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Pediatria

Conheça Igor e Vitória, personagens soropositivos da Turma da Mônica

Publicado em 11/10/2012
Revisado em 11/08/2020

A iniciativa de Christiano junto com a equipe de Mauricio vai ajudar cerca de 608.230 brasileiros portadores do HIV que atualmente convivem com a discriminação. Leia sobre personagens soropositivos da Turma da Mônica.

 

“Ao construir as brinquedotecas nos hospitais públicos referência no tratamento do HIV/Aids no Distrito Federal, percebi claramente a insatisfação dos pais das crianças soronegativas em permitir que os filhos compartilhassem o mesmo espaço com garotos e garotas soropositivos”.

Foi a partir dessa situação que o paraibano Christiano Ramos, presidente da ONG Amigos da Vida (que atua na prevenção e combate do HIV/Aids no Distrito Federal), resolveu criar um projeto divertido para explicar às crianças qual é a real forma de contágio, o que é o vírus e, principalmente, como conviver com jovens soropositivos.

“Como portador do vírus HIV, sei o quanto a falta de conhecimento dos outros interfere na forma como lidam com quem é soropositivo. Hoje tenho 45 anos, mas descobri minha soropositividade aos 19 anos e, ao longo desses anos, sofri preconceito de toda ordem na escola, na universidade e no local de trabalho, por falta de informação sobre a real forma de contágio”.

 

Veja também: Artigo do dr. Drauzio sobre transmissão do vírus da Aids

 

Para conseguir atingir seu objetivo, Christiano vai contar com a ajuda de toda a popularidade da Turma da Mônica. “Pensei em usar a credibilidade da Turma, que tem uma linguagem lúdica e infantil, junto com a nossa técnica de comunicação, para espantar esse preconceito, principalmente do adulto, que acaba influenciando as crianças”, diz Christiano.

O militante levou a ideia até o cartunista Mauricio de Sousa, criador do grupo de amigos mais famoso do País, que ao conhecer o projeto se apaixonou pela ideia e prontamente aceitou o desafio. Desse plano infalível, nasceram Igor e Vitória – os novos personagens soropositivos da Turma da Mônica. Os dois vão estudar na mesma escola que a Mônica, o Cebolinha, a Magali e o Cascão, e quem dará as instruções sobre o vírus e como é o contágio será a professora. “Com essa turminha, eles estarão bem acompanhados”, lembrou o cartunista.

A ideia de fazer a história se passar em uma escola foi do criador Christiano, que auxiliou a equipe de Mauricio com informações sobre a doença. “É na escola que acontece o contato social entre as crianças. Algumas chegam carregadas do ranço do preconceito que vem da família e acabam disseminando isso. Nossa missão é tentar diminuir esse desentendimento e fazer com que o nosso batalhão de pequenos espalhem seus conhecimentos também para os seus pais”, diz Mauricio.

Quando criou Igor e Vitória, Mauricio teve o cuidado de fazer personagens com características que não remetem a fragilidade alguma. Ambos são alegres, divertidos e bem determinados.Têm habilidades esportivas e levam uma vida bem saudável, com a pequena diferença de terem que tomar remédios em determinados momentos. Vitória, cujo nome remete à conquista da vida, é uma garotinha bem bonita e emotiva, mas muito firme quando o assunto é sua doença. Igor faz o perfil boa pinta e esportista, que arranca suspiros de todas as meninas da escola. “Dei esse nome porque é um personagem forte, que precisa de um nome que acompanhe essa característica”, brinca.

Eles vão fazer parte de uma edição especial da revista, que terá 30 mil exemplares, mas vão aparecer em outras histórias da Turminha. Os gibis serão distribuídos gratuitamente nas brinquedotecas do Distrito Federal e nos hospitais públicos do governo. O objetivo é que em 2013 as histórias de Igor e Vitória cheguem, também, a São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Salvador e Recife.

Essa não é a primeira vez que a turma do bairro do Limoeiro usa sua influência entre a criançada para passar informações e conscientizar seus inúmeros leitores. Os personagens Humberto, que é mudo, Dorinha, que é cega, Tati, que tem síndrome de Down, André, que é autista, e Luca, que não anda, já integram o grupo e mostraram que crianças com restrições físicas ou com alguma deficiência levam uma vida normal como qualquer outra. “Todos os nossos personagens são vencedores, enfrentam problemas do dia a dia. Apesar de brigarem entre si, são sempre solidários e se unem por uma causa”, enfatiza Mauricio.

A iniciativa de Christiano junto com a equipe de Mauricio vai ajudar cerca de 608.230 brasileiros portadores do HIV que atualmente têm de conviver com a discriminação. “Na vida, tudo tem jeito, tudo tem remédio, tudo tem caminho. O que existem são obstáculos artificiais, como o preconceito, que acabam barrando nossa evolução como ser humano. Sei que nunca vamos poder acabar completamente com ele, mas vamos fazer todo o possível”, completa Mauricio.

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