A gigantomastia, crescimento excessivo das mamas, afeta a saúde física e mental. Pacientes enfrentam dificuldades para realizar a cirurgia redutora. Saiba mais.
A gigantomastia é o aumento excessivo do tamanho das mamas, provocando incômodo físico e problemas psicológicos. Apesar de comprometer a qualidade de vida, o acesso ao tratamento não é simples.
Quando é considerada gigantomastia?
Não existe uma medida específica que defina a anormalidade do volume mamário, já que isso varia de acordo com o biotipo de cada mulher. Mas, de forma geral, podemos dizer que há gigantomastia quando o tamanho da mama é maior do que o esperado, resultando em problemas de saúde.
A condição, entretanto, é geralmente genética e tem a ver com uma hipersensibilidade ao hormônio estrogênio, o que desencadeia esse crescimento exacerbado. Mas ela também pode surgir devido a alterações hormonais, uso de certos medicamentos, ganho de peso, amamentação, menopausa precoce, diabetes e outros fatores.
Complicações da gigantomastia
“A gigantomastia causa uma série de problemas, sobretudo quando se é adolescente. Problemas psicológicos, problemas de postura. Porque a tendência das meninas e das mulheres é tentar esconder uma mama grande, então elas acabam andando mais curvadas, utilizando subterfúgios para esse tipo de situação”, explica o dr. Cícero Urban, mastologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).
Além das dores e maior risco de assaduras e infecções sob os seios, as mamas de tamanho anormal podem acarretar em:
- Perda de sensibilidade das aréolas;
- Dores nas costas, pescoço e ombros;
- Problemas de postura;
- Dificuldade para encontrar roupas; e
- Problemas psicológicos ligados à autoestima.
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Obstáculos no acesso ao tratamento da gigantomastia
O tratamento mais indicado é a cirurgia. A mamoplastia redutora consiste na remoção de gordura, tecido glandular e pele em excesso para que a mama adquira um tamanho proporcional ao corpo da paciente. Assim, as técnicas utilizadas visam alcançar um resultado estético agradável, garantindo a funcionalidade dos seios e a diminuição do número de cicatrizes.
A mamoplastia redutora está disponível no SUS para pacientes que sigam alguns requisitos. São eles:
- Não ter condições de pagar a cirurgia. Dependendo do caso, a paciente recebe a visita de um assistente social para atestar a sua situação financeira;
- Ter um laudo médico comprovando o comprometimento do sistema músculo-esquelético por causa da gigantomastia;
- Ser encaminhada por um médico da rede pública;
- Ter passado por um acompanhamento clínico e psicológico para garantir que está apta a fazer a cirurgia.
Cumprindo todos esses requisitos, a paciente aguarda em uma fila de espera pela cirurgia.
Contudo, os planos de saúde, que também deveriam cobrir a mamoplastia redutora quando o tamanho dos seios causa problemas de saúde, não o fazem na prática. Muitas vezes, mesmo que o médico indique o procedimento, o plano acaba recusando o custeamento da cirurgia por ela não estar presente no rol da ANS, a Agência Nacional de Saúde Suplementar.
“Uma das preocupações é que as mulheres passem a fazer uma cirurgia estética de redução de mama e não por gigantomastia. Mas nós temos como utilizar critérios para saber o que é gigantomastia e o que não é. Isso é uma injustiça, porque, para o homem que tem aumento de volume mamário que causa desconforto e problemas psicológicos, tem cobertura. Para a mulher com gigantomastia, o que também causa desconforto e problemas psicológicos, não tem”, opina o dr. Cícero.
O aumento do volume mamário em homens é chamado de ginecomastia, condição cujo tratamento cirúrgico está incluído no rol da ANS.
Atualmente, tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que exige a cobertura da cirurgia de redução de mamas para pacientes com gigantomastia pelos planos de saúde. A PL 604/2024 aguarda o parecer do relator da Comissão da Saúde.
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