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Infectologia

Por que é tão importante tomar a vacina da gripe?

A campanha de vacinação de 2022 já começou. Saiba quais são os grupos prioritários e porque é importante se imunizar, principalmente em um cenário de pandemia.
Publicado em 14/04/2022
Revisado em 26/04/2022

A campanha de vacinação de 2022 já começou. Saiba quais são os grupos prioritários e porque é importante se imunizar, principalmente em um cenário de pandemia.

 

A imunização contra a gripe já começou. Todos os anos, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina para os grupos prioritários, mas nem sempre a adesão atinge a meta esperada. Em 2021, 72% do público-alvo foi vacinado, quando o objetivo era 90%. Muitas pessoas enxergam a gripe como um simples resfriado – que causa sintomas muito semelhantes, de fato, mas tende a ser mais leve. Contudo, a doença pode evoluir de forma perigosa em pessoas mais vulneráveis, como os idosos e os bebês. 

Os principais sintomas são febre alta, dor de cabeça, dores no corpo, fraqueza e mal-estar. Na maioria dos casos, o quadro melhora dentro de poucos dias. Quando a doença se agrava, no entanto, pode causar complicações como pneumonia e, em casos extremos, levar à morte. Por isso, a vacinação é tão importante – previne óbitos, complicações e ajuda a não sobrecarregar os serviços de saúde, que tendem a ficar sobrecarregados nas estações mais frias.

Mas quem já se vacinou no passado precisa tomar a vacina novamente? Com certeza. “Os vírus podem sofrer mutações ao longo do ano e é necessário que sejam feitas vacinas atualizadas de acordo com essas mutações”, explica Karen Morejon, infectologista e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Ou seja, a vacina tomada no ano passado não protege contra as novas cepas. Além disso, a proteção fornecida pela vacina cai de maneira progressiva seis meses após a aplicação.

 

Grupos prioritários

A vacinação da gripe no SUS é focada em grupos prioritários, que são as pessoas mais vulneráveis à doença. “A influenza tende a ser mais grave em pacientes que têm algum grau de imunodepressão, sejam eles pacientes oncológicos, transplantados, HIV positivos e também idosos, crianças e gestantes. Todos esses têm algum grau de imunossupressão e acabam sendo mais suscetíveis a essa infecção”, explica a médica. 

 

A campanha de vacinação de 2022 já começou. Saiba quais são os grupos prioritários e porque é importante se imunizar, principalmente em um cenário de pandemia.

Veja o público-alvo da campanha de vacinação:

 

Primeira etapa – entre os dias 4/4 e 2/5/2022

  • Idosos com 60 anos ou mais;
  • Trabalhadores da saúde.

 

Segunda etapa (3/5 a 3/6/2022):

  • Crianças de 6 meses a menores de 5 anos de idade (4 anos, 11 meses e 29 dias);
  • Gestantes e puérperas (45 dias);
  • Povos indígenas;
  • Professores;
  • Pessoas com comorbidades;
  • Pessoas com deficiência permanente;
  • Caminhoneiros e trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso;
  • Trabalhadores portuários;
  • Membros das Forças de Segurança e Salvamento e Forças Armadas;
  • Funcionários do sistema prisional;
  • População privada de liberdade;
  • Jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas.

Veja também: Por que algumas vacinas precisam de reforço e outras não?

 

E quem não faz parte dos grupos prioritários?

Apesar do foco nas pessoas mais vulneráveis, a médica destaca que a vacina é recomendada para todas as pessoas acima dos 6 meses de idade. “Portanto, é indicado sim que seja feita a vacina em outras faixas etárias fora desses grupos prioritários. Para isso, esse paciente deve procurar alguma clínica de imunização.”

Nesse caso, a pessoa deve buscar a vacina em clínicas particulares e pagar pelo imunizante, se possível. Outra alternativa bastante comum são as campanhas de empresas que fornecem a vacina gratuitamente aos seus funcionários, ou reembolsam o valor da mesma. Ao final da campanha, também é possível tentar recorrer às doses excedentes no próprio SUS. 

 

Pandemia

O cenário da covid-19 no Brasil melhorou muito com o avanço da vacinação, mas a pandemia ainda não acabou. O infectologista Alexandre Cunha, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), reitera que a vacinação contra a gripe é fundamental em todos os anos, mas com o coronavírus também em circulação, o cuidado deve ser ainda maior, pois existe o risco de coinfecção, quando uma pessoa é infectada com o novo coronavírus e da influenza ao mesmo tempo, condição popularmente conhecida como “flurona”. 

