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Otorrinolaringologia

Por que a voz muda ao longo do tempo?

A voz também envelhece e, por isso, alguns hábitos podem prejudicar o seu funcionamento. Saiba como cuidar das cordas vocais.
Publicado em 10/11/2023
Revisado em 13/11/2023

A voz também envelhece e, por isso, alguns hábitos podem prejudicar o seu funcionamento. Saiba por que a voz muda com o tempo e como cuidar das cordas vocais.

 

Se você ligar para alguém por telefone, em poucos segundos, será capaz de identificar se quem está do outro lado da linha é uma criança, um adolescente, um adulto ou um idoso. Por mais que cada voz seja única, todas elas passam por mudanças ao longo da vida e devem receber cuidados.

Mas por que a voz muda com o tempo?

 

A voz também envelhece?

Em crianças, a laringe (estrutura onde ficam localizadas as cordas vocais) tem um tamanho determinado. Conforme ela vai crescendo, também aumenta de tamanho, assim como as cordas vocais dentro dela. Essa transformação pode ser percebida principalmente durante a adolescência, quando há o estirão de crescimento e o jovem passa pelo processo de “muda vocal”.

“Imagine as cordas vocais de uma criança pequena e as de um jovem. É como comparar um violino, quando ele é criança, com um violoncelo, quando ele passa pela puberdade. A corda vocal aumenta e, consequentemente, o som produzido por ela reflete esse aumento”, ilustra o dr. Rui Imamura, otorrinolaringologista do Centro Especializado em Laringe e Voz do Hospital Paulista.

Nesse período, os adolescentes costumam ficar com a voz irregular, ora grave, ora fina. É o resultado da influência hormonal até que o “instrumento” seja “afinado” e a voz se estabilize como a de um adulto.

Com o passar do tempo, no entanto, as cordas vocais perdem o seu vigor assim como o restante dos tecidos e músculos do corpo. Isso também leva a alterações na voz, fazendo com que o idoso fale de forma menos potente e, eventualmente, até trêmula.

 

O que mais pode afetar a voz?

Por outro lado, além da ação hormonal e do próprio envelhecimento, existem fatores ambientais que podem ser agressivos para a voz. É o caso, principalmente, do cigarro.

“Em mulheres, por exemplo, o cigarro é conhecido por provocar um engrossamento da voz. Existe uma doença que acomete mulheres fumantes de longa data em que a corda vocal fica inchada e, com isso, muda totalmente a característica”, alerta o otorrino.

O uso de anabolizantes sem acompanhamento médico também pode afetar a voz, inclusive de maneira permanente — mesmo após o abandono dos hormônios. O risco inclui os anabolizantes injetáveis, de via oral ou até em formato de pomada.

E há ainda as condições temporárias, como as infecções. “O que acontece em uma laringite? Fica tudo inchado. Aí a corda vocal também engrossa e a voz muda, tanto em homens quanto em mulheres”, explica o dr. Rui.

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Atenção especial com a voz dos idosos

Na terceira idade, porém, é preciso acender o sinal de alerta frente às alterações na voz. Ainda que elas sejam comuns, muitas vezes, podem representar um problema mais grave ou, ainda, resultar em isolamento social.

De acordo com o dr. Rui, mais da metade dos idosos com problemas vocais possuem doenças que, se não forem diagnosticadas precocemente, representam um prejuízo para a saúde como um todo. Alguns dos exemplos são o edema de Reinke, a paralisia de corda vocal e tumores ou doenças pré-tumorais. 

“Além disso, idosos com problemas vocais importantes tendem a se isolar, aumentando o risco de depressão e comprometimento no trabalho”, destaca o otorrinolaringologista.

 

Sinais de alerta e cuidados

Seja em idosos ou em qualquer idade, alguns dos sinais de que é preciso procurar avaliação médica são rouquidão que persiste por mais de duas semanas, especialmente em pessoas mais velhas, tabagistas e etilistas; ou que está associada a engasgo, isto é, que provoca tosse ao comer ou beber.

As dicas do dr. Rui Imamura para evitar prejuízos à voz são:

  • Evitar ou largar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool;
  • Hidratar-se constantemente;
  • Fazer períodos de descanso da voz regularmente, especialmente quem trabalha com ela, como cantores, professores e seminaristas;
  • Para quem tem refluxo, evitar alimentos que possam favorecer a ocorrência da doença, como aqueles muito condimentados, apimentados, cítricos ou gordurosos.

Se perceber alguma alteração suspeita, procure um otorrinolaringologista. Fonoaudiólogos e gastroenterologistas também podem ajudar no tratamento, a depender da causa do problema.

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