Cirurgias de redução de mamas | Entrevista - Portal Drauzio Varella
Página Inicial
Mulher

Cirurgias de redução de mamas | Entrevista

Publicado em 27/12/2011
Revisado em 11/08/2020

Além do comprometimento estético e dos danos psicológicos que ocasionam, mamas muito volumosas são responsáveis por problemas físicos. Veja entrevista sobre cirurgias de redução de mamas. 

 

Entende-se por hipertrofias mamárias o desenvolvimento excessivo do volume das mamas, distúrbio que pode ocorrer em qualquer idade, em ambos os sexos, e pode exigir cirurgia de redução de mamas.

Nos homens, as hipertrofias mamárias recebem o nome específico de ginecomastia e representam um tipo de deformidade que causa grande constrangimento e acarreta mudanças radicais no comportamento e estilo de vida, especialmente quando o problema aparece no início da adolescência, em meninos saudáveis.

Obesidade e alterações hormonais características da idade são as causas mais comuns da ginecomastia. O distúrbio pode reverter espontaneamente com o emagrecimento ou com o fim da variação nos níveis de hormônios sexuais, cuja produção é absolutamente normal nesses jovens. Caso contrário, há o recurso de corrigir o defeito por lipoaspiração ou cirurgia plástica.

Nas mulheres, a hipertrofia mamária pode ser classificada em quatro graus de acordo com o tamanho e peso excessivo das mamas. Nos estágios mais avançados, recebe o nome específico de gigantomastia. Entre as causas da deformidade, que ainda não foram rigorosamente estabelecidas, estão obesidade, distúrbios glandulares, diabete, gravidez, menopausa e hereditariedade.

Além do comprometimento estético e dos danos psicológicos que ocasionam, mamas muito volumosas são responsáveis por problemas físicos, como desvios na coluna, má postura, dificuldade de movimentação, defeitos que serão irreversíveis se a correção for realizada tardiamente.

 

PRINCIPAIS CAUSAS DA GINECOMASTIA

 

Drauzio – Alguns homens podem apresentar desenvolvimento anormal das mamas, que aumentam muito de tamanho. Isso é motivo de grande constrangimento para eles que, muitas vezes, escondem o problema e não procuram tratamento.

Sergio Gonçalves de Almeida – De fato, essa situação é bastante frequente e os pais nem sempre conseguem avaliar direito o problema, o que retarda o diagnóstico e o início do tratamento. A ginecomastia é uma anomalia comum nos meninos por volta dos 11, 12, 13 anos, causada pelo crescimento excessivo de um grupo de glândulas localizadas atrás da aréola, por estímulo hormonal. Na maioria dos casos, ocorre regressão espontânea.

Outra causa importante da ginecomastia é a obesidade e o consequente acúmulo de gordura na região mamária, que pode não desaparecer quando o adolescente emagrece.

Seja por razão hormonal ou por depósito excessivo de gordura no local, se o distúrbio persistir até os dezessete, dezoito anos, a cirurgia é indicada para corrigir a deformidade.

 

Drauzio – Vale a pena lembrar que o crescimento da mama nos garotos não quer dizer que estejam produzindo mais hormônios femininos do que hormônios femininos.

Sergio Gonçalves de Almeida – Não estão. Na verdade, os estudos hormonais mostram que a produção dos hormônios sexuais é absolutamente normal nesses meninos.

 

Drauzio – Ainda não é possível determinar exatamente as causas que justificam o crescimento anormal das mamas nos meninos na puberdade?

Sergio Gonçalves de Almeida – Pode-se dizer que, nos meninos, o crescimento das mamas ocorre por hipersensibilidade da glândula e não por desequilíbrio patológico, pois os níveis de hormônios se mantêm absolutamente dentro da faixa de normalidade. Segundo indicam as estatísticas, são poucos os casos de ginecomastia decorrentes de alterações hormonais nos meninos.

 

Drauzio – Quando se faz necessário pedir uma avaliação hormonal nesses casos?

Sergio Gonçalves de Almeida – Se, além do crescimento mamário, existirem sinais que possam sugerir alguma alteração hormonal, é praxe encaminhar o adolescente ao endocrinologista para avaliação completa. Agora, se as queixas e o achado do exame físico se restringem ao crescimento da mama, basta pedir um exame de ultrassom da região para determinar se o aumento é resultado da proliferação das glândulas mamárias ou do acúmulo de tecido gorduroso.