“Apesar dos casos terem diminuído, a covid-19 ainda não foi erradicada, portanto, é importante se proteger das duas doenças. Além disso, a influenza em si pode ser uma doença bastante grave em pacientes mais idosos e leva à hospitalização, mesmo sem a concomitância com a covid”, explica o médico. 

A campanha de vacinação de 2022 já começou. Saiba quais são os grupos prioritários e porque é importante se imunizar, principalmente em um cenário de pandemia.

Outro ponto importante é a diferenciação de diagnósticos. “Essas doenças apresentam quadros clínicos semelhantes e estar vacinado contra a gripe pode levar a menos confusão diagnóstica quando algum paciente chegar à emergência com esses sintomas. Somado a isso, é importante que nós estejamos protegidos para que não adoeçamos de uma influenza, por exemplo, e que nosso organismo esteja um pouco fragilizado e, em seguida, possa ser infectado por um outro agente, como a covid-19”, complementa Karen. 

Vale lembrar que atualmente já é permitido tomar as duas vacinas no mesmo dia (antes, era necessário esperar um intervalo de duas semanas entre as doses). Desde março de 2022, o Ministério da Saúde recomenda a quarta dose da vacina contra a covid-19 para pessoas acima de 80 anos. O reforço deve ser feito quatro meses após a terceira dose

Veja também: Epidemias concomitantes | Artigo

Vacinas são seguras e eficazes

Nos últimos anos, principalmente com a chegada da pandemia e a divulgação de informações falsas sobre a eficácia das vacinas, algumas pessoas ficaram com receio de se vacinar, e essa desconfiança parece se estender para além da covid-19.

“As fake news e o movimento antivacina vão prejudicar uma série de outras vacinas, inclusive a de influenza, uma vacina que é muito segura e está há vários anos em utilização”, diz o médico. “A gente já vê países na África onde está acontecendo o retorno da poliomielite e isso pode acontecer no Brasil caso a gente se descuide. Outro exemplo é o sarampo, que também vemos casos aumentando justamente por causa dessa excitação vacinal divulgada pelos movimentos antivacina”, completa ele. 

A campanha de vacinação de 2022 já começou. Saiba quais são os grupos prioritários e porque é importante se imunizar, principalmente em um cenário de pandemia.

É importante ressaltar que as vacinas oferecidas no SUS são testadas e aprovadas pelos órgãos competentes. O custo-benefício de tomar a vacina é sempre melhor do que o de não tomar e ficar suscetível a adoecer de forma grave, e as reações – um dos fatores que costumam causar receio – normalmente duram pouco tempo.

“As reações da vacina da gripe geralmente são brandas: dor no local da aplicação, moleza, dor no corpo, febre baixa. Em geral não há qualquer sintoma importante”, ressalta o infectologista. Analgésicos simples podem ajudar no alívio dos sintomas, que costumam aparecer e desaparecer entre 24 e 48 horas após a aplicação. 

 

Como se proteger durante o frio?

Além da imunização, é muito importante manter medidas para prevenção da gripe, covid-19 e resfriados, que normalmente aumentam no outono e no inverno. Os principais cuidados são: higienizar as mãos com frequência utilizando água e sabão ou álcool gel, dar preferência para ambientes ventilados (lugares abertos ou com janelas abertas, por exemplo), cobrir a boca ao tossir ou espirrar e usar máscara de proteção.

“O uso de máscara é indicado para evitar infecções pela covid-19, mas nós sabemos que acaba protegendo de outras infecções respiratórias, como a influenza, porque é também uma doença de transmissão respiratória”, destaca Karen.

Não é mais obrigatório utilizar máscara para prevenção da covid-19 na maioria dos estados brasileiros (com algumas exceções, em geral, como transporte público e serviços de saúde). Vale lembrar que a transmissão é muito mais frequente em lugares fechados e com aglomeração de pessoas. Portanto, vale avaliar o risco de cada situação.

Conteúdo desenvolvido em parceria com a Sociedade Brasileira de Infectologia https://infectologia.org.br/

Veja também: Sobre a não obrigatoriedade de máscara | Coluna

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