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Saúde íntima na praia: um guia prático sobre como se proteger

Entenda o que pode causar irritações e infecções na região íntima e veja dicas para se cuidar durante os dias de praia

A combinação de sol, água salgada, biquíni molhado e longas horas sentada na areia faz parte da rotina de verão de muita gente. Mas, junto com ela, surgem dúvidas frequentes sobre saúde íntima. Afinal, ficar com a roupa de banho molhada por horas pode causar infecções? A areia oferece algum risco? E as cadeiras de praia compartilhadas, transmitem fungos ou bactérias?

 

Biquíni molhado: por que aumenta o risco de irritações?

Permanecer muito tempo com a roupa de banho molhada é, de longe, o fator que mais favorece irritações e infecções fúngicas. O ambiente úmido e quente altera o microbioma local e facilita a proliferação da Candida, um fungo que já vive na pele.

Candidíase é causada por um fungo que já mora na nossa pele, mas que em situações específicas toma conta da região genital e causa incômodo, coceira e corrimento. A umidade do biquíni molhado é uma dessas situações”, explica Paolinne Lima Silva, ginecologista do Hospital Sírio-Libanês em Brasília (DF). 

“O ambiente úmido e quente favorece o crescimento de fungos, especialmente Candida spp., que são encontrados tanto na areia quanto na água das praias. Além disso, a umidade prolongada pode causar desequilíbrio da flora vaginal, facilitando infecções”, complementa Ana Paula Beck, ginecologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (SP). 

Candida spp. são fungos que vivem naturalmente no corpo, mas podem causar infecções quando há desequilíbrio, como candidíase vaginal, oral, cutânea ou até formas mais graves. O risco aumenta com imunidade baixa, antibióticos e diabetes. O tratamento é feito com antifúngicos e prevenção dos fatores desencadeantes.

Ou seja, na prática, trocar a peça sempre que possível e evitar permanecer com ela úmida por horas já previne a maioria dos incômodos.

Veja também: 4 dicas para prevenir problemas urinários no verão

 

Contato com areia e irritações 

Segundo a dra. Ana Paula, a areia de praia pode, sim, conter fungos (como a Candida) e bactérias potencialmente patogênicas. “Evite contato direto prolongado da areia com a região íntima, pois isso pode causar irritações, alergias e, em casos raros, infecções. O risco é maior em praias muito movimentadas ou após chuvas intensas, que aumentam a contaminação”, alerta.  

A areia é menos prejudicial do que permanecer com o biquíni molhado, mas também pode causar irritação por aumentar o atrito da roupa íntima com a pele genital, de acordo com a dra. Paolinne. O risco muitas vezes está nas microfissuras causadas pelo atrito, que facilitam irritações, foliculites e assaduras. Um simples enxágue com água limpa já ajuda a minimizar o desconforto.

 

Cadeiras de praia transmitem fungos? Mito, mas com ressalvas

Este é um dos grandes medos durante o verão — e também um dos maiores mitos. Nenhum dos especialistas considera possível “pegar fungo” apenas sentando em cadeiras de praia.

“Pegar infecções por fungo e bactéria em cadeira é mito. A cândida não resiste no material dessas cadeiras. O que pode acontecer se você está com um biquíni molhado em uma cadeira que não esteja bem cuidada é que tenha irritações. A importância do nosso cuidado com higiene é importante. É preciso ter em mente: a canga é minha, a toalha é minha, eu tenho que tomar cuidado, sim, para que eu possa ter um verão bastante saudável”, afirma Maria dos Anjos Neves Sampaio Chaves, ginecologista do Delboni/Salomão Zoppi. 

A dra. Ana Paula acrescenta que o uso de uma canga ou toalha é recomendado, mas não porque existe risco de contaminação direta: “Embora o risco de infecção seja baixo para pessoas saudáveis, é recomendado usar uma toalha ou canga como barreira.” 

Em resumo, o risco é de atrito e sujeira, não de transmissão de fungos.

 

E quem tem infecções recorrentes?

Para quem já sofre com candidíase ou vaginose com frequência, é importante redobrar os cuidados. Manter roupas de banho extras, evitar umidade prolongada e conversar previamente com um médico ajudam a prevenir crises.

“Antes de ir para a praia, converse com o seu médico e peça orientação ou medicação que você possa usar, com prescrição, quando entrar numa fase aguda”, orienta a dra. Maria.

 

Dicas para o verão

As especialistas reforçam um conjunto de medidas simples e eficazes para evitar desconfortos na região íntima durante a temporada:

  • Trocar a roupa de banho sempre que possível: evitar permanecer o dia todo com a peça molhada é a medida mais importante;
  • Usar canga ou toalha ao sentar: além de conforto, reduz o atrito e evita contato com superfícies sujas;
  • Evitar depilação muito recente antes de ir à praia: depilar-se e sentar logo em seguida pode gerar microfissuras e irritações intensas;
  • Dormir sem calcinha ou sunga: roupas leves e a ventilação noturna ajudam a região a se recuperar da umidade e do calor do dia;
  • Boa hidratação e alimentação equilibrada: hábitos saudáveis fortalecem o organismo contra infecções;
  • Higiene simples e sem exagero: lave a região íntima com água limpa após sair do mar ou da areia, evitando sabonetes agressivos.

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