Muitas vezes, bebês prematuros não estão aptos a receber uma vacina devido ao seu sistema imunológico pouco desenvolvido. Se ele estiver entubado, com uma infecção ou complicação grave, a imunização não é recomendada. No entanto, mesmo quando o quadro se torna estável, a maioria dos atrasos na vacinação se dá por motivos injustificáveis, como equívocos dos profissionais de saúde, falta de acesso ao imunizante e medo por parte dos pais.
“A vacinação de prematuros é um tema importante. Estamos falando de mais de 10% das crianças brasileiras. Não é uma população desprezível. Precisamos investir na velocidade de crescimento, no follow-up, no ganho de peso, na suplementação de vitaminas, no neurodesenvolvimento. E a vacinação também está no meio desse caminho”, alertou Renato Kfouri, pediatra infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), durante a XXVII Jornada Nacional de Imunizações da SBIm, em São Paulo. O Portal Drauzio esteve presente no evento a convite da farmacêutica Sanofi.
Sem a proteção adequada, o risco de infecções neonatais serem mais graves e até fatais neste grupo é maior. O mesmo agente com a mesma carga viral tem um comportamento distinto em um prematuro com 15 dias de vida e em um bebê de 6 meses que nasceu a termo, por exemplo. A longo prazo, os impactos nessas crianças podem se estender a problemas no desenvolvimento motor e cognitivo, deficiências visuais, doenças imunológicas crônicas, entre outros.
Se o prematuro está estável, ele deve se vacinar
“Por isso, todo bebê prematuro [estável] deve receber a vacinação segundo a sua idade cronológica. Aquela criança que completa dois meses tem que receber a vacina de pólio, tríplice bacteriana, hepatite, Haemophilus, pneumonia. Esteja ela com 1,5 kg, 2 kg ou 2,5 kg, esteja ela internada ou em casa”, descreveu o especialista.
A idade cronológica é o tempo real de vida do bebê desde que ele nasceu. A idade corrigida é a idade que ele teria se tivesse nascido após uma gestação completa. Ela é utilizada para acompanhar os marcos do desenvolvimento no primeiro ano de vida, que costumam estar atrasados devido ao baixo peso dos bebês prematuros. Com a vacinação, no entanto, a recomendação é respeitar a idade cronológica. Apenas alguns imunizantes, como o da hepatite B e a BCG, seguem um esquema adaptado, considerando o peso em vez da idade.
Além disso, as vacinas acelulares são as opções mais seguras para prematuros em termos de prevenção de eventos adversos. Uma vacina acelular é feita a partir de fragmentos de bactérias no lugar da bactéria inteira, fazendo com que ela seja menos reativa. E, quanto menos eventos adversos, maior a chance da criança conseguir completar o esquema vacinal.
Familiares e profissionais de saúde também precisam se vacinar
“É sempre recomendado que aqueles que convivem com crianças de alto risco — e aqui vale para os prematuros também — estejam vacinados contra catapora, sarampo, gripe, covid, coqueluche… Ou seja, estar com a vacinação em dia. Essa é uma das principais formas de prevenção em populações vulneráveis”, afirmou o dr. Renato Kfouri.
E isso se aplica aos profissionais de saúde. Não somente aqueles que atendem prematuros, mas qualquer um que trabalhe em uma pediatria e berçário ou que tenha contato com esse grupo da população.
Além da imunização, evitar expor a criança ao tabaco, lavar bem as mãos, usar máscaras se estiver com sintomas gripais e colocá-la na creche o mais tarde possível também são cuidados que ajudam na proteção contra doenças.
Para conhecer o esquema vacinal indicado para os bebês prematuros, acesse o calendário especial da SBIm clicando aqui.
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