 

Tratamento para ginecomastia

 

Drauzio – Qual é a técnica cirúrgica adotada para corrigir a ginecomastia?

 Sergio Gonçalves de Almeida – Muitas vezes, as duas causas — crescimento do tecido glandular e componente gorduroso — estão implicadas e cada uma requer um tipo de técnica cirúrgica diferente.

O acúmulo excessivo de gordura é eliminado por lipoaspiração. Através de duas pequenas incisões na parte inferior do tórax, é possível aspirar toda a gordura ali depositada e estabelecer um contorno equilibrado da mama.

Já quando a causa é glandular, a ressecção da glândula é feita por uma incisão dentro da aréola mamária de modo a evitar cicatrizes perceptíveis.

 

Drauzio – Qual é o momento ideal para operar os portadores de ginecomastia?

Sergio Gonçalves de Almeida – A regressão espontânea da ginecomastia, em geral, ocorre em três ou quatro meses. Se o aumento da mama continuar estável depois de seis meses, um ano, não há por que retardar a correção. Como não é uma doença grave que ponha a vida em risco, muitas vezes, o atendimento é postergado, porque os pais não conseguem avaliar o quanto essa deformidade restringe a vida íntima e social do adolescente. No final, é sempre ele que dá a última palavra sobre a urgência e necessidade de fazer a cirurgia.

 

Constrangimento em portadores de ginecomastia

 

Drauzio – O que representa o crescimento das mamas na vida dos garotos adolescentes?

Sergio Gonçalves de Almeida – A repercussão é enorme. Embora seja quase sempre uma alteração benigna, o constrangimento que provoca é desastroso para os adolescentes. Eles vão restringindo a vida social e criando um mundinho, onde possam desenvolver defesas para esconder o crescimento anormal das mamas. Deixam de ir à praia ou ao clube e nunca se trocam perto de outras pessoas. Com frequência, usam mais de uma peça de roupa (uma camiseta por baixo da camisa, por exemplo) e adotam uma postura viciosa, jogando os ombros para frente, a fim de mascarar o relevo das mamas.

 

Drauzio – E depois da cirurgia, mudam de comportamento?

Sergio Gonçalves de Almeida – Viram outra pessoa. Os pais ficam abismados com a transformação. Jamais tinham imaginado que essa disfunção pudesse ter pesado tanto na vida do filho que se encolheu e afastou-se do grupo para esconder as mamas mais crescidas.

 

Drauzio – Os problemas sempre parecem menores quando não nos atingem diretamente: “Ah, que bobagem, ele ficar abalado só porque o peito está um pouquinho crescido”. Para o adolescente, entretanto, essa alteração passa a ser a coisa mais importante do mundo. 

Sergio Gonçalves de Almeida – Talvez por desconhecerem a possibilidade de tratamento, talvez por constrangimento de chamar atenção sobre o problema, muitas vezes os jovens não são operados na adolescência, mas aos 28, 30 anos, depois de suportarem desnecessariamente uma carga que limitou sua vida por anos e anos.

 

GIGANTOMASTIA (MAMAS MUITO GRANDES) EM MULHERES JOVENS

 

Drauzio – Há meninas que, na adolescência, desenvolvem um busto excessivamente grande. Embora algumas sociedades valorizem os seios volumosos e a moda flutue no decorrer do tempo – às vezes estão em voga os seios grandes; às vezes, os pequenos – qual é o critério para selecionar os casos que devem ser corrigidos?

Sergio Gonçalves de Almeida – Antes de mais nada, é preciso distinguir dois quadros: o aumento da mama associado a padrões do modismo vigente em determinada época, e a gigantomastia. Neste último, não só o volume da mama ultrapassa a barreira dos limites aceitáveis, como seu posicionamento é assimétrico e inadequado. A mama cai, porque a pele não suporta o peso excessivo e cede.

Como as alterações de peso e posição respondem por sobrecarga na coluna vertebral, que prejudica a postura, causa desconforto, a correção cirúrgica é o procedimento recomendado.

Nas duas situações, porém, o primeiro referencial a considerar é a avaliação da própria pessoa e sua expectativa em relação aos resultados da cirurgia.

