Por que o fêmur demora para se recuperar?

Entenda o que pode enfraquecer esse osso tão importante do corpo humano, quais as consequências de sua fratura e como evitá-la.


Equipe do Portal Drauzio Varella postou em Ortopedia

desenho de corpo humano em 3D com destaque para o fêmur. Fratura de fêmur pode ser grave.

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Publicado em: 20 de junho de 2023

Revisado em: 22 de junho de 2023

Entenda o que pode enfraquecer esse osso tão importante do corpo humano, quais as consequências da fratura de fêmur e como evitá-la.

 

São duas as principais causas para a fratura do fêmur – maior e mais forte osso do corpo humano –, segundo especialistas. Para os jovens é o acidente com alto impacto, como os de trânsito, por exemplo. E para os idosos, são as que ocorrem como resultado da osteopenia, uma perda gradual de massa óssea, que pode levar à osteoporose. Segundo o dr. André Pedrinelli, diretor da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), “é importante lembrar que todas as pessoas terão osteopenia, ela faz parte do nosso processo biológico de envelhecimento”.

Apenas o seu agravamento leva à osteoporose, condição metabólica em que ocorre uma diminuição progressiva da densidade óssea. Nossos ossos estão constantemente sendo renovados. Eles se decompõem e também são restaurados, graças à absorção de nutrientes. Por questões hormonais, essa absorção pode ser comprometida. E assim, o paciente fica muito mais sujeito a fraturas. 

 

Diferenças entre homens e mulheres

“Por conta das questões hormonais que afetam o metabolismo de cálcio, a osteoporose é muito mais comum em mulheres, uma vez que após a menopausa, há uma alteração bastante significativa de hormônios”, diz o dr. Marco Aurélio Neves, ortopedista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo. Segundo ele, a osteoporose, somada à falta de atividade na velhice, faz com que o fêmur fique mais fraco. 

Mas não são só as mulheres que podem apresentar esse quadro. A andropausa, definida como uma versão masculina da menopausa, é caracterizada pela diminuição nos níveis de testosterona e também pode causar o enfraquecimento dos ossos. O dr. André explica as distinções: “A andropausa é mais lenta, se dá de maneira progressiva ao longo da vida. Diferentemente da menopausa, que acontece de forma abrupta. O que muda nesses casos é que é necessário um diagnóstico e um tratamento mais precoce no caso das mulheres”.

        Ouça: Por Que Dói? #19 | Fratura óssea

 

Os riscos da fratura de fêmur

O tratamento para fratura é geralmente cirúrgico, e procura-se realizar esse procedimento o mais rápido possível. A recuperação dessa cirurgia envolve alguns riscos, que são maiores para os idosos do que para os jovens. Trata-se de uma recuperação com quebra de rotina importante, restrições de deslocamento, entre outras, e bastante tempo imobilizado. 

“Com a idade, a atividade de formação óssea está mais lenta. (…) Muitas vezes são indicadas próteses, que são as substituições de material próprio por material sintético”, explica o dr. Marco Antônio Araujo da Rocha Loures, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). Além da recuperação óssea, todo o contexto que envolve a recuperação, como o fato de ficar acamado, pode causar outras complicações. “Com o repouso prolongado para recuperação, os pacientes podem desenvolver pneumonia, embolias pulmonares, tromboses de extremidades, feridas por escaras e infecções generalizadas”, completa. 

O dr. Marco Aurélio chama a atenção sobre o impacto na rotina dessa população. “O paciente pode até ter algum problema de saúde, algumas restrições, mas em sua rotina acorda, toma o café da manhã, toma alguns remédios, dá uma voltinha na praça, cuida dos netos. A fratura é um evento traumático que interrompe isso.”

E um jovem que fratura o fêmur terá sempre uma recuperação mais rápida? De um modo geral, sim. “Tudo depende da condição física e metabólica de cada um. Mas, em geral, a reserva metabólica do idoso é menor do que a do jovem”, diz o dr. André.

 

Precauções para evitar a fratura de fêmur

Para evitar esse quadro nos idosos, os especialistas são unânimes: a atividade física é essencial. “O patrimônio mineral ósseo é importantíssimo nesses casos. É necessário construí-lo antes da menopausa, através de exercícios físicos. O conteúdo mineral ósseo faz uma curva com o tempo, e vai diminuindo proporcionalmente”, diz o dr. André. E a atividade física não deve fazer parte da rotina apenas na juventude. A qualquer momento da vida, mesmo já depois de idosos, os exercícios beneficiarão a região e evitarão a ocorrência de traumas. 

Além disso, o exame de densitometria óssea desempenha um papel fundamental para evitar fraturas no fêmur. Esse exame serve para verificar perda de massa óssea e é semelhante a um exame de raios X. O aparelho utilizado focaliza uma determinada área, a fim de captar e digitalizar a imagem dos ossos do local. “As mulheres que já passaram pela menopausa, entre 65 e 70 anos, precisam fazer um acompanhamento regular, seja com um ginecologista, um endocrinologista, eventualmente com um clínico geral, geriatra, ou até ortopedista, para entender essa fragilidade óssea. Isso é feito com esse exame da densitometria óssea, que pode ser repetido anualmente para acompanhar a saúde do osso”, diz o dr. Marco Aurélio.

Outro aspecto importante a se levar em conta é o fato de que a maioria das quedas ocorre dentro de casa, portanto o cuidado com esse ambiente é essencial. Entre as medidas indicadas por especialistas estão: evitar piso escorregadio, banheira no banheiro, tapetinhos, fios de extensão, bem como subir e descer escadas. Usar calçados antiderrapantes, barras em banheiros, bengalas e andadores, além de sempre acender as luzes à noite são medidas indicadas. 

A alimentação também cumpre um papel importantíssimo na precaução para traumas de fêmur. “Como o cálcio é o principal mineral do osso, uma alimentação rica em cálcio é muito importante”, recomenda o dr. Marco Aurélio. 

Por fim, a exposição ao sol, recomendada por ao menos 15 minutos ao dia, cumpre um papel nessas recomendações pois o metabolismo da vitamina D é importante para a absorção do cálcio. 

        Veja também: Por que pessoas mais velhas têm osteoporose?

 

Sobre a autora: Tarima Nistal é jornalista e especialista em comunicação digital e marketing. Interessa-se por questões relacionadas à saúde das mulheres, alimentação saudável e meio ambiente.

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