Febre do Oropouche em 8 perguntas - Portal Drauzio Varella
Página Inicial
Infectologia

Febre do Oropouche em 8 perguntas

mão de adulto passando repelente em spray em braço de criança para prevenir a febre do Oropouche

Publicado em 01/08/2024
-
Revisado em 31/07/2024

Brasil registra as primeiras mortes por febre do Oropouche no mundo. Saiba mais sobre a doença na coluna de Mariana Varella.

 

O Ministério da Saúde confirmou, no fim de julho, duas mortes provocadas por febre do Oropouche no Brasil, ambas no estado da Bahia. Esses são os primeiros óbitos causados pela doença no mundo. O órgão apura, ainda, a morte de outra pessoa, em Santa Catarina.

Atualmente, autoridades sanitárias investigam casos  suspeitos de transmissão vertical, de mãe para filho, que evoluíram para óbito fetal e  malformação (microcefalia).

Veja também: Saiba o que é a febre do Oropouche

Este ano, o país registrou mais de 7.200 casos da doença em 20 estados, a maioria no Amazonas e em Rondônia. O número representa um aumento de mais de 700% em relação a 2023, que fechou com 832 casos.

Veja as principais dúvidas sobre a doença.

 

O que é a febre do Oropouche?

 

A febre do Oropouche é causada pelo Orthobunyavirus oropoucheense (OROV), um arbovírus como os vírus da dengue, chikungunya e zika.  É transmitido pela picada de mosquitos, especialmente o Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora.

Mais raramente, o mosquito Culex quinquefasciatus, popularmente chamado de pernilongo ou muriçoca, também pode transmitir o vírus.

 

Como ocorre a transmissão da febre do Oropouche?

 

Depois de picar um animal infectado, o mosquito permanece com o vírus por alguns dias. Posteriormente, ao picar uma pessoa saudável, ele pode transmitir o vírus para ela.

De acordo com o Ministério da Saúde, há dois ciclos de transmissão da doença:

  • Ciclo silvestre: os principais hospedeiros são o bicho-preguiça e os primatas não humanos. O vetor mais comum é o Culicoides paraenses.
  • Ciclo urbano: os seres humanos são os hospedeiros mais frequentes. O principal vetor é o Culicoides paraenses, mas o Culex quinquefasciatus pode transmitir a doença ocasionalmente.

 

Quando a doença foi identificada?

 

O vírus foi detectado pela primeira vez em 1955, perto do Rio Oropouche, em Trinidad, na região do Caribe. No Brasil, foi isolado  em 1960, na amostra de sangue de um bicho-preguiça capturado durante a construção da rodovia Belém-Brasília.

Desde então, o país registrou casos isolados e pequenos surtos da doença, especialmente nos estados da região Amazônica.

 

Quais os sintomas da febre do Oropouche?

 

Os sintomas da febre do Oropouche são parecidos com os da dengue e da chikungunya: dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia. 

Geralmente, os sintomas duram de cinco a sete dias. Contudo, após a recuperação, cerca de 60% dos pacientes com febre do Oropouche voltam a apresentar os sintomas da doença.

 

Quais as principais complicações da febre do Oropouche?

 

As principais complicações são encefalite (inflamação do cérebro) e meningite, uma inflamação das membranas que recobrem o sistema nervoso central.

Casos de transmissão vertical – de mãe para filho – com óbito fetal, abortamento espontâneo e microcefalia estão sendo investigados, de acordo com boletim emitido pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

A morte não era um desfecho observado até o registro dos dois primeiros óbitos no Brasil, neste ano.

Como é feito o diagnóstico da doença?

 

O diagnóstico é clínico, epidemiológico e por meio de exames laboratoriais.

Existe tratamento específico ou vacina para a doença?

 

Não existe tratamento específico para a febre do Oropouche. Os pacientes devem permanecer em repouso, com tratamento sintomático e acompanhamento médico.

Da mesma forma, não há vacina contra a doença.

 

Como prevenir a febre do Oropouche?

 

  • Evite áreas onde há muitos mosquitos, se possível;
  • Use roupas que cubram a maior parte do corpo e aplique repelente nas áreas expostas da pele;
  • Mantenha a casa limpa, removendo possíveis criadouros de mosquitos, como água parada e folhas acumuladas;
  • Proteja sua residência com telas de malhas finas nas portas e janelas. Isso também evita a transmissão de outras arboviroses;
  • Por fim, se houver casos confirmados na sua região, siga as orientações das autoridades de saúde locais para reduzir o risco de transmissão, como medidas específicas de controle de mosquitos.

 

Fontes:

Ministério da Saúde

Organização Pan-Americana de Saúde (Opas)

Compartilhe