Menopausa: como a queda do estrogênio afeta coração e ossos da mulher - Portal Drauzio Varella
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Menopausa: como a queda do estrogênio afeta coração e ossos da mulher

Exames ajudam a manter a saúde do coração e dos ossos sob controle, mesmo depois das quedas hormonais causadas pela menopausa. Veja quais são eles

Exames ajudam a manter a saúde do coração e dos ossos sob controle, mesmo depois das quedas hormonais causadas pela menopausa. Veja quais são eles

Quando a mulher entra na menopausa, os ovários vão deixando de funcionar. Logo, eles diminuem a produção de dois hormônios, o estrogênio e a progesterona, e isso tem efeitos em todo o corpo.

A redução da progesterona interfere principalmente no funcionamento do útero e do ciclo menstrual, fazendo com que a mulher pare de menstruar. Já a queda do estrogênio tem efeitos muito mais amplos, atingindo diversas partes do organismo, como o coração e os ossos.

Queda do estrogênio X saúde cardiovascular

É como se, ao longo da vida, o estrogênio fosse uma camada protetora da saúde cardiovascular. Durante a juventude e vida adulta, esse hormônio age sobre o endotélio, nome dado à camada interna dos vasos sanguíneos. Ele estimula a produção de óxido nítrico, uma substância vasodilatadora, e reduz a ação da endotelina, que deixa o vaso mais rígido e contraído. Sendo assim, o sangue circula com facilidade, garantindo que oxigênio e nutrientes cheguem a órgãos como coração, cérebro, rins e músculos.

Exames ajudam a manter a saúde do coração e dos ossos sob controle, mesmo depois das quedas hormonais causadas pela menopausa. Veja quais são eles
Ilustração: Daphne Ilustra

Mas, assim que o estrogênio deixa de ser produzido, o corpo não pode mais contar com essa proteção, e a mulher fica sujeita ao estreitamento dos vasos e danos vasculares.

“Além disso, há o próprio envelhecimento, que também contribui para a doença cardiovascular. O problema é que a doença cardiovascular é muito silenciosa. Quando ela se manifesta, muitas vezes já é tarde: a pessoa já teve um infarto ou um derrame”, alerta José Maria Soares Junior, presidente da Comissão Nacional Especializada em  Ginecologia Endócrina da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

Outros fatores podem piorar a situação: estresse contínuo, insônia, tabagismo, sedentarismo, obesidade, diabetes, e assim por diante.

Queda do estrogênio X saúde óssea

Antes da menopausa, o estrogênio também exerce papel fundamental na remodelação óssea, isto é, na troca do osso “velho” pelo “novo”. 

O hormônio estimula os osteoblastos, células responsáveis pela formação óssea, que depois se transformam em osteócitos e produzem a matriz óssea. Essa estrutura dá força ao osso e incorpora cálcio e proteínas importantes para a saúde. O estrogênio também inibe parcialmente a ação dos osteoclastos, células que retiram o osso “velho” e fazem a reabsorção.

Exames ajudam a manter a saúde do coração e dos ossos sob controle, mesmo depois das quedas hormonais causadas pela menopausa. Veja quais são eles
Ilustração: Daphne Ilustra

“Com isso, o estrogênio ajuda a manter o equilíbrio: um osso saudável, novo e que não perca tanta massa. Após a menopausa, a queda do estrogênio reduz a produção de osteoblastos e osteócitos, e a inibição sobre os osteoclastos diminui. Ou seja, há maior reabsorção óssea. No balanço final, ocorre a perda de massa óssea”, explica o ginecologista.

Dá para prevenir?

Esses dois processos são naturais do corpo humano, mas é possível identificá-lo precocemente e amenizar os seus efeitos sobre a saúde. Histórico familiar, hábitos de vida e queixas da paciente são os primeiros fatores a ser investigados, mas também há exames específicos que podem ajudar:

Exames ajudam a manter a saúde do coração e dos ossos sob controle, mesmo depois das quedas hormonais causadas pela menopausa. Veja quais são eles
Ilustração: Daphne Ilustra
  1. Avaliação do peso e do índice de massa corporal (IMC): verificam se há sobrepeso ou obesidade. Na menopausa, a mulher tende a acumular gordura no abdômen, a chamada gordura visceral, que interfere na ação da insulina no organismo e pode levar ao diabetes. Risco aumentado para síndrome metabólica, esteatose hepática, inflamação crônica e alguns tipos de câncer também estão associados à gordura visceral.
  2. Aferição da pressão arterial: como os vasos tendem a ficar menos flexíveis após a menopausa, comprometendo o fluxo sanguíneo, a pressão arterial tende a subir. Identificar a hipertensão antes que ela cause complicações é fundamental.
  3. Perfil lipídico: é um exame de sangue que avalia as gorduras circulantes no organismo, investigando a quantidade de colesterol (tanto o “bom” quanto o “ruim”) e de triglicerídeos. Esses dados mostram o risco de eventos cardiovasculares e ajudam a nortear o tratamento.
  4. Dosagem da lipoproteína A: outro exame de sangue que identifica se há risco cardiovascular, mesmo quando os níveis de colesterol ruim (LDL) estão normais. É uma opção de rastreamento para pessoas que têm histórico familiar de doenças cardíacas precoces.
  5. Densitometria óssea: feito através de raios X de baixa dose, a densitometria mede a densidade óssea do paciente. Ela serve para diagnosticar osteoporose e osteopenia, avaliar o risco de fraturas e acompanhar a evolução do tratamento para perda de massa óssea. A paciente também pode fazer uma radiografia para avaliar fraturas ou deformidades já existentes. Outra opção é o questionário FRAX, uma ferramenta clínica que estima a probabilidade de fratura nos próximos dez anos.

“Recomendamos a avaliação cardiovascular em toda consulta ginecológica. Mas, no climatério, principalmente nos primeiros anos após a menopausa, é essencial fazer a primeira avaliação, tanto cardiovascular quanto óssea. Depois, a necessidade de repetir depende dos resultados e do estado de saúde da paciente, sob orientação médica”, esclarece o dr. José Maria.

Além dos exames de rotina, é importante manter hábitos de vida saudáveis, como a prática regular de atividade física. Para a saúde óssea, o especialista indica exercícios de resistência, como musculação. Para a saúde cardiovascular, a caminhada já ajuda bastante — embora ambos os tipos de atividade tragam benefícios combinados para coração e ossos.

Conteúdo produzido em parceria com a RD Saúde.

Veja também: Exames ginecológicos imprescindíveis após a menopausa

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