Por que mulheres têm maior probabilidade de ter trombose?

A trombose causa uma em cada quatro mortes por ano da população mundial. Entenda por que as mulheres são mais suscetíveis ao problema em determinada fase da vida.


Equipe do Portal Drauzio Varella postou em Mulher

perna de mulher com trombose. Veja sintomas de trombose em mulheres.

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Publicado em: 19 de junho de 2023

Revisado em: 20 de junho de 2023

A trombose causa uma em cada quatro mortes por ano da população mundial. Entenda as especificidades da trombose em mulheres.

 

A trombose acontece quando há, nos vasos sanguíneos, a formação de coágulos sanguíneos, os chamados trombos, cuja formação dificulta a circulação normal do sangue. A trombose venosa é a mais comum e sua complicação mais grave é a embolia pulmonar. Esse problema acontece quando um coágulo, localizado no interior de uma veia, mais frequentemente na perna, se desprende da parede desse vaso e se desloca em direção ao pulmão, gerando um quadro potencialmente fatal.

O cirurgião vascular Mateus Alves Borges Cristino, diretor de publicações da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), explica que a incidência de trombose é maior em mulheres apenas na faixa entre 20 e 45 anos. Entre os 45 e 60 anos, ela é maior em homens: “Isso se deve provavelmente à gestação, ao puerpério e ao uso de anticoncepcionais orais, todos sabidamente fatores de risco para a trombose”, afirma.

Além disso, segundo o cirurgião vascular, a incidência de trombose também aumenta significativamente com a idade e com outros fatores de risco, como câncer, imobilização prolongada, doenças inflamatórias, pós-operatório, trombofilias e tabagismo.

Os fatores de risco para a trombose são, principalmente, gestação, puerpério, uso de medicações hormonais e tabagismo. Além deles, o dr. Mateus esclarece que também existe uma condição anatômica que pode predispor a condição, chamada síndrome de May-Thurner, na qual uma veia abdominal chamada ilíaca comum esquerda é comprimida por uma artéria chamada ilíaca comum direita. Essa síndrome é mais comum em mulheres. 

“A incidência anual de trombose sintomática varia entre 50 e 100 novos casos para cada 100 mil habitantes. Se incluirmos a embolia pulmonar, esse número é 25% maior”, diz.

        Veja também: Trombose: quais as causas e como identificar?

 

Diagnóstico da trombose

De acordo com o médico, o diagnóstico da trombose venosa profunda (TVP) começa com uma suspeita clínica. Os sintomas, em geral, são mais proeminentes quanto mais extensa for a trombose. “Como a maioria das tromboses ocorre nos membros inferiores, os sintomas mais comuns são: dor na perna, edema (inchaço) do membro afetado, endurecimento/emplacamento da panturrilha, calor local, alteração da coloração e surgimento de veias sentinelas visíveis”, expõe.

Após a suspeita clínica, um exame laboratorial chamado dímero-D pode ajudar a descartar uma trombose quando não aponta alterações. É importante lembrar, entretanto, que esse exame, quando alterado, não é capaz de confirmar o diagnóstico da doença.

Segundo o especialista, para a confirmação, são necessários exames de imagem, sendo o ultrassom vascular (doppler, duplex scan ou ecografia vascular) a principal ferramenta para o diagnóstico. Outros exames, como angiotomografia (exame de diagnóstico por imagem das veias e artérias), angiorressonância (avalia o comprometimento das principais artérias) e flebografia (radiografia que permite avaliar a anatomia de uma veia), também podem contribuir para o diagnóstico.

 

Tratamento da trombose

Sobre o tratamento, o cirurgião vascular salienta que este é principalmente clínico, com o uso de medicações anticoagulantes que visam limitar a extensão da trombose, prevenir a embolia pulmonar e, a longo prazo, evitar a recorrência. 

O tratamento cirúrgico para a remoção dos coágulos é uma situação de exceção e possui indicações bem pontuais e precisas. O filtro de veia cava, um dispositivo implantado por via endovascular, ou seja, por dentro do vaso sanguíneo, impede que um trombo se desloque da perna, alcance o pulmão e cause embolia pulmonar. Ele pode ser uma opção quando o paciente, por algum motivo, não pode utilizar anticoagulantes e está com uma trombose aguda ou recente.

Para isso, o especialista reforça ainda que “é importante lembrar que o uso de meias de compressão pode aliviar os sintomas da trombose e também preveni-la em determinadas situações”.

O fortalecimento da musculatura da perna, especialmente das panturrilhas, auxilia no retorno do sangue para o coração e é sempre indicado. O controle do peso e o combate ao sedentarismo são estratégias fundamentais para a manutenção da saúde vascular.

É possível ainda prevenir a condição praticando atividade física, bebendo bastante água, seguindo uma dieta saudável e evitando o excesso de peso e o tabaco. Além disso, se você faz parte da população de risco, pode pedir ao seu médico mais informações e tratamentos preventivos específicos. E caso sinta algum sintoma relacionado à trombose, solicite atendimento médico imediato para evitar o agravamento da doença.

        Veja também: Trombose por uso de anticoncepcionais | Comenta #44

 

Sobre a autora: Angélica Weise é jornalista e colabora com o Portal Drauzio Varella. Tem interesse por assuntos relacionados à saúde mental, atividade física e saúde da mulher e criança.

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