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Novidades sobre o Papanicolaou | Artigo

Dr. Drauzio escreve sobre as mudanças de 2009 sobre o papanicolaou nas recomendações do American College of Obstetricians and Gynecologists.
Publicado em 31/03/2011
Revisado em 30/03/2021

Dr. Drauzio escreve sobre as mudanças de 2009 sobre o papanicolaou nas recomendações do American College of Obstetricians and Gynecologists.

 

A prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de colo do útero foram um dos maiores sucessos da oncologia do século 20.

A coleta periódica de material do colo para análise das células, exame conhecido como Papanicolaou, tornou a doença acontecimento raro entre as mulheres com acesso ao exame. No Brasil e em outros países com deficiências graves no sistema de saúde, no entanto, a mortalidade por esse tipo de câncer associado à infecção pelo papilomavírus (HPV) ainda é inaceitavelmente elevada.

O impacto do exame de Papanicolaou foi tão decisivo que as mulheres foram aconselhadas a repeti-lo anualmente, desde o início da vida sexual até a idade mais avançada. Entretanto, em novembro de 2009 essas diretrizes foram modificadas pelo American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG).

Mudanças como essas ocorrem com certa frequência, resultado das estatísticas que analisam os benefícios do “screening” (diminuição da morbidade e da mortalidade) e os problemas causados por ele (exames adicionais, testes confirmatórios, custos, ansiedade e diagnósticos de significado impreciso).

 

Veja também: Infecção pelo HPV, o papilomavírus humano

 

A primeira alteração importante foi a de iniciar os exames citológicos apenas aos 21 anos de idade.

As evidências para retardar a realização do Papanicolaou são claras. Embora o câncer de colo seja raro antes dessa idade, as alterações citológicas são comuns, achados que podem levar a tratamentos agressivos e desnecessários.

Por exemplo, a lesão mais encontrada nessa faixa etária é a neoplasia intraepitelial cervical grau 1 (NIC 1), considerada uma manifestação da infecção aguda pelo papilomavírus (HPV), ocorrência passageira que não precisa ser tratada.

As mesmas lesões quando atingem o grau 2 (NIC 2) podem ser apenas acompanhadas, já que a maioria regride espontaneamente. Até as mais raras e agressivas (NIC 3) podem ser seguidas por muito tempo, uma vez que geralmente persistem por mais de uma década, antes de adquirir características francamente malignas. Lesões pré-malignas como essas costumam ser retiradas cirurgicamente, por meio de procedimentos associados a complicações nas gestações futuras, como partos prematuros e recém-nascidos de baixo peso.

A segunda alteração questiona a conveniência dos exames anuais, recomendação adotada durante décadas. Segundo a ACOG, mulheres de 21 a 29 anos devem ser testadas apenas a cada 2 anos. Daí em diante, aquelas que apresentaram três exames negativos consecutivos, podem realizá-los a cada 3 anos, porque a possibilidade de desenvolver a doença se torna cada vez mais remota, à medida que os resultados negativos se repetem.

A terceira alteração das diretrizes anteriores está relacionada com a idade em que os exames preventivos podem ser encerrados: 65 a 70 anos, nas mulheres que tiveram três exames negativos consecutivos e nenhum resultado anormal nos últimos 10 anos.

Persistem ainda algumas áreas de incerteza. A vacinação das meninas contra o HPV reduzirá a necessidade de exames citológicos? Mulheres com mais de 65 anos, mas com diversos parceiros sexuais podem parar de fazer exames?

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