 

Drauzio – Moças com mamas grandes demais costumam procurar atendimento com que idade?

Sergio Gonçalves de Almeida – Em geral, a moça pode ser operada a partir dos 16, 17 anos, quando a mama já completou sua formação. No entanto, há casos em que a cirurgia é realizada aos 14 anos, porque os seios atingiram um volume tal, que as adolescentes são praticamente obrigadas a apoiá-los nos braços e têm a capacidade de movimentar-se bastante comprometida. Mesmo correndo o risco de a mama crescer ainda um pouco depois da cirurgia, o que dificilmente ocorre nessa idade, isso não constitui contraindicação para reduzir as mamas volumosas e melhorar a autoimagem das adolescentes.

 

Drauzio – Você disse que, às vezes, a gigantomastia precisa ser corrigida precocemente, aos treze, quatorze anos, e que as mamas dessas meninas dificilmente continuam a crescer. Como se explica essa interrupção no crescimento? 

Sergio Gonçalves de Almeida – Tenho a impressão de que, se por um lado, o desenvolvimento dessas mamas é muito rápido e precoce, por outro, elas se estabilizam também mais cedo. Nossa experiência mostra que não houve perdas nos resultados da cirurgia, quando as pacientes precisaram corrigir a deformidade aos 13, 14 anos. Ao contrário: as vantagens foram muitas.

 

Cirurgia de redução de mamas muito grandes

 

Drauzio – A mastoplastia para redução de mamas pode ser feita em qualquer fase da vida?

Sergio Gonçalves de Almeida – Pode. Mamas gigantes exercem enorme sobrecarga sobre coluna e, consequentemente, provocam defeitos de postura e outras alterações que não regridem se a mulher for operada com mais idade.

 

Drauzio – Basicamente, como é realizada a cirurgia?

Sergio Gonçalves de Almeida – Como as mamas são muito volumosas e caídas, uma incisão é feita no polo inferior da aréola e outra no sulco mamário. Desde que sejam respeitados alguns limites importantes, esse tipo de incisão possibilita reduzir o tamanho das mamas e reposicioná-las sem comprometer sua função e sensibilidade. Também é importante que o corte seja o menor possível para evitar as cicatrizes aparentes.

 

Drauzio – A sensibilidade do mamilo feminino pode ser prejudicada nesse tipo de cirurgia?

Sergio Gonçalves de Almeida – Logo depois da cirurgia, a sensibilidade fica alterada por causa do deslocamento da pele e da manipulação dos tecidos. O resultado é uma sensação de dormência que tende a desaparecer com o tempo.

 

Drauzio – Quanto tempo?

Sérgio Gonçalves de Almeida – Varia de acordo com a extensão do descolamento e as características pessoais da paciente. Mamas muito baixas, que demandam descolamentos maiores, normalmente recuperam a sensibilidade dos mamilos depois de um ano, um ano e pouco.

 

Drauzio – Como os cirurgiões calculam o tamanho da ressecção e a quantidade de tecido a ser retirada?

Sergio Gonçalves de Almeida – A ressecção da glândula é feita em etapas. Retira-se um pouco de tecido, modela-se, remonta-se a mama para verificar se o volume continua excessivo.  O fato de a cirurgia ser realizada com a paciente quase sentada facilita avaliar o quanto de tecido pode ser retirado sem afetar a integridade, a função e a sensibilidade do órgão.

 

Drauzio – Mesmo as mamas de tamanho normal nunca são idênticas. Há sempre uma diferença de tamanho entre uma e outra, que será acentuada se elas forem volumosas, o que agrava o problema estético…

Sergio Gonçalves de Almeida – Além disso, essa diferença nas mulheres com mamas volumosas intensifica os reflexos negativos sobre a coluna e a postura.

 

Drauzio – Uma única intervenção cirúrgica é suficiente para resolver definitivamente o problema das mamas volumosas?

Sergio Gonçalves de Almeida – Na maioria dos casos, sim. Em situações excepcionais, quando a mama é excessivamente grande, opta-se sempre por preservar a função, mesmo quando isso exige que menos tecido mamário seja retirado e as mamas fiquem com volume um pouco maior.

 

Pós-operatório da redução de mamas

 

Drauzio – Como é o pós-operatório da mastoplastia?

