Alerta mundial: Mpox volta a preocupar e exige atenção - Portal Drauzio Varella
Página Inicial
Infectologia

Alerta mundial: Mpox volta a preocupar e exige atenção

homem mostra lesões de mpox nas mãos e peito

Publicado em 15/08/2024
-
Revisado em 06/09/2024

Saiba quais são os sintomas e qual é o cenário da mpox no Brasil e por que a OMS decretou a doença emergência de saúde pública de importância internacional.

 

A mpox voltou a ser classificada como uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), segundo anúncio oficial da Organização Mundial da Saúde (OMS) desta quarta-feira (14), após um aumento expressivo de casos em algumas regiões do mundo.

A organização declarou, inicialmente, o nível mais alto de alerta em julho de 2022 para o surto da “varíola dos macacos”, como a doença era conhecida na época. De 1 de janeiro de 2022 a 30 de janeiro de 2023, houve 85.449 casos de mpox confirmados laboratorialmente e 89 mortes notificadas à OMS em 110 países/territórios/áreas das  seis regiões que compõem a OMS. Em maio de 2023, a OMS decidiu reduzir o status de emergência devido à diminuição global dos casos, semelhante ao que aconteceu com a covid-19.

Veja também: OMS decreta mpox emergência de importância internacional

 

Emergência de Saúde Pública

No entanto, agora há uma preocupação crescente com a rápida disseminação de uma nova variante da mpox, especialmente no continente africano. A República Democrática do Congo (RDC) é o país mais afetado, com mais de 15 mil casos e de 500 mortes registradas somente este ano, segundo a OMS.

A organização recomenda duas vacinas contra a doença, porém nenhuma delas está sendo amplamente utilizada no Brasil. Atualmente, o Ministério da Saúde avalia que o risco para o Brasil é baixo. Em 2024, o Brasil registrou 709 casos confirmados ou prováveis de Mpox, um número consideravelmente menor em relação aos mais de 10 mil casos reportados em 2022, durante o auge da doença. Entre 2022 e o presente, foram contabilizadas dezesseis mortes, sendo a mais recente em abril de 2023.

A rápida disseminação do vírus e o surgimento de novas variantes tornam a mpox uma ameaça constante, exigindo, assim, medidas de prevenção e controle ainda mais rigorosas. No momento, é a variante conhecida como mpox clade ib (1B) que causa preocupação.

Para esclarecer a situação, entrevistamos o dr. Paulo Abrão, vice-presidente da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), que nos explicou os detalhes sobre a nova ameaça global.

 

O que é a mpox?

A mpox é uma doença infecciosa transmitida principalmente por contato pessoa a pessoa, causada por um vírus da família do vírus da varíola, que já foi erradicado. “A doença pode causar lesões na pele, mucosas e até em órgãos internos, variando em gravidade e podendo ser fatal”, explica o dr. Abrão.

 

Qual é a atual situação da mpox?

“A OMS declarou estado de emergência de saúde de importância internacional, o nível mais alto de alerta, para a mpox. Houve um aumento muito significativo de casos, especialmente com uma nova variante na República Democrática do Congo e em outros países da África. O espalhamento para outras regiões do mundo é uma possibilidade real”, explica o dr. Paulo Abrão.

 

Esse surto de mpox pode ser considerado uma pandemia?

Embora preocupante, o surto ainda não é classificado como pandemia, pois está limitado a uma região específica do globo, na região da República Democrática do Congo (RDC) e arredores. No entanto, dr. Abrão alerta para a possibilidade de um espalhamento mais amplo: “Em 2022, vimos a doença se espalhar globalmente, algo que pode acontecer novamente.”

 

Este surto é sem precedentes?

O dr. Abrão esclarece que, embora preocupante, este não é um surto sem precedentes. “Em 2022, houve um espalhamento global da doença. O que estamos vendo agora é um novo aumento de casos que precisa ser monitorado de perto.”

 

Por que este surto diferente do anterior?

“O que diferencia este surto é a presença de uma nova variante do vírus”, afirma o dr. Abrão. “Ainda precisamos avaliar qual será o impacto dessa variante em termos de gravidade e espalhamento dos casos.”

 

Qual é o risco da mpox para o Brasil?

O risco para o Brasil é significativo, contudo, devido à rápida mobilidade das pessoas ao redor do mundo. “A facilidade com que as pessoas viajam entre países aumenta o risco de importação e disseminação do vírus em novas regiões”, adverte o especialista.

 

Qual é a situação atual da vacinação contra a mpox?

Atualmente, a vacinação contra a Mpox está em fase de planejamento e distribuição, com esforços focados em conter o avanço da doença nas áreas mais afetadas.

 

Quais são os sintomas da mpox?

Os principais sintomas incluem lesões na pele, geralmente na forma de pústulas, que afetam sobretudo as áreas genitais e perianais no caso de transmissão sexual, mas que podem, porém, aparecer em qualquer parte do corpo.

 

Como ocorre a transmissão da mpox e qual é o tratamento recomendado?

A transmissão ocorre principalmente por contato direto com as lesões ou através de contato sexual. “O tratamento recomendado inclui isolamento e cuidados médicos específicos para controlar os sintomas e evitar a disseminação do vírus”, explica o dr. Abrão. 

Já a nova variante, conhecida como Mpox clade Ib (1B), é uma ramificação do vírus clade I, que causou surtos esporádicos ao longo de décadas. Ela parece se espalhar com mais facilidade entre pessoas através do contato próximo rotineiro, especialmente entre crianças.

 

Por que o nome da varíola dos macacos foi mudado para mpox?

“A mudança de nome visa evitar a estigmatização dos primatas não humanos, uma vez que algumas pessoas poderiam erroneamente acreditar que a eliminação desses animais seria uma forma de controlar a doença, o que não é verdade”, finaliza o dr. Abrão.

        Ouça: Lesões da mpox – Por Que Dói? #35

 

Sobre a autora: Tarima Nistal é jornalista e especialista em comunicação digital e marketing. Interessa-se por questões relacionadas à saúde das mulheres, alimentação saudável e meio ambiente.

 

Compartilhe