É possível produzir leite sem estar grávida?

Galactorreia é a condição em que as glândulas mamárias produzem leite na ausência de gravidez, e pode acontecer em homens e mulheres.


Equipe do Portal Drauzio Varella postou em Obstetrícia

mulher segura donuts em frente às mamas. saiba o que é a galactorreia

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Publicado em: 26 de setembro de 2023

Revisado em: 11 de outubro de 2023

Galactorreia é a condição em que as glândulas mamárias produzem leite na ausência de gravidez, e pode acontecer em homens e mulheres.

 

Você já viu ou ouviu falar de uma pessoa que produziu leite sem estar grávida (e talvez até decidiu fazer um teste de gravidez por causa do sintoma)? Essa condição  se chama galactorreia, e ocorre quando as glândulas mamárias produzem leite sem que haja gravidez, podendo ocorrer em homens e em mulheres independentemente da idade. A galactorreia pode ter várias causas, a maioria hormonal, e tem tratamento.

 

Causas da galactorreia

De acordo com a ginecologista Marcelle Domingues Thimito, especialista em gineco-endocrinologia, as causas mais comuns da galactorreia são desequilíbrios hormonais, disfunção hormonal, problemas na tireoide,  uso de algumas medicações, como anticonvulsivantes e antidepressivos, e também alguns tipos de câncer, como o tumor da adenoipófise (prolactinoma). A médica explica como esses problemas agem causando a galactorreia: “Geralmente, tudo isso tem um curso de aumento de um hormônio chamado prolactina, que é o hormônio da amamentação, que estimula a produção de leite.” 

Outra possível causa para a produção de leite sem gravidez é a sucção feita por um bebê. Ou seja, se um bebê tentar mamar em uma mulher que não gestou, é possível que o corpo dela comece a produzir o leite para amamentá-lo.

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Consequências

De acordo com a dra. Marcelle, a principal consequência relacionada à galactorreia é o abalo da saúde emocional do paciente. “O impacto da galactorreia no corpo humano vai ser principalmente com relação a questões psicológicas, podendo trazer consequências até mesmo na amamentação, com relação a essa ansiedade com tudo que está envolvido”, afirma a médica. Outra questão é o possível desconforto físico que o paciente pode apresentar, sendo necessário, em alguns casos, a utilização de absorventes no seio para conter a secreção. Em determinados casos, a galactorreia também pode resultar em infertilidade, tanto masculina (mais rara) quanto feminina.

Um dos principais inibidores da prolactina são os estrogênios, hormônios sexuais femininos. Portanto, quando há galactorreia, é provável que o estrogênio esteja baixo, e, como consequência disso, que a mulher sinta ressecamento vaginal, diminuição do muco, redução de libido, e até ausência de menstruação.

 

Homens

A galactorreia pode acontecer em homens e mulheres, mas, de acordo com a médica, é mais comum em mulheres. Isso ocorre pelo fato de elas terem glândulas mamárias maiores. “Sempre que acontece nos homens requer uma investigação. É necessário excluir as outras causas, como o uso de medicação e a possibilidade de tumores na glândula pituitária e até mesmo tumor de testículos.”

Nos homens, é comum que, quando se apresenta a galactorreia, ela surja acompanhada de disfunção erétil, e também da diminuição do interesse sexual, e isso ocorre pelo desequilíbrio hormonal.

 

Diagnóstico da galactorreia

O diagnóstico da galactorreia é feito por exame clínico, executado por um médico endocrinologista ou ginecologista. Geralmente, o médico verifica o local, examina o mamilo, e confirma o diagnóstico com um exame da dosagem de prolactina.

O paciente costuma chegar ao consultório ao perceber o vazamento de secreção láctea nas mamas, mas também pode ocorrer por disfunção sexual e problemas de fertilidade.

 

Tratamentos

Segundo a dra. Marcelle, o tratamento da galactorreia depende do diagnóstico da causa. “Para tratar a galactorreia, a primeira coisa é investigar se tem alguma causa subjacente e tratá-la. Então, por exemplo, se a gente tem um tumor, o tratamento deve ser direcionado a ele. Se teve como causa o uso de alguma medicação específica como antidepressivo, anticonvulsivante, anticoncepcional, se possível, é preciso fazer a troca dessa medicação. Outras vezes, a gente pode usar apenas medicações para ‘secar o leite’, digamos assim”, conclui a especialista.

A médica também explica que é preciso fazer um gerenciamento dos sintomas para diminuir os impactos psicológicos no paciente, por exemplo, com o uso de protetor de sutiã.

Sobre a autora: Milena Félix é jornalista, redatora e, nas horas vagas, escritora e viajante. Interessa-se por assuntos relacionados à saúde da mulher, meio ambiente e à saúde e sociedade.

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