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Infectologia

Por que os casos de H1N1 chegaram mais cedo em 2016?

Homem com gripe deitado e espirrando.
Publicado em 31/03/2016
Revisado em 11/08/2020

Mudanças climáticas como o El Niño, que têm relação com movimentos migratórios das aves e trazem mais chuva e calor, podem ser uma explicação.

 

Não bastasse os casos de zika, dengue e chikungunya, agora o aumento do número de casos de pessoas contaminadas com a gripe H1N1 — que já provocou 46 mortes em todo país, sendo 30 só no Estado de São Paulo — também vem chamando a atenção.

Segundo a diretora médica da farmacêutica Sanofi Pasteur, Lucia Bricks, uma das hipóteses relaciona essa situação a fenômenos climáticos como o El Niño (que influencia movimentos migratórios das aves, traz mais chuvas e calor). Assim, doenças que ficavam concentradas em determinadas épocas do ano, especialmente nos meses inverno, passam a acontecer em qualquer período.

 

Veja também: Dr. Drauzio relembra os momentos em que a H1N1 atacou ao longo da história da humanidade

 

“A última vez que o vírus H1N1 circulou forte por aqui foi em 2013. Em 2014 e 2015 ele não foi o vilão, tanto é que não foi comentado nem exposto como está sendo agora. As vacinas do ano anterior até sobraram. Então, quando o vírus fica um pouco ausente e depois reaparece, ele infelizmente ‘faz a festa'”, explicou no Simpósio Internacional de Atualização em Influenza, que aconteceu no final de março em SP.

Para se ter uma ideia, estimava-se que em 2016 o pico da doença aconteceria na semana 28, em meados de julho. “Começou antes e chama atenção o número de mortes. Entretanto, eu não posso dizer qual é a cepa que vai dominar, nem qual a intensidade de ação dos vírus”, afirma a especialista.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) sempre atualiza em sua página como está a circulação dos vírus A e B em cada país. Já no final de 2015 começou a chamar atenção a reemergência do H1N1, a mesma cepa pandêmica de 2009. “A média global é 80% dos vírus tipo A e 20% do B, com suas diferentes linhagens. Mas claro, isso varia”, afirma Bricks. A partir desse sistema de vigilância e levando em conta a alta capacidade de mutação do vírus da gripe, a OMS também atualiza duas vezes por ano as recomendações sobre qual deve ser a composição das vacinas. Por isso, uma pessoa que se imunizou na campanha passada não necessariamente estará imune neste ano. As doses que vão proteger a população contra os vírus do inverno de 2016 serão A/California (H1N1), A/Hong Kong (H3N2) e B/Brisbane.

O Ministério da Saúde concordou em antecipar a distribuição das doses no Estado de São Paulo, onde o número de mortes chegou a 42 no final de março. A partir do dia  08/04/2016, serão vacinados os profissionais de saúde, e a partir de 11/04/2016, idosos, crianças entre seis meses e cinco anos e gestantes. Já os doentes crônicos, um dos públicos que mais necessitam ser vacinados, por conta das complicações que podem ocorrer com a gripe, serão vacinados a partir no dia 18.

Uma questão de extrema importância e que deve ser levada em consideração é em relação à vacinação de uma faixa etária um pouco mais ampla. Os chamados adultos jovens (entre 40 e 50 anos) com doenças crônicas vêm sendo os mais atingidos pela doença. Seja por falta de informação ou por qualquer outro motivo, indivíduos portadores de doenças como HIV, diabetes, lúpus, cardiopatias, obesidade mórbida e problemas pulmonares, acabam não sabendo que devem se vacinar e ficam expostos. “Não se deve esperar a confirmação do teste da gripe, que demora mais de seis dias, para entrar com os antivirais”, alerta a médica.

 

Prevenção da gripe H1N1

 

Antes mesmo de os sintomas aparecerem, os indivíduos contaminados já estão transmitindo os vírus. Tosse e espirro são formas eficazes de o vírus se propagar, pois nesses momentos partículas que contêm o vírus podem percorrer cinco metros de distância a uma velocidade de 150km por hora. Porém, a transmissão também pode se dar simplesmente ao falar perto de uma pessoa, de uma distância de até 2 metros. Atenção: máscaras comuns não barram as micropartículas.

Portanto, além da imunização (redes privadas estão cobrando cerca de R$170 a dose), é de extrema importância lavar frequentemente as mãos, utilizar lenços e colocar a mão na boca ao tossir e espirrar. Procure assistência médica ao perceber os primeiros sinais de febre alta, acima de 38ºC, 39ºC (tenha sempre um termômetro em casa), dor muscular, de cabeça, de garganta ou nas articulações.

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