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O que esperar do Mounjaro, novo medicamento para diabetes tipo 2?

O Mounjaro tem sido comparado à cirurgia bariátrica por seu potencial na perda de peso. Entenda como está a situação do medicamento no Brasil.
Publicado em 11/04/2025
Revisado em 11/04/2025

O Mounjaro tem sido comparado à cirurgia bariátrica por seu potencial na perda de peso. Entenda como está a situação do medicamento no Brasil.

A partir do dia 7 de junho, o Mounjaro estará à venda no Brasil. O novo medicamento é indicado para o tratamento de diabetes tipo 2, mas também tem sido usado no combate à obesidade, com a promessa de desbancar o Ozempic

Mounjaro: o que ele tem de novo?

A liraglutida, de nome comercial Saxenda; e a semaglutida, cujo nome comercial são Ozempic e Wegovy, são medicamentos análogos do GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon-1). Isso quer dizer que eles imitam a ação do hormônio GLP-1, responsável por dar a sensação de saciedade, diminuir o apetite, retardar o esvaziamento gástrico (a comida fica mais tempo no estômago) e, principalmente, equilibrar a glicemia. Quando esse hormônio não funciona corretamente, pode desencadear o diabetes.

A tirzepatida, que chega agora ao mercado com o nome comercial Mounjaro, é análogo não só do GLP-1 como do GIP (peptídeo inibitório gástrico). Ou seja, ele garante o efeito de saciedade por mais tempo e ainda é capaz de “queimar” estoques de gordura.

“O grande benefício, quando a gente compara o Mounjaro com outras medicações para o tratamento do diabetes, é que além de ele ser o mais potente de todos em reduzir a hemoglobina glicada (que é o maior parâmetro de controle do diabetes), ele leva a uma perda de peso nesses pacientes de mais de 15%. E hoje a gente sabe que 90% dos pacientes com diabetes tipo 2 também têm obesidade”, destaca a dra. Tassiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista pela Universidade de São Paulo (USP).

O Mounjaro também pode ser usado no tratamento da obesidade?

Atualmente, no Brasil, o Mounjaro tem a aprovação da Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, para o tratamento do diabetes tipo 2 em qualquer fase da doença

Por outro lado, agências regulatórias de outros países, como os Estados Unidos e União Europeia, já concederam a autorização do uso do medicamento para o tratamento da obesidade, inclusive quando não associada ao diabetes tipo 2. 

A recomendação se baseia no estudo SURMOUNT-1 que demonstrou o potencial de perda de peso média de 20,9%, em comparação com 14,9% da semaglutida e 8% da liraglutida. Em termos de comparação, a cirurgia bariátrica, considerado o tratamento mais eficaz para a perda de peso sustentada, fica entre 25% e 35%.

“A tirzepatida foi a que teve maior potência para o controle de diabetes, e também para a perda de peso. Então a gente acredita que num futuro muito próximo, ela também vai ter aprovação no Brasil para o tratamento da obesidade”, opina a especialista.

Veja também: Por que a obesidade é considerada doença crônica?

Combate à automedicação

Outro diferencial da tirzepatida é a forma de aplicação. O Mounjaro será comercializado em cinco doses diferentes: 2,5mg, 5mg, 7,5mg, 10mg e 15mg. O paciente receberá canetas autoaplicáveis já cheias com as doses fixas para o mês, que deverão ser aumentadas gradativamente, com acompanhamento médico, durante cerca de 20 semanas. Dessa forma, ele se diferencia da semaglutida e da liraglutida, que possibilita ao próprio paciente o ajuste das doses por cliques.

Esse método evita erros de dosagem e desencoraja a automedicação, já que o uso inadequado pode causar efeitos colaterais, como náusea intensa, vômitos, diarreia e constipação.

“A farmacêutica responsável pelo medicamento fez isso principalmente para evitar os cliques e individualizar mais o tratamento, de uma forma que quem prescreva e titule a dose seja o médico, não o paciente”, destaca a dra. Tassiane.

O Mounjaro estará disponível no Brasil para venda em farmácias da rede privada por valores que variam de R$ 1.516,61 a R$ 4.009,25, a depender da dose. Até o momento, não há previsão de inclusão do medicamento no Sistema Único de Saúde (SUS).

Veja também: Uso de Ozempic requer acompanhamento médico

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