6 perguntas e respostas sobre doação de órgãos

Duas mãos com luvas segurando um coração. Imagem-conceito de doação de órgãos.

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Publicado em: 27 de setembro de 2019

Revisado em: 11 de agosto de 2020

É preciso tirar algum documento para doar? A família pode impedir? Esclarecemos algumas das principais dúvidas sobre doação e transplante de órgãos.

 

O Brasil é referência quando o assunto é transplante de órgãos. Possuímos o maior sistema público de transplantes do mundo, sendo que mais de 90% dos procedimentos são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com informações do Ministério da Saúde. O país é o segundo maior transplantador do mundo, ficando apenas atrás dos Estados Unidos. Entretanto, podemos melhorar no que se refere ao número de doações. Separamos aqui seis dúvidas comuns sobre o tema.

 

1. É preciso ter algum documento ou registro para ser doador de órgãos?

 

Não. O mais importante é deixar claro para a família o seu desejo de ser doador. No Brasil, o transplante de órgãos só pode ser realizado após a autorização familiar. Não há nenhuma lei que garanta que a vontade do doador seja feita, isto é, se uma pessoa manifesta seu desejo de doar e, após sua morte, a família nega, seus órgãos não serão doados. Entretanto, se o assunto é debatido e a família tem conhecimento desse desejo, frequentemente ela autoriza a doação.

 

Veja também: Entrevista sobre doação e transplante de órgãos no Brasil

 

2. Quantas pessoas podem ser beneficiadas por um doador de órgãos?

 

Um único doador que teve morte encefálica pode ajudar até dez pessoas que estão na fila de espera do transplante. É possível doar órgãos (coração, fígado, rins, pâncreas, pulmões e pele) e tecidos (ossos, córneas e medula óssea). São realizados diversos exames para verificar a compatibilidade entre doador e receptor para aumentar a chance de cirurgias bem-sucedidas. A posição na lista de espera é definida a partir de critérios como urgência do procedimento e tempo de espera.

 

3. O que é morte encefálica?

 

A morte encefálica consiste na perda total e irreversível das funções cerebrais. Pela legislação, a doação de órgãos só pode ser realizada quando ela é confirmada. Algumas pessoas confundem morte encefálica com coma, mas essas são condições completamente diferentes. O coma é reversível; ou seja, a pessoa ainda pode acordar. Um paciente com morte encefálica não está em coma e não tem possibilidade de acordar novamente. O diagnóstico de morte encefálica é confiável e segue critérios específicos regulamentados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

 

Veja também: Parentes ainda resistem a autorizar doação de órgãos

 

4. A doação de órgãos pode deixar o corpo do doador deformado?

 

Não, a retirada de órgãos para doação é feita por uma cirurgia consolidada há muitos anos na Medicina e não causa nenhuma deformidade. Após o procedimento, a família poderá velar seu ente querido ou proceder com seus rituais normalmente.

 

5. É possível doar órgãos em vida?

 

Sim. Existem dois tipos de doadores, vivo e falecido. O doador vivo pode doar um dos rins, parte da medula óssea, parte do fígado ou do pulmão. Qualquer pessoa que concorde com a doação, desde que o procedimento não seja prejudicial à sua saúde, pode doar. Nesses casos, é preciso ter sangue compatível com o receptor e passar por avaliação médica.

Familiares de até quarto grau podem ser doadores dentro de sua própria família. Para doar para outras pessoas, é necessário autorização judicial. Já o doador falecido é aquele que teve morte encefálica (normalmente são pacientes vítimas de problemas como acidente vascular cerebral – AVC – ou traumatismo craniano, causas de morte que na maioria das vezes mantêm os órgãos em condições de serem doados).

 

6. Quais são os riscos para o doador vivo?

 

O doador está sujeito aos riscos normais de se submeter a uma cirurgia com anestesia geral, mas antes do procedimento são feitos exames a fim de minimizar os riscos. Veja os detalhes de doação e transplante para os principais órgãos:

  • Rim: A função renal pode ser realizada adequadamente por um único rim, sem que isso cause prejuízos à saúde do doador;
  • Fígado: Apesar de uma boa parte do fígado ser retirada, esse é um órgão que tem enorme capacidade de regeneração, o que possibilita que ele retome seu tamanho original após a cirurgia;
  • Pulmão: Esse transplante normalmente é feito de um doador adulto para um receptor criança, de forma que apenas um pequeno pedaço do pulmão é retirado e o doador consegue viver normalmente, exceto em casos excepcionais (por exemplo, se tiver uma profissão que exija sobremaneira esse órgão, como um nadador profissional);
  • Medula óssea: Existem dois métodos para doação de medula e apenas um deles é feito em centro cirúrgico, com anestesia geral. Os riscos são mínimos e a medula se recupera em poucas semanas.

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