É insônia ou ansiedade?

Se você sofre de problemas para dormir, pode ser difícil identificar se é insônia ou ansiedade. Saiba qual é a relação e como diferenciá-las.

A insônia e a ansiedade costumam andar juntas, e mesmo sendo problemas diferentes, uma pode agravar a outra.

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Publicado em: 21 de abril de 2023

Revisado em: 24 de abril de 2023

A insônia e a ansiedade costumam andar juntas, e mesmo sendo problemas diferentes, uma pode agravar a outra.

 

Você deita com a intenção de dormir e, em menos de 30 minutos, o sono chega sem dificuldades. Para muitos, é a norma. Para outros, isso é impensável. Ficar revirando na cama, pensando nos problemas e sofrendo para conseguir pegar no sono é a realidade de diversas pessoas. A insônia e a ansiedade são as principais causadoras desse impasse e, na maioria das vezes, elas estão associadas.

 

Qual é a relação entre a insônia e a ansiedade?

“Antigamente, achava-se que a insônia era um sintoma da ansiedade. Só que aí a gente começou a perceber que, muitas vezes, a ansiedade era tratada e a insônia persistia. Então, atualmente, a gente entende que a insônia e a ansiedade atuam como comorbidades”, explica o dr. João Gallinaro, psiquiatra especialista em sono.

Ou seja, ainda que sejam condições diferentes, elas acabam se potencializando mutuamente: uma provoca o agravamento da outra.

Por exemplo: algumas das manifestações do transtorno de ansiedade generalizada são a preocupação excessiva, a incapacidade de relaxar e o grau de alerta aumentado. Sendo assim, o paciente fica com a mente tão ocupada pelos próprios pensamentos que não consegue pegar no sono, nem mantê-lo. Daí o quadro de insônia.

Por outro lado, quando o paciente já tem insônia, ir dormir pode se tornar um momento de temor. O pensamento de que não vai conseguir pegar no sono traz a preocupação com as repercussões no dia seguinte e ele acaba desenvolvendo um quadro de ansiedade em relação ao ato de ir dormir.

“Hoje, a gente entende que as duas coisas têm um grau de importância parecido e é preciso acompanhá-las em conjunto para ter sucesso no tratamento”, afirma o dr. João.

 

Como diferenciar a insônia e a ansiedade?

É por essa relação tão intrínseca que uma pessoa que começa a dormir mal pode ter dúvidas na hora de diferenciar a insônia da ansiedade.

Segundo o psiquiatra, a ansiedade é caracterizada pela preocupação em excesso e dificuldade de controlar os pensamentos. Além disso, ela pode apresentar sintomas físicos, como tensão muscular, taquicardia e falta de ar.

Já a insônia se dá pela dificuldade de começar a dormir, manter o sono ao longo da noite ou voltar ao descanso mesmo quando a pessoa acorda mais cedo do que gostaria.

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O que fazer para dormir melhor?

Para evitar noites mal dormidas por conta dessas condições, o dr. João traz algumas estratégias importantes:

  • Reserve um tempo para digerir o que aconteceu naquele dia: “Geralmente, as pessoas fazem muitas coisas até o último minuto do dia e usam a hora do sono para processar as informações. Coloque tanto a parte física quanto mental em um modo mais adequado para começar a dormir”, diz o especialista.
  • Pratique atividades que favoreçam o estado de relaxamento: “Tem muitas pessoas que gostam de meditar nesse período. Existem alguns exercícios de respiração também, há a técnica de relaxamento de Jacobson [método de contração e relaxamento de grupos musculares específicos que trabalha a consciência corporal e acalma o cérebro]… Geralmente, a gente faz coisas que nos deixam estimulados, como mexer no celular ou no computador e ver séries. A pessoa acha que está se distraindo, mas está sendo mais estimulada”, destaca.
  • Escreva em um caderno de anotações: “Reserve um período longe da hora de dormir para organizar os seus pensamentos. Em um caderno de anotações, coloque os seus compromissos e sentimentos. Isso ajuda a tirar as preocupações da cabeça, processar tudo aquilo ou até mesmo dar uma solução”, indica o psiquiatra.
  • Deite só na hora que estiver com sono: “Um dos problemas de quem tem ansiedade é deitar com a intenção de dormir e ficar revirando na cama. A melhor estratégia é ficar fora da cama, colocar o corpo em um estado de relaxamento e só ir deitar quando sentir sono”, explica.

 

Quando procurar ajuda?

Uma noite de sono ruim, todo mundo tem. Mas se a dificuldade para pegar no sono ou mantê-lo ao longo da noite se tornar persistente e começar a ter repercussões negativas durante o dia, como irritação, cansaço e sonolência, é hora de procurar um médico. E o quanto antes, melhor.

“Quanto mais tempo você fica nesse estado, maior a chance da insônia se tornar crônica e criar raízes. Aí fica mais difícil reverter esse processo”, alerta o dr. João.

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