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Infectologia

Orientações sobre a vacina da febre amarela

Médico desfocado ao fundo observando seringa em primeiro plano.
Publicado em 26/10/2017
Revisado em 11/08/2020

No fim de 2016 e em 2017 o Brasil sofreu surtos de febre amarela, e muitas dúvidas surgiram. As maiores foram em torno da vacina da febre amarela.

 

Diante dos novos casos de febre amarela silvestre encontrados em macacos de parques da zona norte da cidade de São Paulo, a doença voltou a ser notícia nos principais veículos de imprensa do país, suscitando muitas dúvidas acerca da vacinação.

A febre amarela é uma doença infecciosa, causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes, como os mosquitos). Há dois tipos da doença:

  • Febre amarela urbana: ocorre em regiões urbanas e é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. O último caso de febre amarela urbana registrado no Brasil ocorreu em 1942;
  • Febre amarela silvestre: aparece em regiões de matas e ambientes silvestres, sendo transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes. Desde 2016, o Brasil vive um surto de febre amarela silvestre.

Os sinais e sintomas, que são variáveis e podem ser leves, a ponto de ser confundidos com uma virose comum e evoluir espontaneamente, ou muito graves, levando inclusive à morte, são semelhantes nas duas formas da doença.

Toda pessoa que não tenha sido vacinada e resida ou viaje para as áreas com risco de transmissão da doença corre o risco de contrair a febre amarela.

 

Veja também: Dr. Drauzio conta sobre quando pegou febre amarela. Assista.

 

Vacinação

 

A forma mais eficaz de evitar a febre amarela é por meio da vacinação. De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a vacina é constituída de vírus atenuado, ou seja, um vírus enfraquecido para não causar doenças em pessoas saudáveis, mas que estimula o organismo a produzir a própria proteção contra o vírus. Essa resposta imunológica ocorre cerca de dez dias após a injeção. A vacina apresenta eficácia acima de 97,5% e a proteção persiste por mais de 40 anos. A aplicação é por via subcutânea.

 

Quem deve receber a vacina

 

A vacina é recomendada apenas para as pessoas que vivem ou viajam para as áreas endêmicas (áreas reconhecidas como de risco para a transmissão da doença), e está indicada a partir dos nove meses de idade. Porém, em condições de surto, poderá ser antecipada para os seis meses de idade. Segundo a SBI, deve ser administrada da seguinte forma:

  • Crianças: dose única aos nove meses e uma dose de reforço aos quatro anos;
  • Crianças menores de cinco anos de idade não vacinadas ou adultos não vacinados: uma dose, com uma dose de reforço em dez anos;
  • Maiores de cinco anos com uma dose realizada antes dos cinco anos de idade: uma dose de reforço.

Já o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam apenas uma dose da vacina, sem a necessidade de reforço, para quem mora ou viaja para as áreas endêmicas. A dose única deve ser administrada aos nove meses de idade ou posteriormente caso a imunização não seja feita nesta época.

 

Quem não pode receber a vacina (contraindicações)

 

Determinadas pessoas não podem tomar a vacina sem indicação médica, pois algumas situações clínicas aumentam o risco de complicações, alerta a SBI. São elas:

  • Pessoas com alergia a algum componente da vacina ou a ovos e derivados;
  • Indivíduos com doenças que levem a alterações no sistema de defesa congênitas (nascidas com a pessoa) ou adquiridas, incluindo os indivíduos submetidos a terapias como quimioterapia e os que recebem doses elevadas de corticoesteroides;
  • Pessoas com histórico de doença do timo (órgão linfático), incluindo miastenia gravis, timoma (câncer no timo) ou remoção prévia do timo;
  • Indivíduos assintomáticos infectados pelo HIV que estejam doentes ou apresentem defesas baixas (CD4 abaixo de 200 células/mm³);
  • Crianças menores de seis meses de idade.

 

Situações que exigem avaliação especial

 

Há situações que precisam de avaliação médica, pois o risco-benefício da vacina deve ser considerado, como:

  • Crianças entre seis meses e oito meses de idade;
  • Pessoas com mais de 60 anos;
  • Gestantes;
  • Mulheres amamentando crianças menores de seis meses de idade.

 

Reações que podem ocorrer após a vacinação

 

As reações à vacina são raras, mas quando ocorrerem, precisam ser avaliadas por um médico:

  • Reações muito comuns: dor de cabeça, reações no local da aplicação como dor, vermelhidão, hematomas, inchaço – podem ocorrer em até 2 dias depois da injeção;
  • Reações comuns: náusea, diarreia, vômito, dor muscular, febre e cansaço – podem ocorrer após o terceiro dia da vacina;
  • Reações incomuns (menos de 0,1% dos pacientes): problemas neurológicos, como infecção no sistema nervoso – ocorrem de 7 a 21 dias depois da aplicação da vacina;
  • Reações raríssimas (poucos casos descritos no mundo): dor abdominal e nas articulações, icterícia (amarelão), falta de ar, urina escura, sangramentos, perda da função renal – podem ocorrer em até 10 dias após a aplicação da primeira dose da vacina. (Fonte: SBI)

 

São Paulo

 

Desde que foi confirmada, na segunda quinzena de outubro, a morte de macacos pelo vírus da febre amarela no Horto Florestal e no Parque Anhanguera, ambos na zona norte da capital, o Estado e a Prefeitura de São Paulo já fecharam 15 parques da zona norte da cidade e expandiram para 37 o número de UBS (Unidade Básicas de Saúde) que disponibilizarão, até o fim de semana, a vacina contra a doença para quem vive na região.

No momento, somente moradores da zona norte da cidade que nunca foram vacinados devem tomar a vacina como medida preventiva, visto que São Paulo não registra até agora nenhum caso de contaminação urbana.

Veja a lista de unidades que participarão da ação de intensificação de vacinação para a febre amarela na zona norte da capital aqui.

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