Sergio Gonçalves de Almeida – No dia seguinte da operação, a paciente recebe alta hospitalar. Na primeira semana do pós-operatório, precisa tomar cuidado com a movimentação dos braços e evitar esforços. No final da segunda semana, o processo de cicatrização já estará bastante avançado e, em torno de um mês depois, a paciente pode voltar às atividades normais, desde que se abstenha de carregar pesos.

 

Drauzio – Depois de um mês, ela já pode correr ou nadar, por exemplo?

Sergio Gonçalves de Almeida – Pode correr e nadar, só não pode fazer exercícios que exijam esforço maior sobre a musculatura dos braços.

 

Drauzio – O pós-operatório da cirurgia de correção das mamas é doloroso?

Sergio Gonçalves de Almeida – Não é. No início do pós-operatório, a queixa maior é de dormência, sintoma que vai progressivamente desaparecendo de cima para baixo e dos lados para o centro. O triângulo inferior da mama é a última região a recuperar-se completamente.

 

Gravidez e amamentação após redução de mamas

 

Drauzio – Moças que passaram por cirurgia de redução das mamas preservam a capacidade de amamentar?

Sergio Gonçalves de Almeida – Não há perda da capacidade de amamentação, porque é mantida parte da glândula que permanece íntegra na sua constituição e com a drenagem preservada no canalículo central.

 

Drauzio – Depois de quanto tempo, a mulher que foi submetida à mastoplastia pode ficar grávida e amamentar?

Sergio Gonçalves de Almeida – Sempre aconselho que espere pelo menos um ano.

 

Drauzio – Pode ocorrer que, depois da gravidez e da amamentação, as mamas voltem a apresentar crescimento excessivo?

Sergio Gonçalves de Almeida – A mama operada está sujeita às mesmas alterações das mamas que não passaram por cirurgia. Após a gravidez e a amamentação, portanto, operadas ou não, elas podem aumentar ou diminuir de tamanho ou ficar um pouco caídas. A mastoplastia não melhora nem piora esse quadro.

 

Redução de mamas para mulheres adultas e menopausadas

 

Drauzio – Vamos nos deter em outro extremo da vida. Depois da menopausa, senhoras com mamas pendulares, caídas, que também causam problemas, podem submeter-se à cirurgia plástica corretiva?

Sergio Gonçalves de Almeida – Não há limite de idade para realizar a mastoplastia. Se, do ponto de vista clínico, a paciente estiver bem, não há contraindicação nenhuma para a cirurgia. Muitas vezes, ela é encaminhada pelo ortopedista por causa de um problema na coluna resultante da sobrecarga que provoca a mama volumosa. É bom lembrar que, se a mama pesar quinhentos gramas e estiver bem posicionada, a repercussão sobre a coluna será equilibrada. No entanto, se pesar os mesmos quinhentos gramas, mas estiver mais baixa no tórax, vai comprometer o sistema postural e provocar alterações na coluna.

 

Seguro-saúde para cirurgias de redução de mamas

 

Drauzio – Já me deparei com muitos casos de mulheres com mamas enormes que causam problemas ortopédicos, às vezes bem graves, que  são obrigadas a tomar anti-inflamatórios e analgésicos para aliviar a dor. Mesmo assim, muitas companhias de seguro saúde se negam a autorizar a cirurgia, ou reembolsá-la, argumentando que o problema é meramente estético…

Sergio Gonçalves de Almeida – Não é só nesses casos que as companhias de seguro se omitem. Elas também não cobrem as despesas com as cirurgias para corrigir a ginecomastia, valendo-se da ressalva de que se trata de uma cirurgia estética.

Ora, que homem é encaminhado para uma cirurgia estética de mamas? Por isso, acho que deve ser estabelecido um critério para a avaliação desses pacientes. O pedido médico não pode ser desconsiderado por uma pessoa que atende num guichê e é obrigada a respeitar normas arbitrárias.

 

Drauzio – Quando me vejo diante de situações como essas, digo aos pacientes que peçam um relatório minucioso ao médico explicando o problema e a ajuda de um advogado para pleitear a aprovação ou o reembolso da cirurgia. As companhias costumam tratar melhor os advogados do que os segurados que precisam de atendimento.

Compartilhe