incomuns, como dor no peito, falta de ar, dor de cabeça muito forte e que não passa. “Quando você sente algum sintoma ou tem a alteração de algum sinal vital, você tem algo que precisa ser avaliado por um profissional de saúde. Se você não fizer isso, a chance de você ter uma situação mais grave é maior. Resumindo, você tem o risco de ser contaminado pelo covid-19 ao sair de casa, mas permanecer em casa sentindo algo incomum é sinal de que você já está doente e vai piorar se não buscar ajuda”.

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Além disso, quem já estava em tratamento de doenças, principalmente as doenças crônicas, não deve interrompê-lo e nem deixar de buscar orientações. “É fundamental manter o acompanhamento médico para toda e qualquer condição crônica de saúde, assim como é essencial procurar um médico quando novos sinais ou sintomas aparecem”, afirma o cirurgião.

 

Saiba mais

 

A campanha “Minha saúde não pode esperar” reúne informações de saúde em uma plataforma digital para ajudar às pessoas a tirar dúvidas e buscar atendimento médico, quando necessário. O site conta com diversos recursos, incluindo informações sobre telemedicina e perguntas frequentes sobre a retomada dos atendimentos. Acesse www.minhasaudenaopodeesperar.com.br.

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